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Passagem de Nível
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Passagem de Nível foi editado em 1942, pela coleção Novo Cancioneiro, que desempenhou um papel de relevo na divulgação e afirmação de uma lírica conotada com o Neorrealismo na sua fase inicial. As composições aí coligidas compõem simultaneamente uma denúncia de injustiças sociais, através de algumas figuras que o sujeito poético focaliza com revolta, como os pescadores («Dois Poemas da Praia da Areia Branca»), «Zé Jeitoso», os "Meninos de olhos adultos" e a "Menina fútil" («Três Poemas de Lisboa»), a prostituta («Noturno») ou a «Prisioneira grávida», e uma crença na transformação da realidade, na inevitável "passagem" para um "nível" superior, com a chegada da "Hora", do "Dia". Passagem de Nível apresenta, ao mesmo tempo, a sua própria poética, definindo cada uma das categorias implicadas na criação: a poesia é "uma árvore cheia de frutos / que um sol de tragédia amadurece" («Prelúdio»), o poema, «um ventre de mulher/ que o Poeta fecundou» («Revelação») e uma "bandeira desfraldada" («Soneto Imperfeito da Caminhada Perfeita»), os poetas "são os próprios versos do poema" («Soneto Imperfeito da Caminhada Perfeita»), os "versos serão límpidos, correntes" (Passagem de Nível). Acima de tudo a poesia assume-se como grito de acusação da futilidade e da inutilidade e como canto de fraternidade dirigido aos companheiros para quem "não existe batalha perdida, / nem desmedida amargura, / nem aridez nos desertos" («Para vós meu canto»).
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Como referenciar
Porto Editora – Passagem de Nível na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-14 21:56:26]. Disponível em