Elfriede Jelinek
Escritora austríaca, nascida a 20 de outubro de 1946 na cidade de Murzzuschlag, na província de Styria, é filha de uma mestiçagem cultural e religiosa: a mãe era uma austríaca católica, pertencente a uma família da alta burguesia vienense; o pai, engenheiro químico e autodidata, era um judeu de origem checa oriundo de um meio pobre, mas culto. Trabalhou em produção industrial estratégica durante a Segunda Guerra Mundial, conseguindo com isso escapar à perseguição nazi.
Predestinada pela mãe a transformar-se num génio da música, Elfriede Jelinek ingressou em 1950 no jardim de infância de uma instituição religiosa, em Viena, onde, a partir dos 4 anos, estudou ballet e francês. Foi muito cedo submetida a pressões cada vez mais fortes: a partir dos 7 anos a mãe obrigou-a a frequentar aulas de piano, alto e violino, para além dos estudos habituais na escola primária. Aos 16 anos entrou para o Conservatório de Música de Viena. Ingressou igualmente na Universidade de Viena para estudar Teatro e História da Arte. Por fim, esgotada, acabou por ficar doente e enfrentar uma grave crise psicológica.
Asfixiada pelo domínio materno, revoltou-se contra a autoridade e direcionou a sua atenção para as palavras e a linguagem, uma área descurada pela mãe, mas apreciada pelo pai.
A partir do final dos anos 60, Elfriede Jelinek publica os seus primeiros textos e poemas, escreve para a rádio e recebe os seus primeiros prémios literários. Em 1970 surge o seu primeiro romance, wir sind lockvogel baby!. Das suas novelas destacam-se Die Liebhaberinnen (1975), Die Ausgesperrten (1980) e Die Klavierspielerin (1983, A Pianista), uma autobiografia que esteve na origem do filme de Michael Haneke, em 2001. Descrição alucinante das relações infernais entre mãe e filha, esta obra, considerada pela crítica como escandalosa, analisa de forma impiedosa a despersonalização de uma mulher em nome da música. Também escandaloso foi o seu romance seguinte, Lust, que, editado em 1989, surge sob a forma de um texto pornográfico feminino, uma espécie de anti-história inspirada em George Bataille e Sade.
Simultaneamente política e feminista, a autora cria uma linguagem muito própria que utiliza como arma artística e estética contra os males e vícios das sociedades modernas - a exclusão das diferenças, os abusos de poder e os pesos sociais que asfixiam, esmagam e destroem.
Elfriede Jelinek inscreve-se na tradição literária austríaca junto de grandes e polémicos autores, tais como Karl Kraus e Thomas Bernhard. Tal como eles, foi considerada pornográfica e traidora da pátria, tendo recebido ameaças e visto o seu nome arrastado para a lama. Apesar disso, tem sido, ao longo da sua carreira, galardoada com múltiplos prémios literários e, embora considerada "degenerada" por parte da sociedade austríaca - supostamente a extrema direita, a escritora foi laureada com o prémio Nobel da Literatura 2004, tendo o comunicado da Academia Sueca destacado "o fluxo musical das vozes e contra-vozes presente nos romances e peças" da autora que, com "extraordinário zelo linguístico", revelam o "absurdo dos clichés da sociedade".
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