Martha Telles

Pintora de origem portuguesa, Martha Cohen da Cunha Telles nasceu a 19 de agosto de 1930, na Madeira e naturalizou-se canadiana em 1974. Depois de obter o diploma do Curso Superior de Pintura da Escola de Belas Artes do Porto, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, de 1963 a 1965, estudando pintura sob a orientação de Vieira da Silva. No Canadá, obteve o Bacharelato em Artes Plásticas na Universidade do Quebeque, frequentou o Curso de Gravura na Universidade McGill e, em 1980-81, foi bolseira do Conselho das Artes. Expôs individualmente em Copenhaga (1962), em Lisboa (Galeria "Diário de Notícias" - 1968; Fundação Calouste Gulbenkian - 1984; Imprensa Nacional/Casa da Moeda - 1986; Galeria R75 - 1986), em Montreal (1978 e 1981), no Funchal (1984), no Porto (Museu Soares dos Reis - 1985) e na Bélgica (1991). Participou ainda em inúmeras exposições coletivas, estando presente nomeadamente na I Bienal de Paris em 1959, na II Bienal do Quebeque em 1979 e na exposição "Artistas Portugueses da Bélgica" em Bruxelas, em 1992. A obra de Martha Telles surge como um universo mítico, por vezes onírico, por vezes enganadoramente "naïf", captado na armadilha do tempo e do espaço, formando um labirinto de interrogações e incertezas. Curiosamente, no momento em que a preocupação pelo espaço formal e estético se evidencia mais exigente, na época de Birthday Party (1978), as preocupações existenciais aparecem também mais flagrantes. A relação do binómio ausência/presença é aí mais aguda. Posteriormente, a artista parece ter abandonado a preocupação por uma ordenação excessiva, geométrica, do seu universo, conservando, contudo, uma espécie de estrutura interna que assegura uma libertação em termos formais e emocionais. Martha Telles tinha a infinita delicadeza (e sabedoria) de "não contar tudo". Daí advém o poder dramático, o poder evocativo da sua poética.
Faleceu a 21 de fevereiro de 2001.