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Santa Catarina de Alexandria
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Objeto de uma devoção muito popular durante quase seis séculos, Santa Catarina de Alexandria nasceu no seio de uma família nobre e versada nas ciências provavelmente no século IV. Com apenas oito anos de idade, apresentou-se perante o imperador Maximino Daia, que perseguia violentamente os cristãos, e censurou-o pela sua crueldade, provando-lhe a falsidade dos ídolos que este adorava. Impressionado com a audacidade da jovem e incapacitado de refutar os seus argumentos, deteve-a no seu palácio e chamou os sábios para a enfrentarem mas Santa Catarina saiu do debate vitoriosa. Muitos dos seus adversários, conquistados pela sua eloquência, converteram-se ao cristianismo e foram imediatamente condenados à morte. Furioso e ultrajado, Maximino mandou que Catarina fosse chicoteada e depois presa. A imperatriz, curiosa por ver uma jovem tão extraordinária, foi visitá-la às masmorras com o comandante das tropas, Porfírio, e convertidos ao poder das palavras de Catarina foram ali mesmo batizados. E não foram os únicos que Catarina converteu na prisão. Condenada a morrer na roda, Catarina destruiu o instrumento de tortura apenas com um toque da sua mão, o que levou o imperador a mandar que lhe cortassem a cabeça. Diz a tradição que os anjos levaram o seu corpo para o Monte Sinai, onde mais tarde se erigiu um mosteiro e uma igreja em sua memória.
As narrativas sobre a vida de Santa Catarina, modificadas ao longo dos tempos, contêm muitos episódios fantásticos e distorcidos da realidade que atestam a importância do culto de Santa Catarina ao longo de toda a Idade Média, período durante o qual a mártir foi rodeada de uma auréola de poderes miraculosos. Esta grande devoção a Santa Catarina iniciada no Ocidente pelos cruzados, ressurgiu com grande força no século XV quando existiram rumores de que tinha aparecido a Joana d'Arc, e que, juntamente com Santa Margarida, era a sua conselheira divina. Santa Catarina é, juntamente com Santa Margarida e Santa Bárbara, uma das santas mais solícitas a aceder aos pedidos dos seus fiéis e por esse motivo foi muito louvada pelos clérigos e cantada pelos poetas, como é o caso de Bossuet e Adam de Saint-Victor. A sua festa era celebrada em muitos lugares com grande solenidade e afluência de devotos e em várias dioceses de França foi considerada como dia santo até ao início do século XVIII. Em muitos casos excedia em importância as festas dedicadas aos apóstolos. Foram-lhe dedicadas muitas capelas e a sua imagem existia na maior parte das igrejas, representada na sua iconografia medieval com o seu instrumento de tortura, a roda. Considerada a mais santa e a mais ilustre das virgens de Cristo, Santa Catarina é a protetora das jovens solteiras e das estudantes. Sendo a roda dentada um ícone emblemático da Santa, também os mecânicos se puseram sob o seu patronato. Como Santa Catarina triunfou junto dos sábios de Maximino pela sua eloquência, também os teólogos, filósofos e oradores intercedem pela sua boa influência para os seus estudos, escritos ou discursos.
Apesar da duvidosa autenticidade dos textos que relatam a lenda de Santa Catarina, não existe qualquer dúvida sobre a sua existência e que se os principais factos relatados podem ser considerados verdadeiros, muitos dos detalhes fantasiosos e os longos discursos atribuídos à Santa são puras invenções. Apesar das muitas alusões às miraculosas trasladações para o Monte Sinai do corpo da Santa, os itinerários dos antigos peregrinos que visitaram o Sinai não mencionam este facto. Quando, no século XVIII, o monge beneditino D. Deforis estava a preparar uma edição dos trabalhos de Bossuet, declarou que a tradição seguida por Bossuet era, em grande medida, falsa, e foi a partir de então que a festa de Santa Catarina desapareceu do Breviário de Paris e consequentemente perdeu muita da sua importância e popularidade iniciais.
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Como referenciar
Porto Editora – Santa Catarina de Alexandria na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-15 23:13:11]. Disponível em