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Stéphane Mallarmé
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Poeta francês e mentor do movimento do simbolismo na poesia, nasceu a 18 de março de 1842 em Paris e morreu em Valvins a 9 de setembro de 1898. Órfão de mãe desde os cinco anos, fez os estudos secundários num colégio interno. Depois de concluídos, ingressou na administração pública, atividade que em breve abandonaria. Cortou com os laços familiares e partiu para Inglaterra, em 1862. De regresso a França obteve um certificado que o habilitava a lecionar a língua inglesa. Foi professor, primeiro em escolas de província e mais tarde em Paris até à data da reforma, 1894. A par do ensino manteve uma atividade literária. A partir de 1880 começaram em sua casa as receções literárias que contribuíram para criar nos simbolistas uma forte consciência de "escola". Redigiu a revista feminina la Dernière Mode, fez traduções e organizou o livro didático les Mots Anglais. Estas atividades completam o quadro de uma vida exteriormente calma e vulgar, como chefe de família e professor. Esta aparente reserva e discrição contrasta com a postura de poeta "maldito", nome atribuído por Verlaine a Mallarmé. Sob esta superfície tranquila esconde-se uma grande riqueza e complexidade. Uma grave crise de juventude avivou no poeta a consciência da situação precária do homem e do mundo. A partir desta altura tenta conjurar este destino trágico pelo poder da palavra. A leitura de Baudelaire impressionou profundamente Mallarmé, ao propor-lhe uma nova expressão poética, mais capaz de captar a essência das coisas.
Os primeiros poemas foram influenciados por Charles Baudelaire. Mallarmé era um intelectual e a sua determinação em analisar a natureza do mundo e a realidade reflete-se nos dois poemas dramáticos que começou a escrever em 1864 e 1865 respetivamente, Hérodiade e l'Après-midi d'un faune. Mallarmé é considerado, com Paul Verlaine, o iniciador do Simbolismo. Em 1868 chegou à conclusão que embora não haja nada para além da realidade, dentro do vazio criado por essa conceção existem "as formas perfeitas". Devotou a sua vida a tentar colocar em prática as suas teorias naquilo a que ele chamou a sua grande obra, que nunca chegou a concluir, le Livre. Entre as elegias escritas, várias foram concebidas para Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe, Richard Wagner, Théophile Gautier e Paul Verlaine, autores com quem Mallarmé se tinha comprometido a escrever. Todos concordavam com o tema elegíaco da mortalidade do homem e da imortalidade da obra. Para além destes poemas, escreveu outros que contrariavam a sua obsessão pelo mundo perfeito, embora permanecesse fiel ao estilo linguístico.
Em 1883 Verlaine publicou uma série de artigos de Mallarmé intitulados les poètes maudits. Stéphane Mallarmé foi alvo de um sumptuoso elogio por parte de J. K. Huysmans, ao escrever o romance A rebours, elogio que o levou a ser reconhecido como um eminente poeta francês. A partir desta altura foi visitado por conhecidos escritores, pintores e músicos da época. Este período fez diminuir o seu desejo de se refugiar num mundo ideal e escreve o poema Un coup de dés jamais n'abolira le hasard, um trabalho que apareceu em 1897, um ano antes da sua morte. Embora breve e inacabada, a sua obra apresenta-se hoje como uma das que determinaram a evolução da literatura no século XX.
"Retrato de Stéphane Mallarmé", óleo sobre tela por Edouard Manet, 1876
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Como referenciar
Stéphane Mallarmé na Infopédia [em linha]. Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/artigos/$stephane-mallarme [visualizado em 2025-06-25 02:22:29].

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