Filipe Hodarte

Escultor de origem francesa, também referido como Filipe Odart, Duarte ou Duardos e Olart em Espanha (Toledo), foi um artista do século XVI que se pensa ter ascendência francesa, porque isso mencionam documentos da época elaborados no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Para este mesmo local efetuou Hodarte várias esculturas, como um conjunto completo que representa a Última Ceia (datado de 1534) com todos os pormenores para o topo do refeitório e que se encontra hoje, reconstituído, no Museu Machado de Castro, depois de ter passado por um desmantelamento e um desmembramento das estátuas. Dada a sua ascendência, pode colocar-se a hipótese de ter levado a cabo os seus estudos nas oficinas mais conceituadas da França de então, como as da Borgonha ou de Champagne, além das suas obras mostrarem que Hodarte tinha uma visão bastante alargada da arte praticada em regiões que se destacaram pela qualidade das obras escultóricas, como foi o caso da Lombardia.
Trabalhou também na Sé de Toledo, entre 1522 e 1526, e para lá efetuou, por exemplo, o "Cristo del Olvido", os retábulos de S. Pedro Mártir, S. Bernardo, S. Francisco e S. Jerónimo e três relevos apostos a uns pilares da dita catedral, entre outras obras que não chegaram ao tempo presente. Relativamente ao seu trabalho em Portugal, pensa-se também que fez a escultura de D. Duarte de Lemos (cerca de 1535), que se encontra na igreja de Trofa do Vouga, e a de D. Luís da Silveira (cerca de 1535) da igreja matriz de Góis, além das figuras da torre e do alpendre da Capela dos Coimbra em Braga. Estas foram feitas por volta de 1530 e representam S. Paulo Eremita, Santo Antão, S. João Batista, S. Paulo Apóstolo, S. Tiago Maior, Nossa Senhora com o Menino, um fauno e um centauro. Estes dois últimos animais, pertencentes à mitologia clássica, mostram que o autor estava a par da tendência renascentista contemporânea na Europa e particularmente em Itália, tal como acima foi referido.