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Tomás António Gonzaga
Poeta natural da cidade do Porto, onde nasceu em 1744, em Miragaia, em prédio hoje devidamente assinalado. Tomás António Gonzaga era filho de pai brasileiro e mãe portuguesa, com quem partiu para o Brasil em 1752.
Oriundo de uma família de magistrados, voltou a Portugal dez anos depois para estudar Direito em Coimbra, onde tirou o bacharelato em 1768. Exerceu magistratura em Beja e em 1782 foi enviado para o Brasil para exercer o cargo de ouvidor e procurador dos defuntos e ausentes na comarca de Vila Rica, capital de Minas Gerais, no Brasil. Esta era uma das regiões mais prósperas do Brasil, devido sobretudo à exploração do ouro. Aí o poeta encontrou um ambiente de grande efervescência intelectual, onde florescia o gosto das academias literárias, em que se agrupavam poetas como Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga e Caldas Barbosa, alguns dos quais eram antigos estudantes de Coimbra. O arcadismo brasileiro tinge-se de certo matiz folclórico, cultivando a temática do contacto com os costumes populares e usos locais.
Este ambiente intelectual e o filosofismo do século XVIII influíram na formação literária do poeta, manifestando-se na rejeição do despotismo esclarecido e na defesa de um liberalismo moderado. O seu espírito imbuído do naturalismo dos filósofos de Setecentos não permitiu, todavia, a rejeição da existência do divino, embora se manifestasse, por vezes, em ilações mais materialistas imbricadas nos ideais de libertinismo individualista e democrato-republicano que acalentou mais tarde. Foi também em Minas Gerais que Gonzaga se apaixonou por uma jovem da sociedade de Vila Rica, de 16 anos, de nome Maria Joaquina Doroteia de Seixas, que lhe inspirou toda a sua poesia - que veio a surgir sob o título de Marília de Dirceu (obra em 3 volumes, publicados entre 1792 e 1812) - Marília é o nome que deu à amada e Dirceu o nome arcádico que adotou. Trata-se de poesias eminentemente arcádicas, que combinam o bucolismo, os fingimentos pastoris, o arrebatamento amoroso e as alusões mitológicas. Dias antes da realização do casamento, foi acusado de ter feito parte da conjuração mineira contra o domínio português, a Inconfidência, comandada por Joaquim José da Silva Xavier, o seu protomártir. Em 1796 foi nomeado desembargador da Relação da Baía, para onde foi, após o seu casamento. Por ter sido acusado de tomar parte na conspiração da Inconfidência Mineira, Gonzaga foi preso e enviado para a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Acabou por ser condenado ao degredo em 1792. Instalando-se em Moçambique, casou-se no ano seguinte com Juliana Mascarenhas de Sousa, filha de um comerciante de escravos. Em 1809 foi nomeado juiz da Alfândega, acabando por falecer no ano seguinte. Gonzaga dedicou-se também, nomeadamente na juventude, a estudos jurídicos, publicando um Tratado de Direito Natural. As Cartas Chilenas, conjunto de composições satíricas, são também atribuídas a Gonzaga. Têm por tema os desacertos e arbitrariedades do governador Cunha Meneses. O sentido da dor e da complexidade da existência patente nas liras de Gonzaga aproxima-o do Pré-Romantismo, assinalando a transição do Classicismo para o Romantismo. A precisão com que descreve o mundo exterior nos gestos do trabalho quotidiano, no traço físico do retrato, no colorido das marinhas situam-no na linha de um realismo poético que vai culminar em Cesário Verde.
Este ambiente intelectual e o filosofismo do século XVIII influíram na formação literária do poeta, manifestando-se na rejeição do despotismo esclarecido e na defesa de um liberalismo moderado. O seu espírito imbuído do naturalismo dos filósofos de Setecentos não permitiu, todavia, a rejeição da existência do divino, embora se manifestasse, por vezes, em ilações mais materialistas imbricadas nos ideais de libertinismo individualista e democrato-republicano que acalentou mais tarde. Foi também em Minas Gerais que Gonzaga se apaixonou por uma jovem da sociedade de Vila Rica, de 16 anos, de nome Maria Joaquina Doroteia de Seixas, que lhe inspirou toda a sua poesia - que veio a surgir sob o título de Marília de Dirceu (obra em 3 volumes, publicados entre 1792 e 1812) - Marília é o nome que deu à amada e Dirceu o nome arcádico que adotou. Trata-se de poesias eminentemente arcádicas, que combinam o bucolismo, os fingimentos pastoris, o arrebatamento amoroso e as alusões mitológicas. Dias antes da realização do casamento, foi acusado de ter feito parte da conjuração mineira contra o domínio português, a Inconfidência, comandada por Joaquim José da Silva Xavier, o seu protomártir. Em 1796 foi nomeado desembargador da Relação da Baía, para onde foi, após o seu casamento. Por ter sido acusado de tomar parte na conspiração da Inconfidência Mineira, Gonzaga foi preso e enviado para a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Acabou por ser condenado ao degredo em 1792. Instalando-se em Moçambique, casou-se no ano seguinte com Juliana Mascarenhas de Sousa, filha de um comerciante de escravos. Em 1809 foi nomeado juiz da Alfândega, acabando por falecer no ano seguinte. Gonzaga dedicou-se também, nomeadamente na juventude, a estudos jurídicos, publicando um Tratado de Direito Natural. As Cartas Chilenas, conjunto de composições satíricas, são também atribuídas a Gonzaga. Têm por tema os desacertos e arbitrariedades do governador Cunha Meneses. O sentido da dor e da complexidade da existência patente nas liras de Gonzaga aproxima-o do Pré-Romantismo, assinalando a transição do Classicismo para o Romantismo. A precisão com que descreve o mundo exterior nos gestos do trabalho quotidiano, no traço físico do retrato, no colorido das marinhas situam-no na linha de um realismo poético que vai culminar em Cesário Verde.
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Como referenciar
Porto Editora – Tomás António Gonzaga na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-04 16:50:14]. Disponível em
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