Vienne
Décimo quinto concílio ecuménico da Igreja do Ocidente, reunido em Vienne, na França, entre 1311 e 1312, convocado pelo papa Clemente V.
Clemente V (1305-1314) era um papa de origem francesa, que entendeu, depois da sua eleição, não ser necessário fixar-se em Roma, permanecendo em terras gaulesas, mais concretamente em Avinhão, cidade que seria adquirida pela cúria papal em 1348. Nos dois séculos anteriores, o papado lutara contra a hegemonia e controlo da coroa germânica, colocando-se em meados de Trezentos, como dizia o teólogo August Franzen, sob a égide de uma outra monarquia, a francesa. À qual se submeteram e de que foram bastas vezes instrumentos do seu poder.
Como sucederia neste concílio de Vienne, na Provença, sul de França, convocado pelo plácido papa Clemente V, sucumbido à tutela de Filipe o Belo, poderoso soberano francês (1285-1314). A fraqueza do papa poder-se-á medir com o seu alinhamento com o dito rei na questão dos Templários, ordem religiosa militar estabelecida na Europa depois das Cruzadas e detentora de vasto património fundiário e pecuniário, principalmente em França. Em 1307 foram presos mais de 2000 cavaleiros do Templo, muitos deles supliciados por Filipe, mas nada fez Clemente V para o travar. O objetivo fora conseguido: a apropriação dos bens dos Templários em França. Mais tarde, em 1314, cumulando todo o processo, o grão-mestre do Tempo, Jacques de Molay, foi queimado na fogueira em Paris, sem a oposição de Clemente V.
Mas o grande instrumento legal de todo este processo contra os Templários foi o concílio de Vienne, que se realizou entre 16 de outubro de 1311 e 6 de maio de 1312 (com cerca de 300 bispos, os patriarcas de Alexandria e Antioquia e três reis, o de França, Eduardo II de Inglaterra e Tiago II de Aragão), que em grande parte serviu para eliminar aquela ordem da Cristandade e reduzir os seus bens à posse dos senhores laicos, as monarquias e seus braços feudais. D. Dinis, rei de Portugal à época (1275-1325), conseguiu no entanto transferir os bens dos Templários portugueses não para a Coroa nacional mas antes para uma nova ordem militar, a futura Ordem de Cristo, relacionada com a coroa mas com património e administração próprias, uma solução bem mais pacífica e legal que a de Filipe o Belo.
Além das questões dos Templários e do controlo do papa por parte da coroa francesa, este concílio de Vienne ocupou-se ainda do debate acerca da Pobreza de Cristo, em função da polémica acerca do verdadeiro sentido da Pobreza e da imitação da comunidade apostólica de Jerusalém. Pouco se avançou em Vienne acerca desta questão, que afetava a moralidade e os costumes e práticas tanto do clero como dos fiéis, questão que esteve na base de muitas críticas e intentos de reforma da Igreja em alguns setores da Cristandade ocidental, criando porém heresias e erros doutrinais. Assim, Vienne condenou os erros dos Begardos e das Beguinas, associações de vida cristã contemplativa, caritativa e pauperística que redundariam na heresia e nos erros doutrinais. A perfeição espiritual era um dos seus objetivos, como o era de Pierre Jean d'Olivi, teólogo francês defensor da pobreza de Cristo, que deveria ser extensível ao clero e a todos os cristãos, o que lhe valeu a condenação pelo concílio de Vienne, tal como ainda sucedeu aos Fraticelli e aos Dolcinitas, heresias apocalíptico-milenaristas de cariz pauperístico que assolaram a Europa meridional, criticando a Igreja opulenta e trucidando clérigos e grupos de cristãos. Em Vienne ainda se defendeu o socorro à Terra Santa, bem como se tentou, sem grande entusiasmo, contudo, o restabelecimento da disciplina eclesiástica. Neste concílio legislou-se também a favor do ensino das línguas orientais nas universidades, bem como se procurou tentar deixar vivo o espírito de cruzada.
Clemente V (1305-1314) era um papa de origem francesa, que entendeu, depois da sua eleição, não ser necessário fixar-se em Roma, permanecendo em terras gaulesas, mais concretamente em Avinhão, cidade que seria adquirida pela cúria papal em 1348. Nos dois séculos anteriores, o papado lutara contra a hegemonia e controlo da coroa germânica, colocando-se em meados de Trezentos, como dizia o teólogo August Franzen, sob a égide de uma outra monarquia, a francesa. À qual se submeteram e de que foram bastas vezes instrumentos do seu poder.
Como sucederia neste concílio de Vienne, na Provença, sul de França, convocado pelo plácido papa Clemente V, sucumbido à tutela de Filipe o Belo, poderoso soberano francês (1285-1314). A fraqueza do papa poder-se-á medir com o seu alinhamento com o dito rei na questão dos Templários, ordem religiosa militar estabelecida na Europa depois das Cruzadas e detentora de vasto património fundiário e pecuniário, principalmente em França. Em 1307 foram presos mais de 2000 cavaleiros do Templo, muitos deles supliciados por Filipe, mas nada fez Clemente V para o travar. O objetivo fora conseguido: a apropriação dos bens dos Templários em França. Mais tarde, em 1314, cumulando todo o processo, o grão-mestre do Tempo, Jacques de Molay, foi queimado na fogueira em Paris, sem a oposição de Clemente V.
Mas o grande instrumento legal de todo este processo contra os Templários foi o concílio de Vienne, que se realizou entre 16 de outubro de 1311 e 6 de maio de 1312 (com cerca de 300 bispos, os patriarcas de Alexandria e Antioquia e três reis, o de França, Eduardo II de Inglaterra e Tiago II de Aragão), que em grande parte serviu para eliminar aquela ordem da Cristandade e reduzir os seus bens à posse dos senhores laicos, as monarquias e seus braços feudais. D. Dinis, rei de Portugal à época (1275-1325), conseguiu no entanto transferir os bens dos Templários portugueses não para a Coroa nacional mas antes para uma nova ordem militar, a futura Ordem de Cristo, relacionada com a coroa mas com património e administração próprias, uma solução bem mais pacífica e legal que a de Filipe o Belo.
Além das questões dos Templários e do controlo do papa por parte da coroa francesa, este concílio de Vienne ocupou-se ainda do debate acerca da Pobreza de Cristo, em função da polémica acerca do verdadeiro sentido da Pobreza e da imitação da comunidade apostólica de Jerusalém. Pouco se avançou em Vienne acerca desta questão, que afetava a moralidade e os costumes e práticas tanto do clero como dos fiéis, questão que esteve na base de muitas críticas e intentos de reforma da Igreja em alguns setores da Cristandade ocidental, criando porém heresias e erros doutrinais. Assim, Vienne condenou os erros dos Begardos e das Beguinas, associações de vida cristã contemplativa, caritativa e pauperística que redundariam na heresia e nos erros doutrinais. A perfeição espiritual era um dos seus objetivos, como o era de Pierre Jean d'Olivi, teólogo francês defensor da pobreza de Cristo, que deveria ser extensível ao clero e a todos os cristãos, o que lhe valeu a condenação pelo concílio de Vienne, tal como ainda sucedeu aos Fraticelli e aos Dolcinitas, heresias apocalíptico-milenaristas de cariz pauperístico que assolaram a Europa meridional, criticando a Igreja opulenta e trucidando clérigos e grupos de cristãos. Em Vienne ainda se defendeu o socorro à Terra Santa, bem como se tentou, sem grande entusiasmo, contudo, o restabelecimento da disciplina eclesiástica. Neste concílio legislou-se também a favor do ensino das línguas orientais nas universidades, bem como se procurou tentar deixar vivo o espírito de cruzada.
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Como referenciar
Vienne na Infopédia [em linha]. Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/artigos/$vienne [visualizado em 2025-06-21 18:48:10].
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