ideologia dominante
Numa determinada sociedade coexistem ou polarizam-se diversas ideologias. No entanto, a classe dominante, ao deter os meios de produção material, possuiria também os mecanismos e instrumentos de produção simbólico-ideológica (representações e discursos, signos e símbolos, condutas e atitudes), de modo a constituir-se como ideologia dominante, justificando o statu quo e legitimando os interesses da(s) classe(s) (sub)dominante(s). Perante esta visão instrumental-utilitarista e tradicionamente prevalecente no seio do marxismo, têm surgido conceções que, além de concederem uma relativa autonomia ao Estado, assumem que o conjunto de variáveis agregadas sob o conceito de ideologia não constitui, obviamente, um campo separado do económico, do social e do político, mas detém uma relativa autonomia e especificidades práticas na produção de sentido que importa detetar em cada formação social concreta.
É justamente uma conceção não instrumental nem mecanicista de ideologia dominante que nos permite aferir as discrepâncias ou dissonâncias entre as ideologias dominantes proclamadas e as nem sempre interiorizadas práticas por parte das classes dominadas. Apesar das aparências de assentimento na esfera pública, nem sempre os grupos sociais dominados interiorizam a ideologia dominante, dando lugar a 'registos ocultos' e dissidentes, a um nível 'infrapolítico', nas esferas informais.
Segundo a interpretação tradicional do marxismo, defendida sobretudo durante o estalinismo, uma vez socializados os meios de produção, transformadas as infraestruturas técnico-económicas e as relações de produção pela mediação do Estado socialista, revolucionar-se-iam as formas superstruturais ideológicas e culturais, possibilitando a emergência do "homem novo", o que de facto não ocorreu até hoje nas diversas experiências socialistas. Por isso, se a transformação ideológica das sociedades implica uma crítica permanente às ideologias dominantes da sociedade burguesa e uma mudança nas condições materiais de (re)produção, tal mudança poderá ficar comprometida se qualquer bloco de poder emergente e alternativo não comportar uma real hegemonia ideológica e não induzir novas práticas sociais.
Perante a emergência da sociedade pós-industrial e pós-moderna (novas tecnologias, bem-estar geral, Estado-providência), vários autores (Bell, 1973; Fukuyama, 1992) proclamam estarmos a caminhar para o 'fim das ideologias' e/ou 'fim da história', posição que, não sendo obviamente inocente, visa, sem o reconhecer, inculcar o conformismo social e, em última instância, reforçar as ideologias do statu quo.
É justamente uma conceção não instrumental nem mecanicista de ideologia dominante que nos permite aferir as discrepâncias ou dissonâncias entre as ideologias dominantes proclamadas e as nem sempre interiorizadas práticas por parte das classes dominadas. Apesar das aparências de assentimento na esfera pública, nem sempre os grupos sociais dominados interiorizam a ideologia dominante, dando lugar a 'registos ocultos' e dissidentes, a um nível 'infrapolítico', nas esferas informais.
Segundo a interpretação tradicional do marxismo, defendida sobretudo durante o estalinismo, uma vez socializados os meios de produção, transformadas as infraestruturas técnico-económicas e as relações de produção pela mediação do Estado socialista, revolucionar-se-iam as formas superstruturais ideológicas e culturais, possibilitando a emergência do "homem novo", o que de facto não ocorreu até hoje nas diversas experiências socialistas. Por isso, se a transformação ideológica das sociedades implica uma crítica permanente às ideologias dominantes da sociedade burguesa e uma mudança nas condições materiais de (re)produção, tal mudança poderá ficar comprometida se qualquer bloco de poder emergente e alternativo não comportar uma real hegemonia ideológica e não induzir novas práticas sociais.
Perante a emergência da sociedade pós-industrial e pós-moderna (novas tecnologias, bem-estar geral, Estado-providência), vários autores (Bell, 1973; Fukuyama, 1992) proclamam estarmos a caminhar para o 'fim das ideologias' e/ou 'fim da história', posição que, não sendo obviamente inocente, visa, sem o reconhecer, inculcar o conformismo social e, em última instância, reforçar as ideologias do statu quo.
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Como referenciar
Porto Editora – ideologia dominante na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-19 12:11:13]. Disponível em
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