autoritarismo
Derivando do absolutismo, o autoritarismo caracteriza-se pelo exercício do poder por uma só pessoa, que toma medidas sobre os súbditos a seu bel-prazer e em exclusividade, caracterizando-se pelo arbítrio na prática desse mesmo poder. Não seguindo modelos superiores jurídicos ou éticos, o autocrata reveste-se de particularidades despóticas, possuindo uma série de mecanismos executivos como, por exemplo, tribunais e forças armadas, que aplicam as suas diretivas.
Contrário à democracia, este conceito pode também estar presente no seio de um partido político, ainda que a grande maioria dos seus membros possa não se aperceber desta finalidade, desenhada por poucos ou mesmo só um indivíduo.
Nos tempos modernos, verifica-se uma grande incidência de um género de grupos que pretendem impor uma vivência e ideais próprios a qualquer custo, como os fundamentalistas. Interliga-se com o conceito de autoritarismo a noção de autoridade, que consta de um série de elementos (segundo Max Weber, Theory of Social and Economic Organization, 1922) que outorgam um poder tão absoluto a um indivíduo (ou conjunto de indivíduos) conseguindo obediência: o carisma, que sendo uma qualidade transcendente e de cariz teológico faz com que a submissão seja automática e não forçada, tendo sido característica de regimes autocráticos greco-romanos (em que os dirigentes se afirmavam dotados de origem e inspiração divinas) e europeus (notabilizando-se o de Luís XIV); a razão apoiada em normas ou leis; e o poder atingido em muitas sociedades pela tradição, que se torna incontestável.
Em Portugal viveu-se no século XX, durante o Estado Novo, uma autocracia, em que a moralidade pública, a incorruptibilidade da pátria e a manutenção do império eram objetivos superiores e justificativos de todas as medidas, repressivas ou não. Sublinhando outra característica autoritarista, a situação desastrosa em que o País tinha ficado em termos sociais, políticos e económicos após a I República, tornou-se uma necessidade (além de legítimo) este tipo de governo restritivo mesmo sem consentimento popular, colocando um fim ao descalabro.
António de Oliveira Salazar, com a tríade Deus, Pátria e Família, encarnou os objetivos idealistas do seu regime. O autoritarismo demarca-se em certa medida dos regimes totalitários (fascismo, marxismo, maoísmo, nazismo), por aplicar, em certa medida (e nem sempre) uma conceção vivencial e de mundividência a âmbitos superiores, deixando uma certa margem para que se manifeste alguma criatividade (alguma iniciativa em particular) e uma controlada emancipação social.
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