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Ropicapnefma
A Ropicapnefma, título de sabor grego com o significado de "mercadoria espiritual", é um colóquio ou diálogo entre personagens alegóricas, ao estilo medieval, semelhantes a algumas alegorias vicentinas.
Este tratado coloquial foi redigido entre janeiro e maio de 1531 e publicado, em Lisboa, em 1532, sendo considerado uma das obras-primas da prosa clássica portuguesa.
Nele, João de Barros recorreu com muita sabedoria às "técnicas humanísticas do colóquio e do paradoxo", conseguindo aliar a apologia do cristianismo à sátira contundente da sociedade portuguesa da época.
A intenção declarada é defender a pureza da fé cristã contra as doutrinas heréticas de carácter reformista. Mas a argumentação posta na boca dos opositores é tão inteligente que somos levados a pensar se o próprio João de Barros não seria sensível a algumas das suas ideias.
Outro motivo de interesse desta obra são as críticas que vão sendo feitas a atitudes e comportamentos da sociedade contemporânea. É evidente que, independentemente da sua ortodoxia religiosa, o autor adota uma visão do mundo muito próxima da dos demais humanistas europeus, principalmente no que diz respeito ao peso da nobreza e clero na sociedade. Para isto, cria personagens alegóricas, tais como a Vontade e o Entendimento (principais faculdades da Alma), a Razão e o Tempo.
A Vontade e o Entendimento abandonam a Razão, juntam-se ao Tempo (memória coletiva da Humanidade) e tornam-se negociantes de mercadorias espirituais, ou seja, de vícios. Na hora da morte, estes vícios são julgados pela Razão, que personifica a Fé Católica.
Segundo Jacinto Prado Coelho, in Dicionário de Literatura, a razão deste colóquio prende-se com "a situação espiritual dos cristãos-novos portugueses, que oscilavam entre a incredulidade racionalista e o criptojudaísmo."
Para além destes temas, João de Barros denuncia também as principais classes sociais: clero, nobreza, médicos, juristas, etc.
Segundo Óscar Lopes, Ropicapnefma pode considerar-se uma obra substancialmente erasmista, quer quanto à crítica social, quer quanto à intenção religiosa, embora, do ponto de vista formal, a linguagem fluente, recorrendo a variadas imagens e exclamações irónicas, se aproxime mais dos gostos literários do fim da época medieval.
Este tratado coloquial foi redigido entre janeiro e maio de 1531 e publicado, em Lisboa, em 1532, sendo considerado uma das obras-primas da prosa clássica portuguesa.
Nele, João de Barros recorreu com muita sabedoria às "técnicas humanísticas do colóquio e do paradoxo", conseguindo aliar a apologia do cristianismo à sátira contundente da sociedade portuguesa da época.
A intenção declarada é defender a pureza da fé cristã contra as doutrinas heréticas de carácter reformista. Mas a argumentação posta na boca dos opositores é tão inteligente que somos levados a pensar se o próprio João de Barros não seria sensível a algumas das suas ideias.
Outro motivo de interesse desta obra são as críticas que vão sendo feitas a atitudes e comportamentos da sociedade contemporânea. É evidente que, independentemente da sua ortodoxia religiosa, o autor adota uma visão do mundo muito próxima da dos demais humanistas europeus, principalmente no que diz respeito ao peso da nobreza e clero na sociedade. Para isto, cria personagens alegóricas, tais como a Vontade e o Entendimento (principais faculdades da Alma), a Razão e o Tempo.
A Vontade e o Entendimento abandonam a Razão, juntam-se ao Tempo (memória coletiva da Humanidade) e tornam-se negociantes de mercadorias espirituais, ou seja, de vícios. Na hora da morte, estes vícios são julgados pela Razão, que personifica a Fé Católica.
Segundo Jacinto Prado Coelho, in Dicionário de Literatura, a razão deste colóquio prende-se com "a situação espiritual dos cristãos-novos portugueses, que oscilavam entre a incredulidade racionalista e o criptojudaísmo."
Para além destes temas, João de Barros denuncia também as principais classes sociais: clero, nobreza, médicos, juristas, etc.
Segundo Óscar Lopes, Ropicapnefma pode considerar-se uma obra substancialmente erasmista, quer quanto à crítica social, quer quanto à intenção religiosa, embora, do ponto de vista formal, a linguagem fluente, recorrendo a variadas imagens e exclamações irónicas, se aproxime mais dos gostos literários do fim da época medieval.
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Como referenciar
Porto Editora – Ropicapnefma na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-25 06:44:56]. Disponível em
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