2 min
Lídia Jorge
Romancista e contista portuguesa nascida a 18 de junho de 1946, em Boliqueime, no Algarve. Licenciada em Filologia Românica e professora do ensino secundário, ensinou em Angola e Moçambique antes de se fixar em Lisboa. Para além de exercer a docência, dedicou-se também à publicação regular de artigos na imprensa e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Ficcionista, a quem tem sido apontada a influência do realismo mágico latino-americano, cada romance de Lídia Jorge é um romance, isto é, introduz a novidade relativamente ao que o precede, ao nível da construção romanesca, da linguagem e do contexto, pelo que uma panorâmica sobre a obra ficcional da autora deve acima de tudo destacar a capacidade de aperfeiçoamento dos materiais narrativos, a sua adaptação a uma temática sempre renovada, embora inserida numa tendência ampla para reflexão sobre as várias dimensões do Portugal pré e pós-revolucionário.
Revelou-se com O Dia dos Prodígios, romance onde a linguagem oral, dotada de mais sugestividade pelo recurso frequente ao discurso indireto livre e à liberdade de pontuação, permite a evocação de um mundo rural perdido, numa ficção que integra processos de desconstrução narrativa ("Um personagem levantou-se e disse. Isto é uma história. E eu disse. Sim. É uma história. Por isso podem ficar tranquilos nos seus postos."), que tem como objeto a construção de uma perspetiva irónica sobre a utopia revolucionária, apreendida pelo ponto de vista dos habitantes de uma aldeia, Vilamaninhos, onde as coordenadas de estagnação, pureza, ingenuidade se conjugam com um fantástico quotidiano.
Os romances que se seguiram aperfeiçoaram um estilo narrativo que se distingue pelo entendimento da construção narrativa como um todo orgânico, densamente construído, onde nada é aleatório e onde a dimensão individual das personagens é perspetivada a partir do desejo de dar voz às margens culturais, históricas e sociais silenciadas na construção da memória coletiva do passado recente português.
O tema da mulher e da sua solidão é também uma preocupação central da obra de Lídia Jorge, como, por exemplo, em Notícia da Cidade Silvestre (1984), A Costa dos Murmúrios (1988) e O Vento Assobiando nas Gruas (2002) – este último, que aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (2003), o prémio Correntes d'Escritas (2004), o Prémio de Literatura Albatros da Fundação Günter Grass (2005), na Alemanha, e o Prémio do Público (2005), no Salão de Literatura Europeia, em Cognac, na França.
Cumulando o êxito junto da crítica especializada e do grande público, a sua obra encontra-se traduzida em francês, em neerlandês, em alemão e italiano.
Ficcionista, a quem tem sido apontada a influência do realismo mágico latino-americano, cada romance de Lídia Jorge é um romance, isto é, introduz a novidade relativamente ao que o precede, ao nível da construção romanesca, da linguagem e do contexto, pelo que uma panorâmica sobre a obra ficcional da autora deve acima de tudo destacar a capacidade de aperfeiçoamento dos materiais narrativos, a sua adaptação a uma temática sempre renovada, embora inserida numa tendência ampla para reflexão sobre as várias dimensões do Portugal pré e pós-revolucionário.
Revelou-se com O Dia dos Prodígios, romance onde a linguagem oral, dotada de mais sugestividade pelo recurso frequente ao discurso indireto livre e à liberdade de pontuação, permite a evocação de um mundo rural perdido, numa ficção que integra processos de desconstrução narrativa ("Um personagem levantou-se e disse. Isto é uma história. E eu disse. Sim. É uma história. Por isso podem ficar tranquilos nos seus postos."), que tem como objeto a construção de uma perspetiva irónica sobre a utopia revolucionária, apreendida pelo ponto de vista dos habitantes de uma aldeia, Vilamaninhos, onde as coordenadas de estagnação, pureza, ingenuidade se conjugam com um fantástico quotidiano.
Os romances que se seguiram aperfeiçoaram um estilo narrativo que se distingue pelo entendimento da construção narrativa como um todo orgânico, densamente construído, onde nada é aleatório e onde a dimensão individual das personagens é perspetivada a partir do desejo de dar voz às margens culturais, históricas e sociais silenciadas na construção da memória coletiva do passado recente português.
O tema da mulher e da sua solidão é também uma preocupação central da obra de Lídia Jorge, como, por exemplo, em Notícia da Cidade Silvestre (1984), A Costa dos Murmúrios (1988) e O Vento Assobiando nas Gruas (2002) – este último, que aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (2003), o prémio Correntes d'Escritas (2004), o Prémio de Literatura Albatros da Fundação Günter Grass (2005), na Alemanha, e o Prémio do Público (2005), no Salão de Literatura Europeia, em Cognac, na França.
Cumulando o êxito junto da crítica especializada e do grande público, a sua obra encontra-se traduzida em francês, em neerlandês, em alemão e italiano.
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Como referenciar
Porto Editora – Lídia Jorge na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-02 07:31:05]. Disponível em
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