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Paço Ducal de Vila Viçosa
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Antecedido pela moderna estátua equestre de D. João IV, escultura realizada por Francisco Franco, o Paço Ducal de Vila Viçosa ergue-se no topo de um amplo terreiro nesta vila alentejana. O Palácio pertence à fundação da Casa de Bragança e foi um empreendimento começado por D. Jaime no século XVI, de acordo com os cânones do gótico final. Dessa primitiva fundação restam alguns elementos arquitetónicos, materializados no claustro do paço e em alguns compartimentos do rés do chão, com algumas coberturas abobadadas e portas de inspiração mudejar. Posteriormente, nos séculos XVII e XVIII, o Palácio dos Duques de Bragança foi remodelado e aumentado, sobretudo ao nível da fachada principal e da decoração das diversas dependências palacianas.

Iniciada pelo duque D. Teodósio II (1568-1630), a sua frontaria é severa e marcada por elegantes linhas maneiristas, repartida por três pisos rasgados por portas, janelas e varandas, estruturando-se com pilastras distribuídas segundo os preceitos das ordens clássicas - dórico no piso inferior, jónico no intermédio e coríntio no último -, harmonia quebrada no reinado de D. Maria I quando lhe foi acrescentado um corpo compósito na parte axial da cobertura do palácio.

A fachada principal do Palácio dos Duques de Bragança
A entrada do atual museu da Fundação da Casa de Bragança conduz a uma imponente escadaria, cujas paredes apresentam frescos do século XVI, alusivos à tomada de Azamor em 1513, por D. Jaime de Bragança. Do acervo de artes decorativas deste imenso palácio, destacam-se algumas secções que decoram as diversas dependências - a tapeçaria de produção belga ou holandesa; variadíssimas peças de mobiliário provenientes de diversos países; cerâmica oriental e europeia; ourivesaria sacra, com relevo para a Cruz-Relicário do Santo Lenho, em ouro, com aplicações de esmaltes e de 6200 pedras preciosas, obra seiscentista encomendada por D. João IV ao atelier de Filipe Valejo, ou ainda a pintura, com a vastíssima coleção que vai desde o século XVI até ao século XX, incluindo alguns dos mais famosos pintores nacionais e ainda pinturas do rei D. Carlos.

A Sala dos Tudescos ou dos Duques abre a ala norte e revela-se um magnífico compartimento do palácio, ostentando um teto barroco de caixotões dourados, contendo as pinturas de todos os duques de Bragança, desde o século XIV até D. José, algumas das quais foram pintadas pelo artista francês Pierre Antoine Quillard e outras pelo pintor saboiano Domenico Duprà. A parede central tem um fogão em mármore, enquanto os outros panos expõem diversas tapeçarias setecentistas. Predomina a pintura de frescos e de painéis de cobertura nas Salas das Virtudes e de Hércules, com as suas pinturas mitológicas, ou ainda na Sala das Duquesas.

No lado oposto, virado a sul, apresentam-se a Sala da Rainha, que se estende para a Sala de David, decorada com cenas históricas pintadas, bem como um soberbo silhar de azulejos dos inícios de Seiscentos, produzidos por Talavera de La Reina e concebidos por Fernado de Loyaza. O oratório privado de D. Catarina expõe um soberbo pano do século XVI, trabalho flamengo que representa o Descimento da Cruz. Seguem-se-lhe outras dependências, terminadas no flanco sul pelas Salas do Príncipe do Brasil e de D. Maria.

Orientada para o jardim do palácio situa-se a ala evocadora da memória de D. Carlos e de D. Amélia. Nesta ala transversal encontra-se a capela real, decorada por finos e coloridos estuques dos séculos XVIII e XIX, começados no reinado de D. João V e terminados por D. João VI. Neste espaço são visíveis pinturas italianas de Maratta ou Rosselini, ou ainda do francês Quillard. Expõe-se também o tríptico quinhentista do Calvário, que veio do Convento das Chagas de Cristo e que atualmente se encontra na Sala da Tribuna, e ainda uma tela de S. João Batista, pintada em 1793 por Domingos António de Sequeira.

Das dependências deste vasto palácio, destaca-se ainda a excelente e enorme coleção de armaria, exposta nos antigos compartimentos quinhentistas de D. Jaime; a cozinha do palácio com a sua imensa parafernália de utensílios em cobre, de todos os tamanhos e feitios; a cocheira real, com os seus admiráveis coches, berlindas ou liteiras; finalmente, a biblioteca, com os seus mais de 50 mil volumes, alguns dos quais verdadeiras raridades adquiridas por D. Manuel II.

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Como referenciar
Paço Ducal de Vila Viçosa na Infopédia [em linha]. Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/artigos/$paco-ducal-de-vila-vicosa [visualizado em 2025-07-20 14:37:10].

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