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politicamente correto
Formando um conjunto de princípios e regras, o movimento do politicamente correto surgiu no seio das universidades nos anos 90, nos EUA, para caracterizar conceitos que embora tivessem uma forma académica eram considerados como uma espécie de censura relativamente ao facto de que as universidades acabavam por transmitir os mesmos preconceitos sexistas e racistas presentes numa grande parte da sociedade americana. Para aqueles que defendiam o politicamente correto existia a convicção de que as instituições educacionais que transmitem o conhecimento deviam conscientemente rejeitar os preconceitos sociais e introduzir normas que promovessem os ideais antirracistas e anti-sexistas.
Certos autores serviram como fonte de inspiração a esta reforma das mentalidades. Foi o caso de Michel Foucault, cuja análise do binómio poder/conhecimento ressaltava a importância do contexto em que o conhecimento é gerado, transmitido e assimilado, no sentido em que as relações de poder e as ideologias políticas tinham mais influência no conteúdo do conhecimento do que as capacidades ou a imaginação da pessoa que o produz. Por outro lado, foi reconhecida a importância da língua na formulação dos conceitos na mente humana, dado que a realidade é apercebida através de sinais codificados em língua, existindo, segundo Roland Barthes, muitos códigos e símbolos invisíveis através dos quais são transmitidos significados da realidade. O método de desconstrução da linguagem de Jacques Derrida, que apresenta a língua como um instrumento que não é neutro, fundamentou as convicções dos defensores do politicamente correto de que a língua tinha sido usada para manter e transmitir, de uma forma subtil e ardilosa, o racismo e o sexismo. A filosofia do politicamente correto teve como objetivo a utilização da linguagem e do discurso para combater as conceções ocidentais eurocêntricas, ou seja, que tivessem apenas uma perspetiva ocidental e europeia, excluindo todas as demais. Assim, termos, palavras e expressões foram cuidadosamente analisados para detetar conotações não só racistas ou sexistas, mas também outros conceitos que pudessem ser prejudiciais a qualquer pessoa, por exemplo, pela sua idade ou profissão. Para além da língua, foram também analisados os currículos universitários em matérias como filosofia, literatura ou história e criados cursos obrigatórios de multiculturalismo para todos os alunos. O zelo do politicamente correto foi tão excessivo que provocou reações adversas que consideravam estas medidas como uma violação da sua "liberdade académica". A expressão politicamente correto foi vulgarizada e destituída da sua importância inicial, assumindo uma conotação de atitude de hipocrisia, ou seja, o politicamente correto é a conduta que todos assumem como correta mas que não corresponde ao que, de facto, as pessoas pensam ou fazem.
Certos autores serviram como fonte de inspiração a esta reforma das mentalidades. Foi o caso de Michel Foucault, cuja análise do binómio poder/conhecimento ressaltava a importância do contexto em que o conhecimento é gerado, transmitido e assimilado, no sentido em que as relações de poder e as ideologias políticas tinham mais influência no conteúdo do conhecimento do que as capacidades ou a imaginação da pessoa que o produz. Por outro lado, foi reconhecida a importância da língua na formulação dos conceitos na mente humana, dado que a realidade é apercebida através de sinais codificados em língua, existindo, segundo Roland Barthes, muitos códigos e símbolos invisíveis através dos quais são transmitidos significados da realidade. O método de desconstrução da linguagem de Jacques Derrida, que apresenta a língua como um instrumento que não é neutro, fundamentou as convicções dos defensores do politicamente correto de que a língua tinha sido usada para manter e transmitir, de uma forma subtil e ardilosa, o racismo e o sexismo. A filosofia do politicamente correto teve como objetivo a utilização da linguagem e do discurso para combater as conceções ocidentais eurocêntricas, ou seja, que tivessem apenas uma perspetiva ocidental e europeia, excluindo todas as demais. Assim, termos, palavras e expressões foram cuidadosamente analisados para detetar conotações não só racistas ou sexistas, mas também outros conceitos que pudessem ser prejudiciais a qualquer pessoa, por exemplo, pela sua idade ou profissão. Para além da língua, foram também analisados os currículos universitários em matérias como filosofia, literatura ou história e criados cursos obrigatórios de multiculturalismo para todos os alunos. O zelo do politicamente correto foi tão excessivo que provocou reações adversas que consideravam estas medidas como uma violação da sua "liberdade académica". A expressão politicamente correto foi vulgarizada e destituída da sua importância inicial, assumindo uma conotação de atitude de hipocrisia, ou seja, o politicamente correto é a conduta que todos assumem como correta mas que não corresponde ao que, de facto, as pessoas pensam ou fazem.
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Como referenciar
Porto Editora – politicamente correto na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-11-07 10:04:37]. Disponível em
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