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Monaquismo Oriental
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O monaquismo que se estabeleceu e desenvolveu no Oriente caracterizou-se por uma grande diversidade. Duas vias marcaram a vida monástica oriental: a anacorética (com a semianacorética), que desenvolve aquilo que viria a ser os primórdios da vida comum, e a cenobítica, caracterizada já por uma bem-estruturada vida em comunidade, num mosteiro, sob a autoridade de um superior, como acontecia nos mosteiros influenciados pela fundação de S. Pacómio no Egito, nos séculos IV e V. S. Pacómio começou a sua vida religiosa como eremita e fundou, cerca de 320, o embrião de convento com a união de celas contíguas e o estabelecimento de uma vida em comum entre os seus diferentes ocupantes, dando origem à vida cenobítica. O primeiro cenóbio fundado por S. Pacómio teve lugar em Tabenisi, no Nilo, seguindo-se a criação de outros nove masculinos e dois femininos. A regra de trabalho e de oração que criara para estes cenóbios era extremamente rígida, dotando as comunidades de uma organização que se mostrou muito eficaz.
Tanto o eremitismo como o cenobitismo foram rapidamente aceites e difundiram-se a partir do Egito para todo o Oriente.
Na época protobizantina, os territórios onde o monaquismo estava mais bem implantado eram a Síria, a Palestina, através dos monges do deserto, e o Egito, com maior expressão, embora perdesse a sua influência a partir do século VI. Em Constantinopla, o monaquismo desenvolvera-se por influência dos monges orientais. O primeiro mosteiro foi fundado em 382.
Saliente-se que, desde o início, se fundaram mosteiros femininos. Os mosteiros tanto podiam acolher um reduzido número de monges como algumas centenas. Desenvolviam tarefas de carácter caritativo, como o acolhimento de órfãos e de pessoas idosas, a administração dos hospitais e de hospícios. A sua fundação cabia geralmente à iniciativa de um particular, cujos objetivos eram, acima de tudo, fazer uma doação pia e ao mesmo tempo reservar o seu lugar de recolhimento ou de sepultura. No entanto, os mosteiros e os seus monges permaneceram sempre sob a autoridade do bispo.
Relativamente às regras que serviram de regulamentação interna dos mosteiros, as que existiam em tempos mais recuados eram raras e também pouco desenvolvidas. Só durante a Idade Média é que se verificou uma evolução neste âmbito, com as chamadas typika. As regras de S. Basílio de Cesareia do século IV serviram de base às comunidades cenobíticas do Oriente. No entanto, não são de nenhuma forma semelhantes às regras que eram aplicadas nos mosteiros ocidentais. Uma razão com um certo peso na ocorrência deste facto é que em Bizâncio os mosteiros eram organizados segundo os cânones e a legislação emanados pelo próprio imperador.
Foi através do Concílio de Calcedónia, ocorrido em 451, que se puderam aplicar algumas diretivas às comunidades monásticas, estipulando o celibato dos monges, a proibição de realizarem tarefas seculares ou militares, a obrigação de autorização do bispo para a fundação de um mosteiro, que naturalmente colocava os monges sob o seu poder, e a proibição de possuírem propriedade privada.
O II Concílio, realizado em Niceia, em 787, teve como consequência o fortalecimento do monaquismo oriental, tornando possível a sua reorganização a partir de 861.
Como atrás ficou dito, o imperador detinha um enorme poder sobre a administração e o funcionamento dos mosteiros porque, para além das disposições emanadas dos concílios, também este podia legislar. As leis mais importantes foram da responsabilidade de Justiniano, entre 535 e 546, nas quais proíbe os mosteiros mistos (masculinos e femininos simultaneamente), reforça a autoridade do bispo e estabelece regras para o noviciado. Já no século IX, Leão VI reatualiza a legislação de Justiniano. Com Niceforo Phocas, em 964, os bens dos mosteiros foram restringidos, tendo-lhes sido impedida a aquisição de bens e proibida a fundação de novos mosteiros, disposições que foram posteriormente abolidas por Basílio II.
Para além destas disposições, tanto conciliares como imperiais (bizantino), a vida monástica era influenciada, em grande medida, por alguns textos, contando-se, entre outros, os escritos dos padres sobre a vida monástica, as vidas de monges santos e os escritos sobre ascética.
Em Bizâncio, os mosteiros tiveram um papel de relevo. No entanto, durante a crise iconoclasta, os monges foram perseguidos de tal forma que tiveram que fugir para o Ocidente. Só com a imperatriz Irene é que retomaram o lugar perdido para novamente serem perseguidos no segundo período iconoclasta. Depois do triunfo dos ícones, assistiu-se a uma renovação e incremento da vida monástica, visível do século IX ao século XI, continuando os monges a ser beneficiados pelos imperadores. Foram dotados de meios importantes e tornaram-se materialmente independentes, adquirindo mais autonomia, mesmo em relação ao poder do bispo.
A partir do século XII, a fundação de mosteiros fica muito restringida e durante o século XIII passaria a ser raríssima, uma situação que se vê agravada com a tomada de Constantinopla pelos latinos. Teria de se esperar pela renovação cultural que ocorreria no século XIV para se assistir ao nascimento de novas fundações.
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Como referenciar
Porto Editora – Monaquismo Oriental na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-23 14:56:22]. Disponível em

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