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ascetismo
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Do grego asceo, "exercitar-se". Originalmente este termo significava exercício ou disciplina com um objetivo transcendente. O ascetismo pressupõe sempre uma conceção do mundo em que o homem é considerado, no seu estado atual, como um ser imperfeito que se pode aperfeiçoar. A sua imperfeição é o modo como a sua alma se relaciona com a matéria, pois está subordinada a ela. A disciplina que o ascetismo implica pretende tornar o homem o mais possível independente da matéria, porque o espírito é superior e como tal se deve comportar relativamente a algo inferior. O asceta, considerando este mundo apenas uma passagem efémera, vai-se tornando superior às suas paixões, à dor ou à felicidade, vai-se tornando desapegado do mundo, porque o que lhe interessa é apenas o mundo transcendente, eterno, e o divino.

O símbolo mais representativo da ascese será talvez aquele de que a maçonaria se serve: a pedra bruta. O homem tal como está equivale a essa pedra por trabalhar, imperfeita e cheia de irregularidades. Através da ascese ele pode ir-se aperfeiçoando até atingir aquele ponto em que a sua alma é como uma pedra cúbica, perfeita e regular. Ora, o desbaste da pedra é doloroso e dá muito trabalho, mas o resultado compensa.

Através do trabalho sobre si mesmo o asceta vai-se, então, libertando dos condicionamentos físicos e psíquicos.
Onde podemos encontrar o ascetismo? Praticamente em toda a história da humanidade e tanto na classe sacerdotal como na classe guerreira. As grandes religiões referem e assumem uma e outra, desde o Hinduísmo, o Budismo, o Taoísmo, o Judaísmo, o Islamismo e até ao Cristianismo.

Os monges de qualquer destas religiões purificam-se orando, jejuando, isolando-se e meditando nos seus livros sagrados, para se tornarem dignos de receber uma visão mística.
A par da ascese sacerdotal formou-se também uma ascese guerreira, desses homens que davam a sua vida em nome de Deus. Tal atitude implica o despojamento que só uma vida rigorosamente ascética pode conferir. É curioso como mesmo nas religiões em que se fomenta o amor como o sentimento fundamental (e qual é a religião que não o fomenta...) surge a ascese guerreira: no Budismo, temos um ramo que dele deriva no Japão e na China, respetivamente Zen e Ch?an, que estimulava este tipo de ascese - são os conhecidos samurais; no Cristianismo, temos o exemplo das Ordens de Cavalaria, como os Templários, que eram a um só tempo monges e guerreiros.

Os fundadores das religiões ou das ordens religiosas são os grandes modelos dos ascetas: Buda, filho de nobres, deixa tudo para se dedicar à busca do divino, através de uma rigorosíssima ascese; S. Francisco, filho de nobres e comerciantes abastados, abandona o lar e, seguindo o preceito evangélico, dá tudo aos pobres, incluindo a roupa do corpo.

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Como referenciar
Porto Editora – ascetismo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-12 19:40:27]. Disponível em

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