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Carlos Zel
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Fadista, António Carlos Pereira Frazão nasceu a 29 de setembro de 1950, na Parede, e faleceu a 14 de fevereiro de 2002, em Cascais. Foi um dos poucos fadistas da sua geração a conseguirem relativo sucesso e um importante divulgador de talentos. É irmão do grande guitarrista Alcindo Frazão.

Começou a cantar cedo, apesar de sustentar que só se pode ser verdadeiramente fadista depois dos trinta anos. Ainda adolescente, cantava nas tascas e retiros da região de Cascais. Profissionalizou-se aos 17 anos. E, no ano seguinte, já cantava na Emissora Nacional. Atuou várias vezes na rádio, mas também no teatro de revista e na televisão. Passou por alguns retiros, como o Bar Galito e chegou a desempenhar a profissão de torneiro mecânico.

Pertencendo a uma geração intermédia, entalada entre os grandes nomes do fado (Amália, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro) e as mediáticas vozes do novo fado (Mísia, Marisa, Katia Guerreiro), ultrapassou o clima de desconfiança criado à volta do fado no pós-25 de abril e conseguiu fazer uma carreira notável, com 14 álbuns gravados e alguma projeção internacional. Deu concertos em países como Espanha, França, Holanda, Escócia, Dinamarca, Noruega, Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Canadá, EUA e Senegal. O seu talento foi várias vezes reconhecido, recebendo prémios como o Prémio Prestígio e o Prémio Neves de Sousa, ambos da Casa da Imprensa.

Influenciado por Manuel de Almeida e João Ferreira-Rosa, mas com uma forma de cantar inconfundível, Carlos Zel deu voz a muitos fados. Entre outros, "Meu amor morre no mar", "Sonho Louco", "Palavra à Solta", "Fado das Mãos Sujas", "Disseste que me deixavas", "Prece", "Fado Pechincha", "Tenho Saudades da Baixa", "Amar outra Vez", "Quero tanto aos Teus Olhos" ou "Travessa do poço dos negros". Estes temas estão presentes em discos como Neste Rio Vou Morrer (1978, J. C. Donas), Lusitano Vagabundo (1978, Imavox), Fados (BMG, 1993), Minha Primeira Cantiga (Emi, 1996) ou Fado (Movieplay, 1997).

Apesar de preferir fados tradicionais, ousou fazer algumas experiências, cantando ao lado de Luís Represas, Maria João & Mário Laginha, Carlos Zíngaro, Cesária Évora e Celina Pereira. No seu derradeiro disco, Com Tradição (Movieplay, 1999), inclui fados bem-humorados como o "Fado da Internet" (letra de Daniel Gouveia) e até uma adaptação do "Fado Tropical", de Chico Buarque.
Em 1993 foi um dos fundadores da Academia do Fado e da Guitarra. Nos últimos anos da sua vida, foi o impulsionador e organizador das Quartas de Fado, no Casino do Estoril, por onde passaram muitíssimas vozes de várias gerações. Nesses concertos também desempenhou o importante papel de divulgador de novos talentos. Deu, de resto, uma importante ajuda nos primeiros passos de fadistas como Camané e Katia Guerreiro.

Em 2000, encheu o Grande Auditório do Centro Cultural de Belém num concerto que marcou definitivamente a sua consagração. Dois anos depois viria a falecer, na sua casa, em Cascais.

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Porto Editora – Carlos Zel na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-16 11:16:11]. Disponível em
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