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Francisco Lyon de Castro
Editor e ativista político português, Francisco Lyon de Castro nasceu a 24 de outubro de 1914, em Lisboa.
O mais novo de dez irmãos e neto de um escocês, Lyon de Castro começou a trabalhar, aos 14 anos de idade, como aprendiz de Artes Gráficas na Imprensa Nacional, onde se relacionou com operários anarquistas, sindicalistas e comunistas. Em 1932, fundou o jornal Mocidade Livre, que constituía uma frente democrática de jovens operários e estudantis e que esteve, posteriormente, ligada à formação da União Cultural Mocidade Livre.
Em 1933, filiou-se no Partido Comunista Português e, em finais desse mesmo ano, participou na elaboração de um movimento contra o regime do Estado Novo, que liderou, a 18 de janeiro de 1934, a revolta dos vidreiros da Marinha Grande. Em consequência das várias prisões e repressões que se sucederam após a revolta, Lyon de Castro exilou-se em Madrid, onde passou a militar pelo Partido Comunista Espanhol, contactando então com figuras de destaque, como Dolores Ibarruri e Francisco Paula de Oliveira. Em seguida, foi clandestinamente para Paris, onde trabalhou em organismos democráticos e de solidariedade, sobretudo entre operários portugueses estabelecidos na região parisiense.
Quando regressou a Portugal, foi preso e julgado pelo Tribunal Militar Especial que o condenou a quatro anos de desterro, cumprindo a pena na Fortaleza de São João Batista, em Angra do Heroísmo, nos Açores. Durante a sua prisão, teve conhecimento do Pacto Germano-Soviético, assinado em 1939, e abandonou, por isso, o Partido Comunista Português.
Depois de ser libertado, em 1940, regressou a Lisboa e, após ter trabalhado na pequena empresa da família, fundou a Publicações Europa-América, em 1945, que tinha como objetivo não só o desenvolvimento da atividade editorial, como também da importação de livros e de periódicos estrangeiros. No entanto, essas importações, que levaram por duas vezes à prisão de Lyon de Castro, eram retidas nos correios pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PDVE) e pelos Serviços de Censura.
Em 1952, fundou o jornal Ler que tinha a colaboração de diversos intelectuais, como Piteira Santos, Cardoso Pires, Maria Lamas, Mário Dionísio, António Quadros, José Régio e Orlando Ribeiro. Foi contudo proibida a sua publicação, no ano seguinte, pela Censura.
Em 1962, num congresso da União Internacional de Editores, em Barcelona, e em 1965, em Washington, o editor acusou o regime português da prática de censura e da proibição de lançamento de certos livros estrangeiros e nacionais. Na fase antecedente ao 25 de abril, a editora conseguiu publicar autores "proibidos", como Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, García Márquez e Jorge Amado.
Em dezembro de 1975, foi convidado para a administração da empresa Notícias-Capital, que agrupava os jornais Diário de Notícias e A Capital, e para a presidência da Comissão de Reestruturação da Imprensa Estatizada, funções que aceitou na condição de não receber qualquer remuneração. Para além disso, Francisco Lyon de Castro foi, após o 25 de abril, o primeiro presidente eleito da Associação Portuguesa de Editores e da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas. Em 2000, participou também ativamente na criação da União de Escritores Portugueses e, até à data da sua morte, era o mais antigo editor no mundo em funções.
Recebeu algumas condecorações, como a da Ordem Nacional de Mérito da França (1975) pelo Presidente François Mitterrand, a do grau de Comendador da Ordem da Liberdade (1975) pelo Presidente António Ramalho Eanes e a do grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras (2000) pelo Governo francês.
Francisco Lyon de Castro faleceu a 11 de abril de 2004, em Sintra.
O mais novo de dez irmãos e neto de um escocês, Lyon de Castro começou a trabalhar, aos 14 anos de idade, como aprendiz de Artes Gráficas na Imprensa Nacional, onde se relacionou com operários anarquistas, sindicalistas e comunistas. Em 1932, fundou o jornal Mocidade Livre, que constituía uma frente democrática de jovens operários e estudantis e que esteve, posteriormente, ligada à formação da União Cultural Mocidade Livre.
Em 1933, filiou-se no Partido Comunista Português e, em finais desse mesmo ano, participou na elaboração de um movimento contra o regime do Estado Novo, que liderou, a 18 de janeiro de 1934, a revolta dos vidreiros da Marinha Grande. Em consequência das várias prisões e repressões que se sucederam após a revolta, Lyon de Castro exilou-se em Madrid, onde passou a militar pelo Partido Comunista Espanhol, contactando então com figuras de destaque, como Dolores Ibarruri e Francisco Paula de Oliveira. Em seguida, foi clandestinamente para Paris, onde trabalhou em organismos democráticos e de solidariedade, sobretudo entre operários portugueses estabelecidos na região parisiense.
Quando regressou a Portugal, foi preso e julgado pelo Tribunal Militar Especial que o condenou a quatro anos de desterro, cumprindo a pena na Fortaleza de São João Batista, em Angra do Heroísmo, nos Açores. Durante a sua prisão, teve conhecimento do Pacto Germano-Soviético, assinado em 1939, e abandonou, por isso, o Partido Comunista Português.
Depois de ser libertado, em 1940, regressou a Lisboa e, após ter trabalhado na pequena empresa da família, fundou a Publicações Europa-América, em 1945, que tinha como objetivo não só o desenvolvimento da atividade editorial, como também da importação de livros e de periódicos estrangeiros. No entanto, essas importações, que levaram por duas vezes à prisão de Lyon de Castro, eram retidas nos correios pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PDVE) e pelos Serviços de Censura.
Em 1952, fundou o jornal Ler que tinha a colaboração de diversos intelectuais, como Piteira Santos, Cardoso Pires, Maria Lamas, Mário Dionísio, António Quadros, José Régio e Orlando Ribeiro. Foi contudo proibida a sua publicação, no ano seguinte, pela Censura.
Em 1962, num congresso da União Internacional de Editores, em Barcelona, e em 1965, em Washington, o editor acusou o regime português da prática de censura e da proibição de lançamento de certos livros estrangeiros e nacionais. Na fase antecedente ao 25 de abril, a editora conseguiu publicar autores "proibidos", como Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, García Márquez e Jorge Amado.
Em dezembro de 1975, foi convidado para a administração da empresa Notícias-Capital, que agrupava os jornais Diário de Notícias e A Capital, e para a presidência da Comissão de Reestruturação da Imprensa Estatizada, funções que aceitou na condição de não receber qualquer remuneração. Para além disso, Francisco Lyon de Castro foi, após o 25 de abril, o primeiro presidente eleito da Associação Portuguesa de Editores e da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas. Em 2000, participou também ativamente na criação da União de Escritores Portugueses e, até à data da sua morte, era o mais antigo editor no mundo em funções.
Recebeu algumas condecorações, como a da Ordem Nacional de Mérito da França (1975) pelo Presidente François Mitterrand, a do grau de Comendador da Ordem da Liberdade (1975) pelo Presidente António Ramalho Eanes e a do grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras (2000) pelo Governo francês.
Francisco Lyon de Castro faleceu a 11 de abril de 2004, em Sintra.
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Como referenciar
Porto Editora – Francisco Lyon de Castro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-14 15:13:15]. Disponível em
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