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Parque Natural da Serra da Estrela
O Parque Natural da Serra da Estrela foi criado a 16 de julho de 1976, segundo o Decreto-Lei n.º 557/76, ocupando uma área de 100 000 hectares, que integra parte dos concelhos da Covilhã, Celorico da Beira, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia. Ponto culminante do território português, faz parte da grande cordilheira central peninsular e eleva-se aos 1991 metros. Essencialmente granítico, ocupa um planalto com vestígios de ação glaciar, onde o pastoreio e o fabrico de queijo são dominantes.
O Parque Natural da Serra da Estrela foi o primeiro parque natural português e é hoje uma garantia de sucesso na defesa dos patrimónios natural e cultural do coração da Beira.
Sujeita a elevadas precipitações anuais, que são, com frequência, de neve durante os meses de inverno, dela nascem cursos de água importantes como o rio Mondego, maior rio inteiramente português, o rio Zêzere, afluente do Tejo, e o rio Alva, afluente do Mondego, além de outros de menor importância mas de corrente permanente, que são afluentes quer do Mondego quer do Tejo.
A série de montanhas que forma a serra da Estrela eleva-se aos 1991 metros na Torre e tem várias elevações notáveis como a Santinha (1593 m), Terroeiro (1783 m) e Taloeiro (1511 m).
Na Estrela encontram-se predominantemente os granitos que formam afloramentos por vezes vigorosos como nos Cântaros, onde nasce o rio Zêzere; mas também possui uma ampla vastidão de rochas xistosas.
Sujeita a vários movimentos tectónicos de elevação, dos quais os últimos se sucederam no final do Terciário e já no Quaternário, a Estrela esteve ainda coberta por glaciares, que deixaram as suas marcas em algumas paisagens, como os vales glaciares de Manteigas e de Loriga. É possível encontrar blocos erráticos (blocos transportados pelos glaciares e que ficaram a descoberto após a sua fusão) que se distribuem anarquicamente por várias encostas. Moreias e depósitos glaciares encontram-se em Loriga e Sabugueiro.
Quanto à flora do parque, da floresta que cobria estas montanhas já pouco resta, pois a ocupação intensa por grupos humanos levou à transformação das florestas em zonas de pastagens. Daí que a cobertura vegetal natural da Estrela tenha sido destruída desde tempos remotos, restando apenas alguns núcleos de matagal em zonas de mais difícil acesso. Pode-se, no entanto, encontrar espécies que têm aqui representação com interesse científico como a Campanula herminii, verdadeiro símbolo da Estrela, a Saxifraga spathularis, a Genista florida, e várias outras giestas.
Entre os 600 e os 800 metros e até aos 1600 metros, aparece ainda o carvalho-negral ou das Beiras e, acima daquela altitude, o zimbro. Nas altitudes inferiores abunda o castanheiro e existem grandes povoamentos de carvalho-roble juntamente com o carvalho-negral. Em planaltos e vales do interior da serra surgem vastas formações de pastagens de cervum, nomeadamente em algumas zonas de turfeiras como na Nave de Santo António e nos Covões. São também abundantes nas zonas baixas os matos de giestas, bem como formações de rosmaninho e de urze branca.
No que diz respeito à fauna, o animal mais notável é o lobo que chegou a atingir apreciáveis efetivos, mas que entrou em regressão com a diminuição do pastoreio. Existem também bastantes javalis, raposas e alguns pequenos mamíferos. Quanto às aves, as de rapina, em tempos frequentes, são hoje raras.
Os lugares mais visitados devido à sua beleza são os Cântaros ou o vale de Manteigas, bem como as panorâmicas que se tomam da Torre, dos Piornos e das Penhas da Saúde. No Parque Natural da Serra da Estrela é ainda possível visitar diversas lagoas, nomeadamente, a lagoa Comprida, a lagoa de vale do Rossim e outras pequenas lagoas dispersas pelo parque.
A pastorícia surge na serra da Estrela como uma atividade antiquíssima, certamente ligada aos primeiros povos após o Neolítico. O pastoreio, com os produtos ligados à atividade, como a lã e o queijo, foram o suporte da economia serrana durante séculos; com eles se construíram a economia e a cultura de uma sociedade ligada ao uso dos recursos da Estrela. Com a evolução deste século, as coisas modificaram-se, sobretudo nas últimas décadas, em que a sociedade de consumo penetrou fortemente em todo o interior.
O Parque Natural tem tentado ser um fator de revitalização da terra e das gentes, procurando conservar o seu património, sem receio de confronto com a maneira de ser e de viver das cidades, pois elas próprias têm a sua identidade, a sua cultura, a sua diferença. Uma das primeiras iniciativas do Parque foi o relançamento da atividade pastoril, promovendo as feiras de gado ovino e as de produtores de queijo artesanal, bem como obtendo linhas de crédito bonificado para apoio da atividade, desde que os projetos tivessem a garantia do Parque.
A apicultura, de muita tradição na Serra, tem tido grandes incentivos do Parque, que promove cursos de apicultores e tem em marcha projetos de infraestruturas laboratoriais e de investigação, além de apoiar a criação da Associação de Apicultores da área do Parque.
São inúmeros os âmbitos de intervenção do Parque, colaborando com outras entidades oficiais e com as autarquias na beneficiação de cursos de água, na instalação de aproveitamentos de energias renováveis, na elaboração de estudos de ordenamento e desenvolvimento como o vale de Loriga, com destaque para o Plano Integrado de Casal do Rei.
O Parque possui um Gabinete de Arquitetura, que colabora com as autarquias e com a população, fornecendo projetos de edifícios coletivos e intervindo na recuperação de edifícios e conjuntos notáveis. Algumas povoações guardam ainda importantes exemplos de arquitetura popular ou erudita, sendo de realçar o conjunto de Linhares, onde se encontram um imponente castelo, casas medievais, outras com elementos manuelinos, os restos de um solar barroco, e perto passa-lhe o traçado de uma via romana.
O Parque adquiriu edifícios em Videmonte, Linhares, Gouveia (Casa da Torre, Solar dos Távoras do século XVI), Seia, e nas Penhas Douradas. A recuperação destes edifícios e de antigas casas de guardas florestais permite ir montando instalações de acolhimento e estada de visitantes. Existem centros de Informação em Seia, Gouveia e Manteigas.
O recreio de ar livre e o campismo têm merecido também bastante atenção, tendo-se criado um núcleo de recreio junto à lagoa de Vale do Rossim, outro na Torre onde se acautela a recuperação dos antigos edifícios militares; ainda apoios de campismo no Covão da Ametade e Covão da Ponte e muitos outros.
Vale a pena referir também as ações de apoio à salvaguarda e melhoramento do cão Serra da Estrela, raça que chegou a estar em perigo, e que o Parque auxilia através da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela.
O Parque Natural da Serra da Estrela foi o primeiro parque natural português e é hoje uma garantia de sucesso na defesa dos patrimónios natural e cultural do coração da Beira.
Sujeita a elevadas precipitações anuais, que são, com frequência, de neve durante os meses de inverno, dela nascem cursos de água importantes como o rio Mondego, maior rio inteiramente português, o rio Zêzere, afluente do Tejo, e o rio Alva, afluente do Mondego, além de outros de menor importância mas de corrente permanente, que são afluentes quer do Mondego quer do Tejo.
A série de montanhas que forma a serra da Estrela eleva-se aos 1991 metros na Torre e tem várias elevações notáveis como a Santinha (1593 m), Terroeiro (1783 m) e Taloeiro (1511 m).
Na Estrela encontram-se predominantemente os granitos que formam afloramentos por vezes vigorosos como nos Cântaros, onde nasce o rio Zêzere; mas também possui uma ampla vastidão de rochas xistosas.
Sujeita a vários movimentos tectónicos de elevação, dos quais os últimos se sucederam no final do Terciário e já no Quaternário, a Estrela esteve ainda coberta por glaciares, que deixaram as suas marcas em algumas paisagens, como os vales glaciares de Manteigas e de Loriga. É possível encontrar blocos erráticos (blocos transportados pelos glaciares e que ficaram a descoberto após a sua fusão) que se distribuem anarquicamente por várias encostas. Moreias e depósitos glaciares encontram-se em Loriga e Sabugueiro.
Quanto à flora do parque, da floresta que cobria estas montanhas já pouco resta, pois a ocupação intensa por grupos humanos levou à transformação das florestas em zonas de pastagens. Daí que a cobertura vegetal natural da Estrela tenha sido destruída desde tempos remotos, restando apenas alguns núcleos de matagal em zonas de mais difícil acesso. Pode-se, no entanto, encontrar espécies que têm aqui representação com interesse científico como a Campanula herminii, verdadeiro símbolo da Estrela, a Saxifraga spathularis, a Genista florida, e várias outras giestas.
Entre os 600 e os 800 metros e até aos 1600 metros, aparece ainda o carvalho-negral ou das Beiras e, acima daquela altitude, o zimbro. Nas altitudes inferiores abunda o castanheiro e existem grandes povoamentos de carvalho-roble juntamente com o carvalho-negral. Em planaltos e vales do interior da serra surgem vastas formações de pastagens de cervum, nomeadamente em algumas zonas de turfeiras como na Nave de Santo António e nos Covões. São também abundantes nas zonas baixas os matos de giestas, bem como formações de rosmaninho e de urze branca.
No que diz respeito à fauna, o animal mais notável é o lobo que chegou a atingir apreciáveis efetivos, mas que entrou em regressão com a diminuição do pastoreio. Existem também bastantes javalis, raposas e alguns pequenos mamíferos. Quanto às aves, as de rapina, em tempos frequentes, são hoje raras.
Os lugares mais visitados devido à sua beleza são os Cântaros ou o vale de Manteigas, bem como as panorâmicas que se tomam da Torre, dos Piornos e das Penhas da Saúde. No Parque Natural da Serra da Estrela é ainda possível visitar diversas lagoas, nomeadamente, a lagoa Comprida, a lagoa de vale do Rossim e outras pequenas lagoas dispersas pelo parque.
A pastorícia surge na serra da Estrela como uma atividade antiquíssima, certamente ligada aos primeiros povos após o Neolítico. O pastoreio, com os produtos ligados à atividade, como a lã e o queijo, foram o suporte da economia serrana durante séculos; com eles se construíram a economia e a cultura de uma sociedade ligada ao uso dos recursos da Estrela. Com a evolução deste século, as coisas modificaram-se, sobretudo nas últimas décadas, em que a sociedade de consumo penetrou fortemente em todo o interior.
O Parque Natural tem tentado ser um fator de revitalização da terra e das gentes, procurando conservar o seu património, sem receio de confronto com a maneira de ser e de viver das cidades, pois elas próprias têm a sua identidade, a sua cultura, a sua diferença. Uma das primeiras iniciativas do Parque foi o relançamento da atividade pastoril, promovendo as feiras de gado ovino e as de produtores de queijo artesanal, bem como obtendo linhas de crédito bonificado para apoio da atividade, desde que os projetos tivessem a garantia do Parque.
A apicultura, de muita tradição na Serra, tem tido grandes incentivos do Parque, que promove cursos de apicultores e tem em marcha projetos de infraestruturas laboratoriais e de investigação, além de apoiar a criação da Associação de Apicultores da área do Parque.
São inúmeros os âmbitos de intervenção do Parque, colaborando com outras entidades oficiais e com as autarquias na beneficiação de cursos de água, na instalação de aproveitamentos de energias renováveis, na elaboração de estudos de ordenamento e desenvolvimento como o vale de Loriga, com destaque para o Plano Integrado de Casal do Rei.
O Parque possui um Gabinete de Arquitetura, que colabora com as autarquias e com a população, fornecendo projetos de edifícios coletivos e intervindo na recuperação de edifícios e conjuntos notáveis. Algumas povoações guardam ainda importantes exemplos de arquitetura popular ou erudita, sendo de realçar o conjunto de Linhares, onde se encontram um imponente castelo, casas medievais, outras com elementos manuelinos, os restos de um solar barroco, e perto passa-lhe o traçado de uma via romana.
O Parque adquiriu edifícios em Videmonte, Linhares, Gouveia (Casa da Torre, Solar dos Távoras do século XVI), Seia, e nas Penhas Douradas. A recuperação destes edifícios e de antigas casas de guardas florestais permite ir montando instalações de acolhimento e estada de visitantes. Existem centros de Informação em Seia, Gouveia e Manteigas.
O recreio de ar livre e o campismo têm merecido também bastante atenção, tendo-se criado um núcleo de recreio junto à lagoa de Vale do Rossim, outro na Torre onde se acautela a recuperação dos antigos edifícios militares; ainda apoios de campismo no Covão da Ametade e Covão da Ponte e muitos outros.
Vale a pena referir também as ações de apoio à salvaguarda e melhoramento do cão Serra da Estrela, raça que chegou a estar em perigo, e que o Parque auxilia através da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela.
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Como referenciar
Porto Editora – Parque Natural da Serra da Estrela na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-05 02:08:50]. Disponível em
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