Palácio e Quinta do Correio-Mor
O Palácio do Correio-Mor - muito ligado à família de Luis Gomes da Matta, detentora do cargo de correio-mor desde o tempo de Filipe II e por mais de duzentos anos - é um notável exemplo das casas portuguesas do século XVIII que se desenvolvem numa planta em U. Apesar da sua imponência, mostra uma expressiva sobriedade arquitetónica. Com o terramoto de 1755 desapareceram todos os arquivos do correio-mor, não sendo por isso possível identificar a autoria deste projeto.
O edifício está situado em Loures e apresenta-se de forma pouco usual, com a a introdução de um piso intermédio por cima do rés do chão. Na fachada, animada com elementos de branca cantaria, sobressai o corpo central com um grande frontão - que alberga uma imagem de Nossa Senhora da Oliveira -, coroado de fogaréus e ornado com folhas em palma, elemento tipíco a partir do terceiro quartel do século XVIII. Tal como era costume nesta Época Iluminista, o interior foi tratado com muito cuidado. No piso inferior localizavam-se as arrecadações, cavalariças e uma cozinha magnífica pelo seu revestimento de azulejos de figuras avulsas, onde surgem, como que penduradas, peças de caça, peixes e enchidos. O andar nobre, devido ao piso intermédio e ao declive do terreno, dá acesso direto para o jardim, através de uma escadaria que tem, no primeiro patamar, uma fonte da boa samaritana com taça em mármore, brotando água de uma ninfa. Aqui também é visível um medalhão, sustentado por um menino alado, possivelmente representando o 9.o correio-mor, Luis Vitório da Matta Sousa Coutinho, pai do fundador deste Palácio.
Ao percorrermos as várias dependências, deparamo-nos com um esquema decorativo majestoso, onde se relacionam os azulejos dos silhares, as pinturas e os estuques do teto na mais perfeita harmonia. A maioria dos azulejos monocromáticos pertencem à oficina de Bartolomeu Antunes, trabalho cerâmico do período de grande produção deste atelier. Os azulejos mais antigos encontram-se na capela - sagrada em 1744 e dedicada aos Reis Magos -, onde podemos apreciar a pitoresca cena do Capelão e o Anão. De realce são também os silhares da Sala Central e da Caça, com azulejos historiados retratando cenas camprestes, tendo a sala central diversos panoramas das etapas da vida de um homem e de um barco. Na sala da Fama podemos apreciar representações de Lisboa, anteriores ao terramoto de 1755. Nesta profusa decoração de azulejos, consideram-se os melhores aqueles que revestem os silhares policromos das Salas dos Troféus e da Música. Aqui, é extraordinário o movimento criado pelos concheados e elementos fitomórficos, livremente conjugados com grinaldas de festões, vasos e ramos de flores, com dragões, quimeras e aves do paraíso. Segundo José Meco, podemos datar estes azulejos de 1755. Os estuques, ligados às grandes decorações dos finais do século XVIII, têm neste palácio grande interesse cenográfico. Nos tetos das salas das Quatro Estações, dos Troféus, da Música e da Fama, podemos apreciar a conjugação de molduras recurvas preenchidas por motivos vegetalistas, enquadrando cartelas sobrepujadas por anjos, tendo ao centro medalhões sob fundos suaves, incluindo-se aí movimentadas representações aladas de episódios mitológicos. Na Sala da Fama são ainda mais realçados os medalhões pintados, simbolizando os quatro continentes, obra atribuível a Bruno José do Vale ou Simão Batista. No teto da sala da Caça, os tetos são preenchidos por pinturas molduradas em talha dourada, possivelmente da autoria de José da Costa Negreiros, evocando as Metamorfoses de Ovídio. Embora não se encontre qualquer tipo de mobiliário que tenha sido pertença dos correios-mores, existem três testemunhos que facilmente nos dão a ideia de como teria sido faustosamente mobilado este palácio. Esses testemunhos são as prateiras de grandes dimensões, construídas em diversos degraus trapezoidais.
Em 1797, a Coroa Portuguesa conseguiu transferir para si o cargo de correio-mor. Pouco tempo depois, começou a decadência do Palácio. Este foi adquirido em 1966 por Miguel Quina, que restaurou o edifício e criou a Casa Agrícola da Quinta da Matta.
O edifício está situado em Loures e apresenta-se de forma pouco usual, com a a introdução de um piso intermédio por cima do rés do chão. Na fachada, animada com elementos de branca cantaria, sobressai o corpo central com um grande frontão - que alberga uma imagem de Nossa Senhora da Oliveira -, coroado de fogaréus e ornado com folhas em palma, elemento tipíco a partir do terceiro quartel do século XVIII. Tal como era costume nesta Época Iluminista, o interior foi tratado com muito cuidado. No piso inferior localizavam-se as arrecadações, cavalariças e uma cozinha magnífica pelo seu revestimento de azulejos de figuras avulsas, onde surgem, como que penduradas, peças de caça, peixes e enchidos. O andar nobre, devido ao piso intermédio e ao declive do terreno, dá acesso direto para o jardim, através de uma escadaria que tem, no primeiro patamar, uma fonte da boa samaritana com taça em mármore, brotando água de uma ninfa. Aqui também é visível um medalhão, sustentado por um menino alado, possivelmente representando o 9.o correio-mor, Luis Vitório da Matta Sousa Coutinho, pai do fundador deste Palácio.
Em 1797, a Coroa Portuguesa conseguiu transferir para si o cargo de correio-mor. Pouco tempo depois, começou a decadência do Palácio. Este foi adquirido em 1966 por Miguel Quina, que restaurou o edifício e criou a Casa Agrícola da Quinta da Matta.
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Como referenciar
Porto Editora – Palácio e Quinta do Correio-Mor na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-22 08:31:57]. Disponível em
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