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Povoamento dos Arquipélagos Atlânticos
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Até ao início do século XV, Portugal não mostrou muito interesse pela Madeira, que era já "conhecida". A alteração da coroa portuguesa só se manifestou, verdadeiramente, em 1417, quando uma frota castelhana foi enviada a Porto Santo, o que desencadeou uma forte reação das autoridades portuguesas. Em 1419, e depois em 1420, duas expedições portuguesas partiram do Algarve para ocupar, a título permanente, a Madeira e o Porto Santo.
Os nomes de origem italiana ou catalã destas ilhas foram a partir de então substituídos por novos nomes, de modo a fazer com que os povoadores se assumissem como os seus descobridores. Porto Santo permaneceu inalterado, mas Legname passou a ser Madeira, e as Desert transformaram-se em Desertas.
Num desvio às viagens habituais no Atlântico, Diogo de Silves, um piloto de origem algarvia, em 1427, avistou do mar a ilha de Santa Maria, e posteriormente a de São Miguel e muito provavelmente mais cinco ilhas, que foram depois dotadas de novos nomes, como aconteceu nas ilhas da Madeira. Somente São Jorge manteve o seu nome, traduzido talvez de San Zorzo ou San Giorgio; as restantes foram chamadas Santa Maria, São Miguel, ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo - chamada depois de "Terceira" por ter sido, pretensamente, a terceira ilha a ser descoberta - Pico, nome que substitui o de S. Luís, e Faial - um nome pelo qual ficou conhecida a ilha de S. Dinis. A ilha Graciosa, a sétima deste arquipélago, pode ter este nome por determinação dos seus primeiros povoadores, ou pode ser a tradução de uma palavra encontrada nos portulanos.
A palavra Açores levanta outras questões, pois é difícil determinar se no tempo dos primeiros povoadores havia ou não muitos pássaros deste tipo nas ilhas, ou se é apenas a tradução de uma palavra muçulmana para esta ave de rapina usada no século XII por Idrisi para designar uma ilha no Atlântico. Vê-se, hoje em dia, que se trataria de milhafres.
A Madeira foi concedida como património da Ordem de Cristo ao infante D. Henrique em 1433, vindo a suceder o mesmo com os Açores em 1439. Sob a direção do infante navegador iniciou-se o aproveitamento e povoamento destes arquipélagos, entregues a homens de sua casa - os capitães donatários, em grande parte, os "descobridores" das ilhas. A estes homens eram concedidos diversos monopólios de tipo senhorial.
No primeiro arquipélago sabe-se que para aí foram canalizados povoadores provenientes do Norte de Portugal (onde podemos considerar que, para a época, havia um relativo excedente populacional) e do Alentejo - onde as condições de vida eram mais difíceis. No caso dos Açores, o número de gentes do reino foi menor; o Norte e o Sul contribuíram, na mesma proporção, com os maiores contingentes (no que a Portugal diz respeito) mas regista-se a imigração, para estas ilhas, de inúmeras famílias da Flandres, principalmente para o Faial, Pico e S. Jorge, que deram uma feição muito especial ao grupo central, conhecido, muitas vezes, no estrangeiro, como "as ilhas dos flamengos".
Também as ilhas de Cabo Verde foram descobertas (1456?) e colonizadas no século XV pela coroa portuguesa. O veneziano Cadamosto, ao serviço do Infante, tê-las-á "descoberto", e, segundo o testamento do dito príncipe (em outubro de 1460), terá sido o genovês Antonio de Nolique quem terá tomado posse das ilhas em nome de Portugal, povoando-as com seus conterrâneos e portugueses (Alentejo e Algarve), para além de negros da Guiné. Cabo Verde era um posto de apoio à navegação portuguesa no Atlântico e um entreposto do tráfico de escravos.
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Como referenciar
Porto Editora – Povoamento dos Arquipélagos Atlânticos na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-21 08:17:00]. Disponível em
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