5 min

Arte Romana
favoritos

Introdução

A fundação da cidade de Roma data de meados do VIII a. C., numa altura em que o povo romano se concentrava em várias povoações, implantadas ao longo do rio Tibre.
A partir da constituição da república em 509 a. C., Roma transformou-se numa grande cidade, a partir da qual teve origem o movimento de expansão territorial que, num primeiro momento se estendeu a toda a península itálica, dominando os Etruscos, para posteriormente englobar a Grécia, Cartágo, a Gália, a Hispânia e o Egito. A pax romana implementada durante o período imperial, por Augusto, durou até ao século IV a. C., estendendo-se desde as ilhas britânicas até ao litoral africano e à Ásia Menor.

A famosa cúpula do panteão de Roma
Estátua-retrato de Augusto, do século I a.C
Ruínas do Fórum Augusto
A arte romana divide-se em dois momentos principais, determinados pelo contexto político: o período republicano que, iniciado em 509 a. C., se prolongou até metade do século I a. C.; e o período imperial, iniciado por Augusto em 27 a. C. e terminado em 476 d. C., data da Queda do Império Romano do Ocidente.

As primeiras expressões artísticas que se podem considerar especificamente romanas datam do século II a. C. A partir dessa data, as conquistas territoriais trouxeram inúmeras influências que foram gradualmente assimiladas de forma a criar um estilo único que, posteriormente, seria imposto a todas as regiões do império, originando um processo de uniformização cultural sem paralelo até então no mundo mediterrânico. A arte romana, desenvolvida por um povo de guerreiros e de construtores é, apesar das pequenas diferenciações regionais, uma arte de síntese e essencialmente prática, pragmática e realista.
 

Arquitetura
A arquitetura romana absorveu as ordens gregas, às quais acrescentou duas novas variantes. No entanto, as suas manifestações arquitetónicas, os edifícios e tipologias que inventou e a forma como utilizou os sistemas construtivos e gramaticais afastam-se radicalmente das experiências gregas.

Para além do sistema trilítico grego, os romanos empregaram abundantemente o arco, a abóbada e a cúpula, elementos construtivos que alcançaram uma monumentalidade pouco comum até esta altura.

A cultura romana encontrava-se essencialmente ligada à cidade e aos seus equipamentos privados e públicos. De entre os equipamentos públicos distinguiam-se aqueles que se implantavam junto ao Fórum (a praça central da cidade), como o templo e a basílica, e os que se localizavam noutros pontos do tecido urbano ou mesmo no exterior do recinto amuralhado, como as termas, os teatros e os anfiteatros.

O templo romano, resultante do cruzamento da solução etrusca com a tipologia grega, continha um pórtico com colunas a partir do qual se passava para uma cella fechada. Colocado, tal como os congéneres gregos, sobre um alto envasamento, possuía igualmente cobertura de duas águas, rematada por frontões triangulares. Um dos mais bem conservados templos romanos é a Maison Carrée de Nîmes, construído no século IV d. C.

O Panteão de Roma (118 e 128 d. C.), um templo construído para venerar todos os deuses, constituiu uma das mais notáveis exceções ao plano retangular. Possuindo planta circular e cobertura em forma de cúpula semiesférica, neste templo o espaço interior ganhou um desenvolvimento e uma qualidade pouco frequentes nestes edifícios.

A Basílica, grande sala de reuniões para a administração pública e para a justiça, apresenta a mesma vontade de exaltação do carácter áulico e monumental do espaço interior. Apresentava geralmente planta retangular alongada, dividida em várias naves através de séries de colunas, e rematada, nos lados menores, por absides semi-cilíndricas. A grande Basílica, erguida em Roma pelo imperador Maxência representou o apogeu técnico e formal deste tipo de edifícios.

O teatro romano era normalmente construído, formando um volume semi-cilíndrico, contrariamente ao teatro grego que se ajustava ao relevo. Para além do teatro, os romanos criaram um novo edifício, o anfiteatro, uma estrutura complexa formada por uma bancada de forma elíptica que circunda uma arena. Esta tipologia teve o seu exemplo máximo no enorme Coliseu de Roma, construído entre 70 e 80 d. C.

Para além deste edifício de carácter público, os romanos desenvolveram várias tipologias residenciais, como o palácio, a domus e a villa, que atingiram neste período um altíssimo nível de conforto.
A villa ou domus eram as residências dos altos funcionários e das famílias nobres do império. Derivadas da tipologia etrusca, estas habitações voltavam-se para o interior, organizando-se simetricamente em torno de um pátio e eram geralmente rematadas por um jardim murado. A mais notável villa construída no período romano foi o grande palácio de Adriano, em Tivoli, iniciado em 118 d. C. Em Portugal conservam-se alguns vestígios de villae romana, de entre os quais se destaca o conjunto de casas de Conímbriga.
Nas grandes cidade era frequente a existência de edifícios de habitação coletiva com comércio no piso térreo, chamados insulae.

De entre as grandes construções de engenharia erguidas pelos romanos destacam-se, pelo seu nível de desenvolvimento técnico, as pontes e os aquedutos, geralmente formados por vários níveis de arcadas, como se observa no aqueduto de Pont du Gard, construído próximo da cidade francesa de Nîmes.
 

Artes plásticas
A escultura romana partiu dos modelos gregos, infinitamente copiados e difundidos por todo o império, sendo geralmente utilizadas como ornamento de edifícios.
Dois dos mais interessantes exemplos de associação da escultura com estruturas arquitetónicas são o Ara Pacis e as Colunas de Trajano. O altar Ara Pacis, erguido entre 13 a 9 a. C., para comemorar a pax romana de Augusto, apresentava planta quadrangular e era encerrado por paredes em mármore, revestidas por baixos-relevos que misturavam elementos ornamentais gregos com cenas figurativas.

As colunas historiadas, comemorativas de campanhas militares, erguidas em 113 d. C. no centro de Roma pelo imperador Trajano, eram integralmente revestidas por relevos historiados em espiral, formando um friso contínuo.

Para além destas esculturas de carácter monumental, uma das mais originais criações romanas no campo da estatuária foi o retrato. Contrariando a perfeição ideal dos gregos ou a estilização dos egípcios, os retratos romanos procuravam maior naturalismo e individualização das personagens representadas através da identificação dos traços mais específicos do modelo. Durante o período imperial assistiu-se a uma maior idealização da representação, como o atesta o retrato de "Augusto de Prima Porta" (executado no século I a. C.).
Para além da pedra, os romanos desenvolveram alguns trabalhos em bronze, dos quais se destaca a notável estátua equestre do imperador Marco Aurélio em bronze dourado, erguida em Roma no Capitólio.

Ao nível pictórico, os romanos desenvolveram trabalhos muito variados, baseados em duas técnicas fundamentais: a pintura mural e o mosaico.
As pinturas murais eram aplicadas sobre as paredes interiores dos edifícios (geralmente residências privadas) e apresentavam características como a procura de realismo, o desejo de representar a profundidade para dar ilusão de realidade, a associação de painéis figurativos com molduras, frisos e cornijas que simulavam estruturas arquitetónicas.

Os mosaicos, aplicados em pavimentos, podiam assumir caracteres abstratos ou figurativos, sendo frequente a integração de elementos figurativos com motivos geométricos. Embora denunciem certa preferência pelas naturezas mortas com animais ou vegetais, os artistas romanos representavam também episódios mitológicos. Os mosaicos da Casa do Repuxo, de Conímbriga constituem um dos mais significativos conjuntos de mosaicos conservados em território português.

Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – Arte Romana na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-19 04:20:25]. Disponível em