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Namibe
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Província a sudoeste de Angola cuja capital é a cidade de Namibe, com 132 000 habitantes (2004). Confinada pelo oceano Atlântico (a oeste), pela Namíbia (a sul) e pelas províncias angolanas de Benguela (a norte), Huíla (a este) e Kunene (a sudeste), a província de Namibe tem uma superfície de 57 091 km2 e uma população estimada em 168 000 habitantes (2004), constituída, na sua maioria, pelo povo étnico dos Mucubais.

Com um clima semiárido, as populações concentraram-se sobretudo na costa litoral, nas localidades de Namibe, Tombua e Baía dos Tigres. A sul da província, encontra-se o deserto de Namibe que se estende até ao nordeste da África do Sul e que tem um comprimento de perto de 1500 km e uma largura variável entre 50 a 150 km.
A região de Namibe foi descoberta por Diogo Cão, em 1485, realizando-se a primeira exploração territorial, apenas em 1785, pelo General de Angola, José de Almeida Vasconcelos Soveral e Carvalho, Barão de Moçâmedes. O seu povoamento começou por volta de 1839, mas, de facto, só se considerou a chegada dos primeiros colonos, com a instalação de portugueses que iam do Brasil, em 1849. Nessa altura, a cidade principal foi denominada Moçâmedes (em consideração ao explorador da região), nome que prevaleceu até à data da independência de Angola, sendo então substituído por Namibe, devido à proximidade com o deserto de Namibe.

Um aspeto de Moçâmedes, posteriormente Namibe, Angola (foto tirada antes da independência do país)
A economia da província de Namibe assenta, essencialmente, nas atividades agropecuárias e pesqueiras e nas indústrias derivadas. Na área da agricultura, salienta-se a produção de oliveira, vinha, mandioca, batata doce, melão, melancia, massango, milho, massambala, feijão, tabaco, café, algodão e citrinos. O tipo de gado mais usual é o bovino, caprino e ovino. O setor pesqueiro é um dos mais importantes do país, constituindo cerca de 65% da atividade nacional. Este setor apresenta algumas infraestruturas de pesca artesanal e industrial que, no entanto, precisam de apoios para o seu desenvolvimento e a sua reabilitação. Quanto aos minerais, a região é abundante em cobre, gesso, mercúrio, zinco, cobalto, crómio, titânio, talco, berilo, pirocloro, apatite e quartzo e, relativamente às matérias rochosas, destaca-se gnaisse, mármore, xistos, granito e calcário.

Namibe foi a província angolana menos afetada pela guerra colonial e civil. No entanto, a província necessita de reabilitar e melhorar não só as infraestruturas de comunicação e comerciais, como os portos, o Caminho de Ferro de Moçâmedes, as estradas, as telecomunicações, como também as redes elétrica, escolar e de saúde. Com o apoio da ADPP (Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo), de instituições públicas, privadas e de organizações não-governamentais, foram lançados vários projetos, como o de Arborização e Ambiente (1993), em Tombua, com os objetivos de mobilizar as populações para questões de ambiente e contribuir para a educação da população. O projeto Vestuário (1999) tem a finalidade de não só fornecer à população roupas e sapatos, como também de criar fundos para futuros projetos da ADPP.

A província de Namibe tem um paisagem natural muito diversificada (orla marítima, savana, deserto) e apresenta vários interesses turísticos: as igrejas de Santo Adrião, São Tiago, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Rosário; as fortalezas de São Fernando e de Kapangombe; a Serra da Leba, conhecida por Morro da Chela; o Parque Nacional do Iona (com 15 150 km2); as praias de Amélia, Azul e Baba; o habitat da Welwitschia Mirabilis, uma espécie botânica endémica (única no mundo), que simboliza a resistência e a sobrevivência das espécies vegetais e animais no deserto. Quanto a esta espécie vegetal, salienta-se que a planta foi identificada, pela primeira vez, por F. Welwitsch, em 1859. É constituída por apenas duas folhas largas e planas, que se dividem em tiras e que podem alcançar 9 metros de comprimento, sendo por isso conhecida como "polvo do deserto". A planta sobrevive bem às duras condições do deserto, absorvendo água do lençol freático através da sua raiz com 40 metros. A longevidade da Welwitschia Mirabilis é tão grande que se calcula que alguns exemplares mais antigos tenham 2000 anos.

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Como referenciar
Porto Editora – Namibe na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-21 05:31:03]. Disponível em

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