Otto Dix
Pintor expressionista alemão, Wilhelm Heinrich Otto Dix nasceu a 2 de dezembro de 1891, em Untermhaus, próximo de Gera, na Turíngia, na Alemanha.
Filho de uma família proletária, começou a aprender a pintar, entre 1905 e 1909, em Gera, produzindo, nessa altura, os seus primeiros desenhos a giz e quadros a óleo e a pastel. Entre 1909 e 1914, foi para Dresden, onde frequentou a Escola de Artes e Ofícios. Aí teve como mestre Richard Guhr, Paul Naumann e Richard Mebert. Durante esse período, fez vários auto-retratos, começou a receber influências do futurismo e, em 1913, realizou viagens de estudo à Áustria e à Itália.
Com o desencadear da Primeira Guerra Mundial, ofereceu-se como voluntário no pelotão de artilharia de campanha de Dresden. A partir de 1915, foi metralhador voluntário e chefe de campanha nas frentes da Flandres, da Polónia, da Rússia e da França. Sem nunca deixar a sua atividade como pintor, expôs pela primeira vez na Galeria Arnold, em Dresden. As imagens de horror daquela guerra foram transmitidas através do ciclo de obras intitulado "A Guerra", constituído por desenhos, guaches e por 50 gravuras a água-forte. Com um carácter bastante abstrato, uma forte intensidade plástica e um tom de crítica social, Dix tentou exprimir a sua visão da guerra, da morte e da destruição. Disso são exemplo obras, como Aldeia Destruída pela Metralhadora (1915), Balas Traçantes (1917), A Trincheira (cerca de 1918), Os Inválidos da Guerra (1920) A Barricada (1922), Flandres (1936) e uma das suas obras-primas, o tríptico A Guerra (1924).
Entre 1919 e 1922, regressou a Dresden, onde foi aluno de Max Feldbauer e Otto Gussmann, na Academia de Belas-Artes. Em 1919, juntamente com Konrad Felix Müller, fundou o grupo Dresdner Sezession, com o lema "Verdade, Fraternidade e Arte". A partir de 1922, foi para Düsseldorf estudar na academia daquela cidade, tendo como professores Heinrich Nauen e Wilhelm Herberholz. Dix pertenceu ao grupo Junges Rheinland (A Jovem Renânia) e ao círculo da restauradora e galerista Johanna Ey.
Nos primeiros anos da sua carreira, a pintura de Otto Dix, que se fortaleceu com a filosofia de Nietzsche, apresentava uma aglomeração de estilos e de várias influências do impressionismo e do expressionismo. Realizou experiências futuristas, cubistas e dadaístas, mas afirmou-se, em 1923, como líder da Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit), estilo que vinha aprofundando desde 1912, de acordo com o trabalho de outros artistas, como Lucas Cranach, Hans Baldung Grien, Albrecht Dürer e Jan Van Eyck.
Em 1924, realizou viagens a Itália e a Paris e, entre 1925 e 1927, viveu em Berlim, onde aperfeiçoou a sua técnica e impulsionou a arte do retrato. Participou em várias exposições europeias e americanas e, em 1931, tornou-se membro efetivo da Academia Prussiana de Arte, em Berlim. Entre 1927 e 1933, foi professor titular na Academia de Belas-Artes de Dresden, cargo do qual foi demitido, quando Hitler tomou o poder.
Em 1934, os Nazis proíbem-no de pintar e de expor, pois Dix fazia parte de grupo de artistas que a política nazi considerava "degenerados". As exposições que refletiam esse tipo de "Arte Degenerada", como "Reflexos da Decomposição" (em Dresden) e "Espírito de novembro [relativo à Revolução de novembro de 1918], a Arte ao Serviço da Subversão", contribuíram para que o pintor fosse integrado nesse grupo de artistas. Outra das razões oficiais foi o facto de Dix ter abordado assuntos tabus nas suas pinturas, o que, no entender dos nazis, prejudicava gravemente o sentimento moral do povo alemão. Esses assuntos, sobretudo os da morte, da sexualidade, do sadomasoquismo, da velhice e da criminalidade, retratavam, de forma grotesca e chocante, os marginais, os excluídos da sociedade, as casas de prostituição, os circos e as feiras, tal como se verifica em Recordação das Galerias dos Espelhos em Bruxelas (1920), Crime Sádico (1922), Noite Tropical (1922), Velhos Amantes (1923), Três Mulheres (1926), entre muitos outros trabalhos. Em resultado da difamação e da repressão das suas obras, o artista produziu um quadro alegórico, Os Sete Pecados Mortais (1933), em que Hitler é representado como encarnação de uma maldosa figura pueril que simboliza a inveja. Em 1937, 260 dos seus trabalhos de "arte degenerada" foram confiscados e depois vendidos ou queimados. Durante os anos 30 e 40, devido às circunstâncias políticas, a obra de Otto Dix foi, por isso, testemunha da uma crise pessoal e evolutiva do trabalho. Dado que a política cultural nazi valorizava quadros que retratassem as paisagens alemãs, a obra de Dix passou então a centrar-se na reprodução desse tipo de paisagens, como são o caso das vastas extensões de terreno, representadas em diferentes climas e épocas do ano.
Em 1939, foi preso pela Gestapo, por pouco tempo, devido a uma eventual cumplicidade no atentado contra Hitler, em Munique. Em fevereiro de 1945, envolvido na Volkssturm, a milícia popular criada, em 1944, por Himmler com o objetivo de fortalecer o exército no território alemão, foi prisioneiro de guerra dos franceses, em Colmar.
Depois da Guerra Mundial, realizou várias exposições e viagens de estudo e integrou várias instituições culturais - tornando-se membro efetivo da Academia de Artes de Berlim Ocidental (1954), membro correspondente da Academia Alemã de Arte de Berlim Oriental (1956), membro honorário da Escola Superior de Artes Plásticas de Dresden (1957) -, foi presidente da Associação de Artistas de Baden-Württemberg (1963-1967), membro honorário da Accademia delle Arti del Disegno em Florença (1964), membro honorário da Academia Médica Carl Gustav Carus em Dresden (1964), membro honorário da Associação de Artistas Plásticos da República Democrática Alemã (1966), membro honorário da cidade de Gera e da cidade de Singen (1966), membro honorário da Associação de Arte de Constança (1967) e membro honorário da Academia Estatal de Artes Plásticas de Karlsruhe (1968).
Recebeu também várias condecorações e prémios, como a Grão-Cruz do Mérito Federal (1959), o Prémio Cornelius da cidade de Düsseldorf (1959), a Medalha Carl von Ossietzky (1964), o Prémio Lichtwark da Cidade de Hamburgo (1966), o Prémio Martin Andersen Nexö da cidade de Dresden (1966), o Prémio Hans Thoma do Estado de Baden-Württemberg (1967), o Prémio Lindner do Grupo RBK da cidade de Wuppertal (1967), a Medalha de Ouro do Monte dei Paschi di Siena (1967) e o Prémio Rembrandt da Sociedade Johann Wolfgang von Goethe de Salzburgo (1968).
Em 1967, sofreu de um ataque cardíaco que lhe paralisou a mão esquerda, o que não impediu que continuasse a pintar. Em julho de 1969, sofreu de um segundo ataque cardíaco do qual não se recompôs.
Otto Dix faleceu a 25 de julho de 1969, no hospital de Singen am Hohentwiel, no distrito de Constança, na Alemanha.
Filho de uma família proletária, começou a aprender a pintar, entre 1905 e 1909, em Gera, produzindo, nessa altura, os seus primeiros desenhos a giz e quadros a óleo e a pastel. Entre 1909 e 1914, foi para Dresden, onde frequentou a Escola de Artes e Ofícios. Aí teve como mestre Richard Guhr, Paul Naumann e Richard Mebert. Durante esse período, fez vários auto-retratos, começou a receber influências do futurismo e, em 1913, realizou viagens de estudo à Áustria e à Itália.
Com o desencadear da Primeira Guerra Mundial, ofereceu-se como voluntário no pelotão de artilharia de campanha de Dresden. A partir de 1915, foi metralhador voluntário e chefe de campanha nas frentes da Flandres, da Polónia, da Rússia e da França. Sem nunca deixar a sua atividade como pintor, expôs pela primeira vez na Galeria Arnold, em Dresden. As imagens de horror daquela guerra foram transmitidas através do ciclo de obras intitulado "A Guerra", constituído por desenhos, guaches e por 50 gravuras a água-forte. Com um carácter bastante abstrato, uma forte intensidade plástica e um tom de crítica social, Dix tentou exprimir a sua visão da guerra, da morte e da destruição. Disso são exemplo obras, como Aldeia Destruída pela Metralhadora (1915), Balas Traçantes (1917), A Trincheira (cerca de 1918), Os Inválidos da Guerra (1920) A Barricada (1922), Flandres (1936) e uma das suas obras-primas, o tríptico A Guerra (1924).
Entre 1919 e 1922, regressou a Dresden, onde foi aluno de Max Feldbauer e Otto Gussmann, na Academia de Belas-Artes. Em 1919, juntamente com Konrad Felix Müller, fundou o grupo Dresdner Sezession, com o lema "Verdade, Fraternidade e Arte". A partir de 1922, foi para Düsseldorf estudar na academia daquela cidade, tendo como professores Heinrich Nauen e Wilhelm Herberholz. Dix pertenceu ao grupo Junges Rheinland (A Jovem Renânia) e ao círculo da restauradora e galerista Johanna Ey.
Nos primeiros anos da sua carreira, a pintura de Otto Dix, que se fortaleceu com a filosofia de Nietzsche, apresentava uma aglomeração de estilos e de várias influências do impressionismo e do expressionismo. Realizou experiências futuristas, cubistas e dadaístas, mas afirmou-se, em 1923, como líder da Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit), estilo que vinha aprofundando desde 1912, de acordo com o trabalho de outros artistas, como Lucas Cranach, Hans Baldung Grien, Albrecht Dürer e Jan Van Eyck.
Em 1924, realizou viagens a Itália e a Paris e, entre 1925 e 1927, viveu em Berlim, onde aperfeiçoou a sua técnica e impulsionou a arte do retrato. Participou em várias exposições europeias e americanas e, em 1931, tornou-se membro efetivo da Academia Prussiana de Arte, em Berlim. Entre 1927 e 1933, foi professor titular na Academia de Belas-Artes de Dresden, cargo do qual foi demitido, quando Hitler tomou o poder.
Em 1934, os Nazis proíbem-no de pintar e de expor, pois Dix fazia parte de grupo de artistas que a política nazi considerava "degenerados". As exposições que refletiam esse tipo de "Arte Degenerada", como "Reflexos da Decomposição" (em Dresden) e "Espírito de novembro [relativo à Revolução de novembro de 1918], a Arte ao Serviço da Subversão", contribuíram para que o pintor fosse integrado nesse grupo de artistas. Outra das razões oficiais foi o facto de Dix ter abordado assuntos tabus nas suas pinturas, o que, no entender dos nazis, prejudicava gravemente o sentimento moral do povo alemão. Esses assuntos, sobretudo os da morte, da sexualidade, do sadomasoquismo, da velhice e da criminalidade, retratavam, de forma grotesca e chocante, os marginais, os excluídos da sociedade, as casas de prostituição, os circos e as feiras, tal como se verifica em Recordação das Galerias dos Espelhos em Bruxelas (1920), Crime Sádico (1922), Noite Tropical (1922), Velhos Amantes (1923), Três Mulheres (1926), entre muitos outros trabalhos. Em resultado da difamação e da repressão das suas obras, o artista produziu um quadro alegórico, Os Sete Pecados Mortais (1933), em que Hitler é representado como encarnação de uma maldosa figura pueril que simboliza a inveja. Em 1937, 260 dos seus trabalhos de "arte degenerada" foram confiscados e depois vendidos ou queimados. Durante os anos 30 e 40, devido às circunstâncias políticas, a obra de Otto Dix foi, por isso, testemunha da uma crise pessoal e evolutiva do trabalho. Dado que a política cultural nazi valorizava quadros que retratassem as paisagens alemãs, a obra de Dix passou então a centrar-se na reprodução desse tipo de paisagens, como são o caso das vastas extensões de terreno, representadas em diferentes climas e épocas do ano.
Em 1939, foi preso pela Gestapo, por pouco tempo, devido a uma eventual cumplicidade no atentado contra Hitler, em Munique. Em fevereiro de 1945, envolvido na Volkssturm, a milícia popular criada, em 1944, por Himmler com o objetivo de fortalecer o exército no território alemão, foi prisioneiro de guerra dos franceses, em Colmar.
Depois da Guerra Mundial, realizou várias exposições e viagens de estudo e integrou várias instituições culturais - tornando-se membro efetivo da Academia de Artes de Berlim Ocidental (1954), membro correspondente da Academia Alemã de Arte de Berlim Oriental (1956), membro honorário da Escola Superior de Artes Plásticas de Dresden (1957) -, foi presidente da Associação de Artistas de Baden-Württemberg (1963-1967), membro honorário da Accademia delle Arti del Disegno em Florença (1964), membro honorário da Academia Médica Carl Gustav Carus em Dresden (1964), membro honorário da Associação de Artistas Plásticos da República Democrática Alemã (1966), membro honorário da cidade de Gera e da cidade de Singen (1966), membro honorário da Associação de Arte de Constança (1967) e membro honorário da Academia Estatal de Artes Plásticas de Karlsruhe (1968).
Recebeu também várias condecorações e prémios, como a Grão-Cruz do Mérito Federal (1959), o Prémio Cornelius da cidade de Düsseldorf (1959), a Medalha Carl von Ossietzky (1964), o Prémio Lichtwark da Cidade de Hamburgo (1966), o Prémio Martin Andersen Nexö da cidade de Dresden (1966), o Prémio Hans Thoma do Estado de Baden-Württemberg (1967), o Prémio Lindner do Grupo RBK da cidade de Wuppertal (1967), a Medalha de Ouro do Monte dei Paschi di Siena (1967) e o Prémio Rembrandt da Sociedade Johann Wolfgang von Goethe de Salzburgo (1968).
Em 1967, sofreu de um ataque cardíaco que lhe paralisou a mão esquerda, o que não impediu que continuasse a pintar. Em julho de 1969, sofreu de um segundo ataque cardíaco do qual não se recompôs.
Otto Dix faleceu a 25 de julho de 1969, no hospital de Singen am Hohentwiel, no distrito de Constança, na Alemanha.
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Como referenciar
Porto Editora – Otto Dix na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-22 17:53:13]. Disponível em
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