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Sérvia
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Geografia
A República da Sérvia situa-se no Sudeste da Europa, no sul da península balcânica, e inclui a província autónoma de Voivodina. Faz fronteira com a Hungria a norte, a Roménia a nordeste, a Bulgária a este, a Macedónia e o Kosovo a sul, o Montenegro, a Croácia e a Bósnia-Herzegovina a oeste. A sua superfície é de 77 474 km2.
O país é montanhoso e encontra-se rodeado pelos Alpes Dináricos, a oeste, as montanhas Sar, a norte e as montanhas dos Cárpatos, a leste.
As principais cidades são Belgrado, a capital, com 1,273,651 habitantes (2024), Novi Sad 341,625 habitantes (2024), Nis 260,237 habitantes (2024), Kragujevac 150,835 habitantes (2024) e Subotica 105,681 habitantes (2024).


Clima
O clima é temperado continental, essencialmente a norte, com invernos frios e verões quentes e húmidos, e mediterrânico noutras regiões, apresentando invernos frios, com alguma neve, e verões quentes e secos.

Bandeira da Sérvia
Representação do assassínio do arquiduque Fernando da Áustria, acontecimento que esteve na origem da Primeira Grande Guerra (Achille Beltrame, Museu do Ressurgimento, Itália)
População
Possui uma população de cerca de 10 493 000 habitantes (2003, até à data com a população do Kosovo incluída), com uma densidade populacional de 106,34 hab./km2.
As taxas de natalidade e de mortalidade são, respetivamente, de 12%o e 11%o. A esperança média de vida é de 72 anos. Nem o valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) nem o valor do Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) foram atribuídos (2001).
Em termos étnicos, predominam os sérvios, seguidos dos jugoslavos, dos húngaros, dos muçulmanos, dos ciganos e dos croatas. Na Voivodina, mais de metade dos habitantes são sérvios e existe ainda uma grande minoria de húngaros e um pequeno grupo de croatas.
As principais religiões são a ortodoxa sérvia (64%), a muçulmana (19%) e a católica (6%).
A língua oficial é o sérvio, seguida do romeno, húngaro, eslovaco e croata (línguas oficiais de Voivodina).


Economia
A fertilidade das terras da Voivodina, a extração mineira e as indústrias - chumbo, açúcar, equipamentos eletrónicos, máquinas agrícolas, papel, entre outras - têm contribuído largamente para a economia da república.
No setor primário, as culturas predominantes são o trigo, o milho, o açúcar e o girassol, sendo também importantes a pecuária e a produção de leite.


História
Os Sérvios fixaram-se na península balcânica durante as migrações dos Eslavos nos séculos VI e VII e tornaram-se cristãos dois séculos depois. Estiveram unidos no mesmo reinado em 1169. O herói sérvio Stephan Dushan (1331-1355) fundou um império que ocupava a maior parte dos Balcãs. Depois de terem sido derrotados no Kosovo em 1389, ficaram sob a dominação turca que viria a anexar a Sérvia em 1459. Por mais de três séculos os sérvios foram escravos dos sultões otomanos.
Deram-se insurreições entre 1804 e 1816 lideradas pelos patriotas Karageorge e Milosh Obrenovich que forçaram os turcos a reconhecer a autonomia da Sérvia. O assassinato de Karageorge por ordem de Obrenovich teve consequências sangrentas para as duas fações. Depois da guerra entre a Rússia e a Turquia entre 1828 e 1829, a Sérvia foi reconhecida como um principado suserano da Turquia, permanecendo sob a proteção russa. Depois da insurreição na Bósnia-Herzegovina em 1875, a Sérvia e o Montenegro participaram na guerra contra a Turquia, em 1876-1878, e ao lado dos bósnios rebeldes. Com a ajuda russa, obteve mais territórios e a independência em 1878. O assassinato do último Obrenovich em 1903 levou a dinastia de Karageorgevich ao trono.
Em 1908 a Áustria-Hungria anexou a Bósnia e levou os Sérvios a procurar ajuda no Montenegro, na Bulgária e na Grécia para confiscarem as últimas terras administradas pelos Otomanos na Europa. No seguimento das guerras dos Balcãs de 1912-1913, a Sérvia alargou o seu território para o norte e para a Macedónia central, mas a Áustria obrigou-a a ceder estas terras à Albânia, que assim lhe franqueariam acesso ao mar. A animosidade dos sérvios face aos Habsburgos atingiu o seu clímax a 28 de junho de 1914, quando o arquiduque austríaco Francisco Fernando foi assassinado em Sarajevo, presumivelmente por um bósnio sérvio. Este ato precipitou o início da Primeira Grande Guerra. Apesar do sucesso inicial dos exércitos sérvios, a Sérvia foi ocupada pelas forças austro-húngaras e búlgaras. Com o colapso da Áustria-Hungria, no fim da guerra, em 1918, a província da Voivodina e do Montenegro uniram-se à Sérvia, juntamente com os eslavos do Sul e com a coroa sérvia, formaram o reino de sérvios, croatas e eslovenos. A Sérvia era o Estado dominante; em 1929 adotaram o nome de Jugoslávia.
Durante a Segunda Guerra Mundial a Sérvia foi desmembrada e ocupada pela Alemanha, Hungria, Bulgária e Itália. Os soldados do exército real formaram um movimento de resistência mas os partidários do comunismo, mais determinados e com o apoio soviético e anglo-americano, libertaram toda a Jugoslávia em 1944. Prevendo a renovação da dominação dos Sérvios, foram dados à Bósnia-Herzegovina, à Macedónia e ao Montenegro iguais estatutos republicanos na nova Federação Socialista da Jugoslávia. A Sérvia constituiu uma das seis repúblicas da Federação das Repúblicas Socialistas da Jugoslávia, proclamada a 29 de novembro de 1945. Kosovo e Voivodina tornaram-se províncias autónomas. Os comunistas sérvios assumiram a liderança da vida política da Jugoslávia durante décadas após a Segunda Guerra Mundial. A Sérvia passou de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial, mas a economia começou a declinar nos anos oitenta. Os albaneses do Kosovo pediram agitadamente a separação da república, mas a Croácia, a Eslovénia, a Macedónia e a Bósnia-Herzegovina pediram a cisão com a Jugoslávia de modo condescendente. Em 1989 a Sérvia voltou a impor a sua lei às províncias. Após tentativas frustradas para impedir a separação da Eslovénia, em 1991, elementos sérvios do exército da Jugoslávia investiram militarmente na defesa da autonomia da Krajina e de regiões estabelecidas pelos sérvios na Croácia. No ano seguinte a Sérvia começou a dar apoio aos bósnios sérvios na sua campanha de limpeza étnica de muçulmanos e croatas a este e norte da Bósnia-Herzegovina. A 27 de abril de 1992, com o seu vizinho Montenegro, a Sérvia formou uma nova, etnicamente sérvia, Federação Jugoslava. Até 1995 esta Federação não era reconhecida internacionalmente. Após uma guerra sangrenta de vários anos e de vários cessar-fogos que não foram respeitados, permaneceram ainda no território forças das Nações Unidas de vigilância à paz.
A 24 de setembro de 2000 foram convocadas eleições antecipadas na Federação Jugoslava. Os resultados foram favoráveis à oposição, chefiada por Vojislav Kostunica, mas a comissão eleitoral (controlada pelo presidente, Slobodan Milosevic) marcou uma segunda volta das mesmas. Este facto provocou o descontentamento por parte da oposição que levou a população a organizar manifestações em massa com o intuito de obrigar Milosevic a aceitar a derrota e a afastar-se de vez do poder, o que veio a acontecer em outubro de 2000. A 14 de março de 2002 foi assinado um acordo entre a Sérvia e o Montenegro que previa a reorganização da Federação Jugoslava em Estado da Sérvia e Montenegro e onde ficou acordado que ao fim de três anos, se ambas as repúblicas assim o desejassem, poderiam tornar-se Estados independentes. O acordo entrou em vigor em fevereiro de 2003.
Finalizado o prazo dos três anos, o Montenegro antecipou-se realizando, em maio de 2006, um referendo que resultou favorável à independência, vontade que foi concretizada a 3 de junho do mesmo ano. Dois dias depois, a Sérvia seguiu o exemplo declarando-se independente e sucessora do Estado da Sérvia e Montenegro. Nasceram assim duas novas nações, oficialmente com os nomes República do Montenegro e República da Sérvia. Dois anos depois, a 17 de fevereiro, o Kosovo separa-se da Sérvia, tornando-se também uma nação independente.

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Como referenciar
Porto Editora – Sérvia na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-29 16:46:36]. Disponível em
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