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teoria do fim das ideologias
Esta teoria, vulgarizada nos anos 60 do século XX, a partir dos escritos de D. Bell, reporta-se à relação das grandes ideologias contemporâneas (liberalismo, nacionalismo, socialismo, etc.) com as sociedades do bem-estar, sociedades que as economias de desenvolvimento avançado tinham gerado já pelos anos 50 do mesmo século.
Defende essencialmente a ideia de que as grandes ideologias mobilizadoras de massas do mundo contemporâneo exauriram a sua utilidade funcional por meados do século XX, com o surgimento da sociedade e do estado do bem-estar. Pacificadas as lutas anteriores, porque perdida a razão de ser dos antagonismos (tendo o nacionalismo sido superado pela derrota coletiva das duas guerras mundiais e o socialismo pelo progresso económico), o conflito, que fora assumido pelas sociedades, na teoria e/ou na prática, como motor da mudança, assim, ter-se-ia visto relegado, em favor do consenso - um consenso que seria, do ponto de vista material, o consenso da abundância e, na ótica do político, o espaço das democracias representativas.
Do ponto de vista académico, e ao nível da teoria política, foi também o tempo da procura da "neutralidade", isto é, do discurso científico "objetivo", porque livre de considerações valorativas. O teórico, conotado com o discurso de valores, deu assim, durante algum tempo, lugar ao "empírico". Entendeu-se que se superara a ideologia, até como objeto, pela sua absoluta falta de funcionalidade.
Todavia, a abundância de bens materiais e a estabilidade política não se revelaram duradouras, nem o consenso perdurou. Dos finais dos anos 60 aos nossos dias, novos focos de tensão, de conflito e de mobilização ideológica surgiram já: guerra fria, guerras extraeuropeias, problemas de fome, de saúde e de higiene, particularmente nos espaços extraeuropeus, de desemprego, de marginalidades... Ao nível da ciência social e respetiva teoria, reacenderam-se os debates acerca da impossível objetividade e da necessidade de não contornar os valores enraizados no social e no próprio cientista, para estudar esse mesmo social.
No entanto, tal tese não perdeu integralmente os seus adeptos. Mais recentemente, F. Fukuyama retomou o tema, teleológico, do fim da História (e da ideologia), desfecho que ele filia no estado atual do mundo ocidental, que teria como que cumprido o seu destino, ao fixar-se na economia de mercado e na democracia política.
Estas teses retomam, afinal, o tema da busca da perfeição e do sentido último do progresso, tópico recorrente do imaginário ocidental: está, entre outros, na sociedade sem classes de Marx, como está no estado estacionário de S. Mill ou, numa ótica metafísica, na eternidade dos cristãos.
Pragmaticamente, lidas essas teses como acontecimentos históricos (por isso insertos numa temporalidade), elas parecem salientar o efeito desmobilizador do bem-estar, efeito que os historiadores já conhecem das épocas de longas continuidades, a que, tradicionalmente, se chamava épocas felizes ou épocas sem história, numa linguagem impressionista que ilustrava a estabilidade, isto é, a lentidão da mudança.
Defende essencialmente a ideia de que as grandes ideologias mobilizadoras de massas do mundo contemporâneo exauriram a sua utilidade funcional por meados do século XX, com o surgimento da sociedade e do estado do bem-estar. Pacificadas as lutas anteriores, porque perdida a razão de ser dos antagonismos (tendo o nacionalismo sido superado pela derrota coletiva das duas guerras mundiais e o socialismo pelo progresso económico), o conflito, que fora assumido pelas sociedades, na teoria e/ou na prática, como motor da mudança, assim, ter-se-ia visto relegado, em favor do consenso - um consenso que seria, do ponto de vista material, o consenso da abundância e, na ótica do político, o espaço das democracias representativas.
Do ponto de vista académico, e ao nível da teoria política, foi também o tempo da procura da "neutralidade", isto é, do discurso científico "objetivo", porque livre de considerações valorativas. O teórico, conotado com o discurso de valores, deu assim, durante algum tempo, lugar ao "empírico". Entendeu-se que se superara a ideologia, até como objeto, pela sua absoluta falta de funcionalidade.
Todavia, a abundância de bens materiais e a estabilidade política não se revelaram duradouras, nem o consenso perdurou. Dos finais dos anos 60 aos nossos dias, novos focos de tensão, de conflito e de mobilização ideológica surgiram já: guerra fria, guerras extraeuropeias, problemas de fome, de saúde e de higiene, particularmente nos espaços extraeuropeus, de desemprego, de marginalidades... Ao nível da ciência social e respetiva teoria, reacenderam-se os debates acerca da impossível objetividade e da necessidade de não contornar os valores enraizados no social e no próprio cientista, para estudar esse mesmo social.
No entanto, tal tese não perdeu integralmente os seus adeptos. Mais recentemente, F. Fukuyama retomou o tema, teleológico, do fim da História (e da ideologia), desfecho que ele filia no estado atual do mundo ocidental, que teria como que cumprido o seu destino, ao fixar-se na economia de mercado e na democracia política.
Estas teses retomam, afinal, o tema da busca da perfeição e do sentido último do progresso, tópico recorrente do imaginário ocidental: está, entre outros, na sociedade sem classes de Marx, como está no estado estacionário de S. Mill ou, numa ótica metafísica, na eternidade dos cristãos.
Pragmaticamente, lidas essas teses como acontecimentos históricos (por isso insertos numa temporalidade), elas parecem salientar o efeito desmobilizador do bem-estar, efeito que os historiadores já conhecem das épocas de longas continuidades, a que, tradicionalmente, se chamava épocas felizes ou épocas sem história, numa linguagem impressionista que ilustrava a estabilidade, isto é, a lentidão da mudança.
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Como referenciar
Porto Editora – teoria do fim das ideologias na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-08 08:05:04]. Disponível em
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