tradição
A crise da modernidade induz a uma relação em que os elementos em confronto não são já progresso e tradição, mas sim progresso e mudança. A tradição instalou-se na modernidade, exercendo sobre ela a mesma eficácia ambígua, contraditória e corrosiva que a modernidade tinha projetado, durante muitas décadas, sobre a tradição.
Inerente à ideia de modernidade, surge um contraste com a tradição como modo de integrar o controlo reflexivo da ação na organização espácio-temporal da comunidade, podendo encontrar-se muitas combinações do moderno com o tradicional nos contextos sociais concretos.
Tal conceção torna indispensável recorrer ao 'problema da ordem', que, no contexto da transformação social e no contexto da sociedade, é fulcral para a interpretação da delimitabilidade dos sistemas sociais, devendo ser referido ao problema de como esses mesmos sistemas associam tempo e espaço.
Na relação entre a modernidade e a transformação do tempo e do espaço, a que a própria modernidade dá origem, o desenvolvimento do 'espaço vazio' pode ser entendido em termos de separação do espaço em relação ao 'lugar', que se conceptualiza através da ideia de local, referindo-se aos cenários físicos da atividade social situada geograficamente.
Com o advento da modernidade - salienta Redfield -, o lugar torna-se cada vez mais 'vazio', modelado e penetrado por influências sociais distantes, sendo numa articulação entre o local e o global que as tendências globalizantes da modernidade ligam os indivíduos a sistemas de larga escala como parte de uma complexa dialética entre tradição e modernidade.
No entanto, a separação do tempo relativamente ao espaço e a sua constituição em dimensões 'vazias' corta as ligações entre a atividade social e a sua 'contextualização' nas particularidades dos contextos de presença. Estamos perante uma situação de descontextualização, de 'desinserção' das relações sociais dos contextos de interação e a sua reestruturação através de extensões indefinidas de espaço e tempo.
Imbuído numa relação entre passado, presente e futuro, para o Homem o passado legitima, geralmente, uma ordem social presente, traduzindo-se no que se designa por 'memória coletiva ou social' e que Sobral define como uma dimensão essencial da vida humana, onde se incluem 'práticas elementares' que asseguram a sobrevivência do indivíduo, circulando através da interação constante entre os intervenientes que recordam os acontecimentos, que tanto podem ser os de hoje, como os de há décadas, sendo as versões ouvidas, corrigidas e questionadas por todos, o que confere à rememoração um carácter coletivo.
Neste sentido, o papel da tradição é o de permitir reanalisar o passado, em situação de presente, evocar papéis sociais do mundo de ontem, não afastando a necessidade de a própria tradição ter de ser reinventada por cada nova geração.
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