zeugma
De género oscilante, o/a zeugma é uma figura estilística de sintaxe que consiste em fazer subordinar a uma palavra complementos da mesma natureza morfo-sintática (na etimologia grega significa juntar, uma vez que combina dois elementos diferentes sob a mesma palavra), mas de diferentes campos semânticos. Por outras palavras, trata-se de uma figura em que um verbo (ou adjetivo) domina diversos objetos ou frases, mas que, por serem de natureza diferente (um literal e outro metafórico), permitem a obtenção de um efeito cómico. Trata-se efetivamente de uma forma de elipse, na medida em que há supressão da palavra regente no segundo sintagma, mas com a qual se pretende obter um efeito diferente, de surpresa, pelo inusitado da combinação, como se pode verificar nos seguintes exemplos:
"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos."
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Lisboa, Dinalivro:48)
"Tu, minha Eugénia, é que não as [as botas] descalçaste nunca; foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do amor (...)"
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Lisboa, Dinalivro:72)
"com o sorriso denegrido pelos dentes e pela raiva"
(Camilo Castelo Branco)
A definição de zeugma não é porém pacífica. A noção apresentada em cima encontra-se no Dicionário da Literatura dirigido por Jacinto Prado Coelho (1997, 4.ª edição, Porto: Figueirinhas), na obra Les figures de style, de Henry Suhami (s/d, collecção Que sais-je?, Paris: PUF) e em Análise e Interpretação da obra literária, de Wolfgan Kayser (7.ª edição trad. Port. 1985, Coimbra: Arménio Amado: 126). Existe, no entanto, uma tradição na gramática portuguesa que entende o/a zeugma de maneira diferente. Celso Cunha & Lindley Cintra (1984, Nova gramática do português contemporâneo) definem assim esta figura de retórica: "A zeugma é uma das formas de elipse. Consiste em fazer participar de dois ou mais enunciados um termo expresso apenas em um deles." E no exemplo dado (Na vida dela houve só mudança de personagens: na dele mudança de personagens e de cenários. Apud, Joaquim Paço d'Arcos) explicam que se verificou uma "elipse" de "houve". Assim seria "na dele houve mudança de personagens e de cenários". Muitos manuais didáticos de literatura portuguesa seguem esta definição de zeugma como elipse.
"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos."
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Lisboa, Dinalivro:48)
"Tu, minha Eugénia, é que não as [as botas] descalçaste nunca; foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do amor (...)"
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Lisboa, Dinalivro:72)
"com o sorriso denegrido pelos dentes e pela raiva"
(Camilo Castelo Branco)
A definição de zeugma não é porém pacífica. A noção apresentada em cima encontra-se no Dicionário da Literatura dirigido por Jacinto Prado Coelho (1997, 4.ª edição, Porto: Figueirinhas), na obra Les figures de style, de Henry Suhami (s/d, collecção Que sais-je?, Paris: PUF) e em Análise e Interpretação da obra literária, de Wolfgan Kayser (7.ª edição trad. Port. 1985, Coimbra: Arménio Amado: 126). Existe, no entanto, uma tradição na gramática portuguesa que entende o/a zeugma de maneira diferente. Celso Cunha & Lindley Cintra (1984, Nova gramática do português contemporâneo) definem assim esta figura de retórica: "A zeugma é uma das formas de elipse. Consiste em fazer participar de dois ou mais enunciados um termo expresso apenas em um deles." E no exemplo dado (Na vida dela houve só mudança de personagens: na dele mudança de personagens e de cenários. Apud, Joaquim Paço d'Arcos) explicam que se verificou uma "elipse" de "houve". Assim seria "na dele houve mudança de personagens e de cenários". Muitos manuais didáticos de literatura portuguesa seguem esta definição de zeugma como elipse.
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Porto Editora – zeugma na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-08 20:24:43]. Disponível em
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