Império Austro-Húngaro
A partir do Congresso de Viena de 1815, o império austríaco liderou a política europeia até 1848, defendendo a monarquia absoluta e o Antigo Regime contra o liberalismo e o nacionalismo cada vez mais em voga.
Simultaneamente, tentou impedir uma reunificação alemã, impondo a sua vontade à Confederação Germânica através da manipulação política das dinastias locais. Porém, a partir de 1848, a Prússia afastou a Áustria dos destinos alemães, derrotando-a mesmo em Sadowa em 1866. Por outro lado, o império austríaco confrontou-se com rebeliões internas de checos e húngaros. Perante esta situação conturbada, o imperador Francisco José (que reinou de 1848 a 1916), numa perspetiva absolutista, centralizadora e clericalista, assumiu, em 1867, o compromisso austro-húngaro, pelo qual estes dois povos formaram uma monarquia dualista, fundando o império com o mesmo nome. Dois estados iguais, com capitais e sistemas políticos próprios, mas com elementos em comum, como a figura do imperador e os ministérios da Marinha, Finanças, Guerra e Negócios Estrangeiros. Existiam também duas delegações, com alternância da sede de governo entre as duas capitais. A Constituição de 1867 definiu, para além de um poder executivo (o imperador), uma Câmara dos Nobres e outra de Deputados, designados pelas assembleias provinciais (dietas). Também as minorias tinham assembleias próprias.
Todavia, os "elementos comuns" estavam nas mãos dos austríacos, o que nunca agradou aos húngaros e aos demais povos e regiões que constituíam o império (checos, eslovacos, polacos, rutenos, ucranianos, romenos, sérvios, croatas, eslovenos e italianos). Apesar das garantias dadas pelo executivo imperial de defesa e manutenção dos costumes e línguas deste verdadeiro mosaico étnico, a tensão sempre foi grande e a inquietude e agitação constantes. Exemplo notório é o dos checos, a maior preocupação para Viena, aos quais tiveram de ser feitas concessões (uso da língua checa na universidade, por exemplo) no sentido de apaziguar os conflitos. O mesmo se passou relativamente à Hungria, com o seu "caso croata". Estas dissensões agudizaram-se a partir de 1897, quando se fez uma revisão da Constituição de 1867, aumentando a crispação e choque político entre as duas monarquias centrais. Em termos de política externa, o Império viveu em 1907 o seu maior fulgor e afirmação no teatro europeu, apoiado em propósitos expansionistas confirmados na anexação, em 1908, da Bósnia e da Herzegovina (povoadas por sérvios), que serviram de rampa de lançamento para o seu expansionismo nos Balcãs. Outra das traves-mestras da política externa imperial era a aproximação crescente à Alemanha unificada. Tornaram-se aliadas em 1879 e formaram em 1883, com a Itália, a Tripla Aliança. Em 1910, ocupando uma área de 420 000 km2 e com uma população de cerca de 52 milhões de habitantes, o Império Austro-Húngaro viu crescer os focos de revoltas internas, nomeadamente na Croácia e outras regiões balcânicas, onde os seus interesses estavam cada vez mais ameaçados. Isto devia-se à agitação sérvia apoiada pela Rússia, o grande inimigo da Áustria-Hungria desde 1879. As repressões violentas dos exércitos imperiais sucederam-se, suprimindo-se dietas regionais e impondo-se governos autocráticos. Ao mesmo tempo, a Hungria sentia-se cada vez mais secundarizada na sua posição na monarquia dualista. Internamente, a alternância de governos centralistas e federalistas originou divisões e uma série de partidos políticos, bem como a existência de setores liberais e socialistas. Manteve-se, contudo, uma política de fomento da industrialização e modernização do país, principalmente na Áustria, o que a separou ainda mais do resto do Império.
A desagregação austro-húngara estava cada vez mais iminente, apressando-se com a reação ao assassinato do príncipe herdeiro Francisco Fernando em 1914, na cidade de Sarajevo, episódio que desencadeou a Primeira Guerra Mundial. O conflito terminou com a derrota da Tripla Aliança. Francisco José, falecido em 1916, ainda tentou sempre salvar o Império, paralizado em todos os aspetos e entregue à penúria e à fome, o que fez acender ainda mais as revoltas dos vários povos contra o governo imperial e contra a guerra. A 27 de outubro de 1918, o imperador Carlos de Habsburgo aceitou sem reservas as condições impostas pelos Estados Unidos da América. Isto conduziu ao Armistício, à renúncia ao título e ao abandono do país, encerrando a história do Império. Pelo tratado de Trianon, a Áustria reconheceu as suas novas fronteiras e a independência da Hungria e da Checoslováquia, entre outros países antes subjugados.
Simultaneamente, tentou impedir uma reunificação alemã, impondo a sua vontade à Confederação Germânica através da manipulação política das dinastias locais. Porém, a partir de 1848, a Prússia afastou a Áustria dos destinos alemães, derrotando-a mesmo em Sadowa em 1866. Por outro lado, o império austríaco confrontou-se com rebeliões internas de checos e húngaros. Perante esta situação conturbada, o imperador Francisco José (que reinou de 1848 a 1916), numa perspetiva absolutista, centralizadora e clericalista, assumiu, em 1867, o compromisso austro-húngaro, pelo qual estes dois povos formaram uma monarquia dualista, fundando o império com o mesmo nome. Dois estados iguais, com capitais e sistemas políticos próprios, mas com elementos em comum, como a figura do imperador e os ministérios da Marinha, Finanças, Guerra e Negócios Estrangeiros. Existiam também duas delegações, com alternância da sede de governo entre as duas capitais. A Constituição de 1867 definiu, para além de um poder executivo (o imperador), uma Câmara dos Nobres e outra de Deputados, designados pelas assembleias provinciais (dietas). Também as minorias tinham assembleias próprias.
A desagregação austro-húngara estava cada vez mais iminente, apressando-se com a reação ao assassinato do príncipe herdeiro Francisco Fernando em 1914, na cidade de Sarajevo, episódio que desencadeou a Primeira Guerra Mundial. O conflito terminou com a derrota da Tripla Aliança. Francisco José, falecido em 1916, ainda tentou sempre salvar o Império, paralizado em todos os aspetos e entregue à penúria e à fome, o que fez acender ainda mais as revoltas dos vários povos contra o governo imperial e contra a guerra. A 27 de outubro de 1918, o imperador Carlos de Habsburgo aceitou sem reservas as condições impostas pelos Estados Unidos da América. Isto conduziu ao Armistício, à renúncia ao título e ao abandono do país, encerrando a história do Império. Pelo tratado de Trianon, a Áustria reconheceu as suas novas fronteiras e a independência da Hungria e da Checoslováquia, entre outros países antes subjugados.
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Porto Editora – Império Austro-Húngaro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-17 19:06:52]. Disponível em
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