São Tomás de Aquino
Nascido em Roccasecca, na Itália, em 1225, é considerado um dos maiores expoentes da filosofia na Idade Média, tendo sido o responsável pela assimilação do aristotelismo por parte do pensamento cristão, tal como Santo Agostinho já havia feito em relação ao platonismo e ao neoplatonismo.
Defendendo que não há antinomia entre a razão e a revelação, uma vez que ambas derivam de Deus e convergem em Deus, afirma que o elemento distintivo entre a Teologia e a Filosofia é o método a que recorrem: enquanto a primeira tem como ponto de partida o Deus que se revela nos textos sagrados, a segunda deve partir da própria Criação para, através de um processo de abstração, servir como sustentáculo racional da fé.
No tocante à Ontologia, retoma e desenvolve o sistema de Aristóteles: considera que a essência (i. é, aquilo que define o ente - a «quiditas») engloba quer a substância (o que o ente é em si, concreta e individualmente) quer os acidentes (propriedades transitórias e casuais do ente) e que, por sua vez, a substância é um composto de matéria e forma, a primeira, potencial e determinada, funcionando como princípio de individuação, e a segunda como elemento atualizador, determinante e estruturante. No entanto, introduz uma inovação importante no sistema aristotélico ao argumentar que do conhecimento da essência de qualquer ente não deriva necessariamente o conhecimento da respetiva existência. Assim, é o ato de ser que atualiza as essências e lhes garante a subsistência. Esta distinção radical entre ser e essência acaba por corresponder à diferença entre Deus - ato puro (entidade na qual o ser coincide com a essência) - e as criaturas - que para a sua conservação dependem de Deus (doador de ser).
Não admitindo qualquer via a priori para o conhecimento, uma vez que a mente é como uma tábua rasa e tem de partir dos entes particulares para, por abstração, produzir os conceitos universais, tornou-se famosa a sua definição da verdade enquanto «adequação da coisa e do intelecto».
Na sequência dessa posição gnosiológica, defende cinco argumentos «naturalistas», baseados na impossibilidade de regressão até ao infinito, para provar a existência de Deus:
1 - pressupondo que todo o movimento implica uma causa motora, Deus tem de ser o primeiro motor imóvel;
2 - uma vez que todo o efeito exige uma causa, Deus será a causa incausada;
3 - todos os existentes ou são contingentes ou são necessários em virtude de outro ou outros; Deus terá, então, de ser o necessário por si.
4 - a perfeição e a imperfeição, o mais e o menos, têm de se dizer de um padrão absoluto de perfeição, ou seja, Deus;
5 - todas as coisas se orientam para determinados fins; essa intencionalidade não pode residir nas coisas, pelo que Deus tem de ser causa final para tudo quanto exista.
S. Tomás considera o ser humano uma união substancial de corpo (matéria) e alma (forma), e atribui-lhe um lugar central na Criação, uma vez que se liga simultaneamente quer ao mundo espiritual, quer ao mundo material. No entanto, como o ser humano está determinado, devido à forma, pela alma racional, deve buscar a felicidade no bem mais elevado que lhe convém, isto é, a sabedoria, que coincide com moralidade, consistindo ambas na orientação do ser humano para Deus.
Deus, enquanto criador, legislador universal e fonte de toda a ordem no mundo, serve para S. Tomás como fundamento do poder político, defendendo que, tal como no ser humano o corpo é dirigido pela alma, assim em todas as comunidades mundanas deve existir um elemento diretor que defina as diretrizes da conduta humana: o pai, na sociedade familiar; o rei, na sociedade política.
S. Tomás morreu em 1274. As suas posições, no início condenadas pelos defensores de uma Teologia predominantemente agostiniana que nelas viam perigosa influência de Aristóteles, um filósofo pagão, comentado sobretudo por pensadores árabes, acabaram por marcar profundamente a Escolástica subsequente.
Defendendo que não há antinomia entre a razão e a revelação, uma vez que ambas derivam de Deus e convergem em Deus, afirma que o elemento distintivo entre a Teologia e a Filosofia é o método a que recorrem: enquanto a primeira tem como ponto de partida o Deus que se revela nos textos sagrados, a segunda deve partir da própria Criação para, através de um processo de abstração, servir como sustentáculo racional da fé.
No tocante à Ontologia, retoma e desenvolve o sistema de Aristóteles: considera que a essência (i. é, aquilo que define o ente - a «quiditas») engloba quer a substância (o que o ente é em si, concreta e individualmente) quer os acidentes (propriedades transitórias e casuais do ente) e que, por sua vez, a substância é um composto de matéria e forma, a primeira, potencial e determinada, funcionando como princípio de individuação, e a segunda como elemento atualizador, determinante e estruturante. No entanto, introduz uma inovação importante no sistema aristotélico ao argumentar que do conhecimento da essência de qualquer ente não deriva necessariamente o conhecimento da respetiva existência. Assim, é o ato de ser que atualiza as essências e lhes garante a subsistência. Esta distinção radical entre ser e essência acaba por corresponder à diferença entre Deus - ato puro (entidade na qual o ser coincide com a essência) - e as criaturas - que para a sua conservação dependem de Deus (doador de ser).
Na sequência dessa posição gnosiológica, defende cinco argumentos «naturalistas», baseados na impossibilidade de regressão até ao infinito, para provar a existência de Deus:
1 - pressupondo que todo o movimento implica uma causa motora, Deus tem de ser o primeiro motor imóvel;
2 - uma vez que todo o efeito exige uma causa, Deus será a causa incausada;
3 - todos os existentes ou são contingentes ou são necessários em virtude de outro ou outros; Deus terá, então, de ser o necessário por si.
4 - a perfeição e a imperfeição, o mais e o menos, têm de se dizer de um padrão absoluto de perfeição, ou seja, Deus;
5 - todas as coisas se orientam para determinados fins; essa intencionalidade não pode residir nas coisas, pelo que Deus tem de ser causa final para tudo quanto exista.
S. Tomás considera o ser humano uma união substancial de corpo (matéria) e alma (forma), e atribui-lhe um lugar central na Criação, uma vez que se liga simultaneamente quer ao mundo espiritual, quer ao mundo material. No entanto, como o ser humano está determinado, devido à forma, pela alma racional, deve buscar a felicidade no bem mais elevado que lhe convém, isto é, a sabedoria, que coincide com moralidade, consistindo ambas na orientação do ser humano para Deus.
Deus, enquanto criador, legislador universal e fonte de toda a ordem no mundo, serve para S. Tomás como fundamento do poder político, defendendo que, tal como no ser humano o corpo é dirigido pela alma, assim em todas as comunidades mundanas deve existir um elemento diretor que defina as diretrizes da conduta humana: o pai, na sociedade familiar; o rei, na sociedade política.
S. Tomás morreu em 1274. As suas posições, no início condenadas pelos defensores de uma Teologia predominantemente agostiniana que nelas viam perigosa influência de Aristóteles, um filósofo pagão, comentado sobretudo por pensadores árabes, acabaram por marcar profundamente a Escolástica subsequente.
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Como referenciar
Porto Editora – São Tomás de Aquino na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-18 14:32:45]. Disponível em
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