Siddhartha
Romance de Hermann Hesse (Prémio Nobel da Literatura, 1949), publicado em 1922. É inspirado nas tradições indianas e relata o pensamento e a vida de Siddhartha.
Este, filho de um brâmane, é um rapaz inteligente, belo e carismático. É educado pelos brâmanes, mas os seus ensinamentos não o satisfazem e o jovem, acompanhado pelo amigo Govinda, decide partir em peregrinação espiritual.
Junta-se então a um grupo de samanas que buscam encontrar a felicidade. Siddhartha e Govinda passam três anos com eles e aprendem a jejuar, meditar, libertar-se de desejos e abandonar o Eu para encarnar em seres da natureza.
Considerando a filosofia dos samanas uma mera fuga ao próprio ser, que procura esquecer o sofrimento e a insensatez da vida, Siddhartha e Govinda deixam o grupo e vão ao encontro de Buda para conhecer a sua doutrina. Mas só Govinda se junta a ele; Siddhartha segue um caminho espiritual individual ao encontro da iluminação apenas possível pela vivência do quotidiano.
Desta forma, ao observar a vida em seu redor, compreende a necessidade de refletir e sentir. Conhece uma cortesã, chamada Kamala, e pede-lhe que lhe ensine a arte dos prazeres. Para pagar esses ensinamentos, Siddhartha trabalha com um comerciante na cidade. Enriquece, passa a comer e a beber, em excesso, e vicia-se no jogo. Deixa então de ouvir a sua voz interior.
Certa noite, apercebe-se de que era incapaz de amar. Leva uma vida insensata e triste e não consegue ser feliz. Decide então deixar aquele estilo de vida e sai definitivamente da cidade.
Deambula pela floresta e, desiludido consigo próprio, planeia suicidar-se. Confuso, Siddhartha adormece e, ao acordar, sente-se renascido. Vê que o seu amigo Govinda vigiava o seu sono, mas que regressa depois para junto de Buda.
Siddhartha vai sentar-se junto ao rio e reflete na vida. Conclui que a experiência pela qual passou, que quase o conduzira ao suicídio, fora importante para o seu crescimento espiritual. Numa atitude contemplativa, passa a observar o rio que corre. Torna-se aprendiz do barqueiro Vasuveda e começa a compreender a sabedoria do rio e a imitar o comportamento do mestre.
Passam-se anos. Kamala, antes de falecer, é levada por Vasuveda a Siddhartha que fica a tomar conta do filho de ambos. Contudo, o rapaz foge para a cidade, porque não aceita Siddhartha como pai. Este ainda tenta encontrá-lo, mas em vão. Um profundo desgosto atinge então Siddhartha e, um dia, ouve o rio rindo-se dele. Olha-o e vê, nas águas, a figura do seu próprio pai, que ele tinha também abandonado. Compreende que tem de deixar partir o filho.
Com Vasuveda, Siddhartha aprende a escutar o rio. Ouve vozes de lamento, alegria e um grande "Om". Compreendendo a unidade das vozes, a dor de Siddhartha desaparece e, finalmente, encontra a salvação.
Reconhecendo o elevado grau de espiritualidade alcançado por Siddhartha, Vasuveda, cumprida a sua missão, retira-se para os bosques onde morre. Govinda, que continuava insatisfeito espiritualmente na sua busca, vai procurar um sábio barqueiro. Encontra Siddhartha e quer conhecer a sua doutrina. Este explica-lhe que o conhecimento é transmissível e comunicável, ao contrário da sabedoria. O importante é o amor e a admiração por todas as coisas do mundo. Quando Govinda se preparava para partir, beija Shiddharta e, comovido, compreende a sua sabedoria.
Este romance de Hermann Hess só foi apreciado após a Segunda Guerra Mundial. A sua primeira tradução para língua inglesa surge nos anos 50. A obra foi adaptada para cinema, com título homónimo, sob direção de Conrad Rooks, em 1972.
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