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Família Brönte
Patrick Brönte
O Reverendo Patrick Brönte, poeta e prosador com algumas obras publicadas, decidiu-se a trocar a sua Irlanda natal pela Inglaterra. Assim, e depois de uma temporada em Weatherfield, no Essex, acabou por se estabelecer no Yorkshire, onde casou com Maria Branwell, originária de Penzance, no ano de 1812, de quem teria seis crianças, nascidas porém em Thornton, no Essex.
Mudando-se com a família para Haworth, o Reverendo Patrick Brönte passou a servir a comunidade local como reitor e presidente da paróquia. Em 1821, com a morte de Maria Branwell Brönte, as crianças ficaram ao cuidado conjunto do pai e da tia, Elizabeth Branwell, de temperamento fervorosamente religioso e severo. A tragédia familiar continuaria, em 1825, com o falecimento prematuro de duas das filhas, Maria e Elizabeth.
Patrick Brönte é tido como o grande responsável pelos sucessos literários mais maduros das filhas, pelo facto de as ter amestrado na paróquia de Haworth, onde estudaram os clássicos da literatura e tiveram acesso a artigos contemporâneos publicados na imprensa. As crianças passaram a maior parte do seu tempo dentro da casa paroquial, lendo e compondo. Para fugir ao tédio e às tenebrosas realidades da sua infância, Anne, Charlotte, Emily e o pequeno Patrick criavam mundos imaginários. Iriam ser continuados por Emily e Anne na sua saga de Gondal, e por Charlotte e Patrick, nas suas histórias de Angria, a sua terra de fantasia, e que teriam sido inspiradas nos soldadinhos de chumbo do petiz, e pelos contos populares, muitas vezes brutais, que lhes contava a criada, Tabitha Ayckroyd.
Charlotte Brönte
Nascida em 1816, Charlotte Brönte cedo partiu da sua terra natal. Com apenas oito anos de idade, foi conduzida a Lancashire, com o intuito de poder frequentar uma escola própria para filhas de membros do clero, a Clergy Daughter´s School. Ao cabo de um ano, e devido às duras condições que aí se faziam sentir, regressou a casa. Mais tarde, por volta de 1831, estudou na escola de Roe Head, onde continuaria como professora, até ser forçada a abandonar a sua posição por razões de melancolia explícita.
Viajou até Bruxelas, no ano de 1842, na companhia de Emily, com o objetivo de estudar as línguas francesa e alemã, e ainda Gestão. As suas tentativas no sentido de fundar a sua própria escola viriam a falhar, em 1844. Dois anos depois, publicou, em coautoria com as suas irmãs, uma coletânea de poemas assinada com pseudónimos, que permanceceram, intitulada Poems by Currer, Elis and Acton Bell, sendo Currer Bell o pseudónimo utilizado por Charlotte. Apenas duas cópias da obra conseguiriam ser vendidas. Na altura da sua publicação, Charlotte já havia terminado o seu primeiro romance, The Professor, que nunca chegaria a ser publicado no tempo de vida da autora. Baseado na sua experiência, não só do ensino, como da aventura que aí viveu ao apaixonar-se por um homem casado, Heger, proprietário de um colégio interno de raparigas onde Charlotte viria a lecionar. Em trabalhos posteriores, como Shirley (1848) e Vilette (1853), a autora recorreu também à sua experiência belga.
Em 1847, Charlotte Brönte publicou a obra que viria a ser considerada como o grande sucesso da sua carreira, Jane Eyre. Utilizando as suas memórias da escola evangélica, e dos seus tempos de governanta, descrevia as opções limitadas que se estendiam às mulheres cultivadas mas empobrecidas da sua época. Embora a sua identidade tivesse acabado por ser revelada, continuou a assinar com o nome Currer Bell. No entanto, na confusão dos nomes, a sua tragédia, Belisarius, perdeu-se.
Charlotte veio a casar com o cura da paróquia do seu pai, Arthur Bell Nicholls, mas o matrimónio foi demasiado efémero. Viria a falecer, durante a gravidez, a 31 de março de 1855, em Haworth, no Yorkshire.
Emily Brönte
Emily Brönte nasceu em 1818. Entre 1824 e 1825, frequentou a Cowan Bridge School, mas fez a sua aprendizagem sobretudo em casa. A partir de 1835, e durante os sete anos seguintes, trabalhou como governanta, até partir eventualmente na companhia da sua irmã Charlotte para Bruxelas. Regressou contudo a casa cerca de um ano depois, onde permaneceria a cuidar do pai após a morte da sua tia.
Sem amigos íntimos, diz-se ter nutrido particular interesse pelo misticismo. Publicou um romance apenas, Wuthering Heights (1847) que, embora não constituindo um sucesso imediato, foi posteriormente aclamado como um dos romances mais intensos da língua inglesa. Após a sua morte, causada pela tuberculose, em 1848, Charlotte e Anne visitaram o editor George Smith, revelando as suas identidades, na intenção de pôr fim aos rumores de que seria o seu irmão Patrick o verdadeiro autor da obra.
Anne Brönte
Nascida em 1820, Anne Brönte foi governanta de 1839 a 1845, primeiro no Blake Hall, e depois no Thorpe Green Hall, onde teve que abandonar o seu cargo devido a complicações sentimentais causadas pelo irmão, que aí se lhe juntara.
O seu primeiro romance, Agnes Grey, baseado na sua experiência como governanta, seria publicado em 1847. Seguiu-se-lhe The Tenant of Windfell Hall, um ano depois, que foi um sucesso controverso.
Adoeceu com tuberculose e veio a falecer, em Scarborough, em maio de 1849.
Patrick Branwell Brönte
Nascido em 1817, levou uma vida de dissipação e desperdício. Depois de ter falhado como pintor e escritor, o seu único trabalho foi a colaboração com Charlotte na criação do mundo imaginário de Angria. Dado à bebida e ao ópio, foi despedido de um cargo como tutor, em consequência de se ter apaixonado pela patroa, uma tal Mrs. Robinson. Regressando a Haworth, faleceu em setembro de 1848. Dele ficaria sobretudo a memória nos pubs locais de ter sido um excelente orador, e a grande pena de não ter deitado ao papel a voz que parece ter sabido encantar.
O Reverendo Patrick Brönte, poeta e prosador com algumas obras publicadas, decidiu-se a trocar a sua Irlanda natal pela Inglaterra. Assim, e depois de uma temporada em Weatherfield, no Essex, acabou por se estabelecer no Yorkshire, onde casou com Maria Branwell, originária de Penzance, no ano de 1812, de quem teria seis crianças, nascidas porém em Thornton, no Essex.
Mudando-se com a família para Haworth, o Reverendo Patrick Brönte passou a servir a comunidade local como reitor e presidente da paróquia. Em 1821, com a morte de Maria Branwell Brönte, as crianças ficaram ao cuidado conjunto do pai e da tia, Elizabeth Branwell, de temperamento fervorosamente religioso e severo. A tragédia familiar continuaria, em 1825, com o falecimento prematuro de duas das filhas, Maria e Elizabeth.
Patrick Brönte é tido como o grande responsável pelos sucessos literários mais maduros das filhas, pelo facto de as ter amestrado na paróquia de Haworth, onde estudaram os clássicos da literatura e tiveram acesso a artigos contemporâneos publicados na imprensa. As crianças passaram a maior parte do seu tempo dentro da casa paroquial, lendo e compondo. Para fugir ao tédio e às tenebrosas realidades da sua infância, Anne, Charlotte, Emily e o pequeno Patrick criavam mundos imaginários. Iriam ser continuados por Emily e Anne na sua saga de Gondal, e por Charlotte e Patrick, nas suas histórias de Angria, a sua terra de fantasia, e que teriam sido inspiradas nos soldadinhos de chumbo do petiz, e pelos contos populares, muitas vezes brutais, que lhes contava a criada, Tabitha Ayckroyd.
Charlotte Brönte
Nascida em 1816, Charlotte Brönte cedo partiu da sua terra natal. Com apenas oito anos de idade, foi conduzida a Lancashire, com o intuito de poder frequentar uma escola própria para filhas de membros do clero, a Clergy Daughter´s School. Ao cabo de um ano, e devido às duras condições que aí se faziam sentir, regressou a casa. Mais tarde, por volta de 1831, estudou na escola de Roe Head, onde continuaria como professora, até ser forçada a abandonar a sua posição por razões de melancolia explícita.
Viajou até Bruxelas, no ano de 1842, na companhia de Emily, com o objetivo de estudar as línguas francesa e alemã, e ainda Gestão. As suas tentativas no sentido de fundar a sua própria escola viriam a falhar, em 1844. Dois anos depois, publicou, em coautoria com as suas irmãs, uma coletânea de poemas assinada com pseudónimos, que permanceceram, intitulada Poems by Currer, Elis and Acton Bell, sendo Currer Bell o pseudónimo utilizado por Charlotte. Apenas duas cópias da obra conseguiriam ser vendidas. Na altura da sua publicação, Charlotte já havia terminado o seu primeiro romance, The Professor, que nunca chegaria a ser publicado no tempo de vida da autora. Baseado na sua experiência, não só do ensino, como da aventura que aí viveu ao apaixonar-se por um homem casado, Heger, proprietário de um colégio interno de raparigas onde Charlotte viria a lecionar. Em trabalhos posteriores, como Shirley (1848) e Vilette (1853), a autora recorreu também à sua experiência belga.
Em 1847, Charlotte Brönte publicou a obra que viria a ser considerada como o grande sucesso da sua carreira, Jane Eyre. Utilizando as suas memórias da escola evangélica, e dos seus tempos de governanta, descrevia as opções limitadas que se estendiam às mulheres cultivadas mas empobrecidas da sua época. Embora a sua identidade tivesse acabado por ser revelada, continuou a assinar com o nome Currer Bell. No entanto, na confusão dos nomes, a sua tragédia, Belisarius, perdeu-se.
Charlotte veio a casar com o cura da paróquia do seu pai, Arthur Bell Nicholls, mas o matrimónio foi demasiado efémero. Viria a falecer, durante a gravidez, a 31 de março de 1855, em Haworth, no Yorkshire.
Emily Brönte
Emily Brönte nasceu em 1818. Entre 1824 e 1825, frequentou a Cowan Bridge School, mas fez a sua aprendizagem sobretudo em casa. A partir de 1835, e durante os sete anos seguintes, trabalhou como governanta, até partir eventualmente na companhia da sua irmã Charlotte para Bruxelas. Regressou contudo a casa cerca de um ano depois, onde permaneceria a cuidar do pai após a morte da sua tia.
Sem amigos íntimos, diz-se ter nutrido particular interesse pelo misticismo. Publicou um romance apenas, Wuthering Heights (1847) que, embora não constituindo um sucesso imediato, foi posteriormente aclamado como um dos romances mais intensos da língua inglesa. Após a sua morte, causada pela tuberculose, em 1848, Charlotte e Anne visitaram o editor George Smith, revelando as suas identidades, na intenção de pôr fim aos rumores de que seria o seu irmão Patrick o verdadeiro autor da obra.
Anne Brönte
Nascida em 1820, Anne Brönte foi governanta de 1839 a 1845, primeiro no Blake Hall, e depois no Thorpe Green Hall, onde teve que abandonar o seu cargo devido a complicações sentimentais causadas pelo irmão, que aí se lhe juntara.
O seu primeiro romance, Agnes Grey, baseado na sua experiência como governanta, seria publicado em 1847. Seguiu-se-lhe The Tenant of Windfell Hall, um ano depois, que foi um sucesso controverso.
Adoeceu com tuberculose e veio a falecer, em Scarborough, em maio de 1849.
Patrick Branwell Brönte
Nascido em 1817, levou uma vida de dissipação e desperdício. Depois de ter falhado como pintor e escritor, o seu único trabalho foi a colaboração com Charlotte na criação do mundo imaginário de Angria. Dado à bebida e ao ópio, foi despedido de um cargo como tutor, em consequência de se ter apaixonado pela patroa, uma tal Mrs. Robinson. Regressando a Haworth, faleceu em setembro de 1848. Dele ficaria sobretudo a memória nos pubs locais de ter sido um excelente orador, e a grande pena de não ter deitado ao papel a voz que parece ter sabido encantar.
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Como referenciar
Porto Editora – Família Brönte na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-02 11:05:32]. Disponível em
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