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relações sociais
Para Karl Marx, as relações sociais que os homens estabelecem entre si, e que constituem a sua existência social, decorrem das forças produtivas e dos modos de apropriação dos meios de produção. "As relações sociais estão intimamente ligadas às forças produtivas. Ao adquirir novas forças produtivas, os homens mudam o seu modo de produção e ao mudar o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, alteram todas as suas relações sociais" (Rocher). A História mostra-nos que a um determinado estádio do desenvolvimento das forças produtivas corresponde um tipo determinado de "relações de produção", que são o conjunto de relações estabelecidas pelos homens com vista à produção. Os homens, para produzir, "estabelecem uns com os outros laços e relações bem determinadas (segundo Marx, necessárias e independentes da sua vontade): o seu contacto com a Natureza, isto é, a produção, só se efetua no quadro destes laços e destas relações sociais. Estas relações sociais que ligam os produtores uns aos outros [...] diferem naturalmente segundo o carácter dos meios de produção. [...] Isto equivale a dizer que as relações sociais segundo as quais os indivíduos produzem, as relações de produção, se alteram e se transformam com a evolução e o desenvolvimento dos meios materiais de produção, das forças produtivas. As relações de produção, consideradas na sua totalidade, constituem aquilo a que chamam as relações sociais" (Rocher).
Por seu lado, Ferdinand Tönnies empreende "a análise dos fundamentos psíquicos das relações sociais (rapports sociaux), que constituem o tecido de toda a coletividade. Estas relações sociais são, para Tönnies, relações entre "vontades" humanas [...] conjunto de mecanismos que motivam e orientam a conduta dos homens em relação uns aos outros" (Rocher). Esta vontade apresenta-se sob duas formas: por um lado, a vontade orgânica, que é do domínio do concreto orgânico e afetivo, traduz os impulsos do coração; por outro, a vontade refletida, que é do domínio puramente intelectual e abstrato, é dominada pelo pensamento. Os dois tipos de vontade opõem também, respetivamente, dois tipos de relações sociais entre os homens: a "comunidade" e a "sociedade". A primeira é formada por pessoas unidas por laços naturais e espontâneos e por objetivos comuns que ultrapassam os interesses particulares dos indivíduos. Na "sociedade", as relações entre as pessoas estabelecem-se na base dos interesses individuais, são relações de competição, de concorrência, com um cunho de indiferença relativamente aos outros.
Para Émile Durkheim, as relações sociais constituem o tema central do seu livro De la division du travail social (1893) e surgem com o nome de "formas de solidariedade". Durkheim nota que as pessoas podem sentir-se atraídas umas pelas outras pelas suas semelhanças ou pelas suas diferenças. "A atração e a interdependência entre as pessoas pode estabelecer-se por forma a que estas se movam em bloco, como um só corpo, e a esse tipo de solidariedade chama Durkheim mecânica. Esta solidariedade assenta no predomínio das crenças e dos sentimentos comuns a todos os membros do grupo sobre o individual" (Barata). A solidariedade mecânica corresponde, necessariamente, a um estado forte da consciência coletiva.
E "é o progresso da divisão do trabalho que conduzirá a sociedade de solidariedade mecânica a transformar-se. O próprio princípio de divisão do trabalho está na diversidade das pessoas e dos grupos e é diretamente contrário ao da solidariedade por semelhança [...]. A divisão do trabalho engendra afinal um novo tipo de solidariedade baseado na complementaridade das partes diversificadas [...]. E porque esta solidariedade já não é baseada na semelhança das pessoas e dos grupos, mas na sua independência, Durkheim dá-lhe o nome de solidariedade orgânica". Esta é consequente ao progresso da divisão do trabalho (Rocher).
"Durkheim constrói assim o que ele chama "dois tipos sociais" [...]. A sociedade de solidariedade mecânica é uma sociedade primitiva, como a sociedade militar" (Rocher) (em que os elementos componentes não estão dispostos ou organizados de nenhuma maneira definida); "nela a divisão do trabalho é apenas elementar ou está fracamente desenvolvida. A forte pressão que nela se observa provém [...] de uma consciência coletiva forte resultante da semelhança das partes constituintes e que se reflete num direito com predominância repressiva ou penal" (Rocher). "Pelo contrário, a solidariedade orgânica exprime-se numa estrutura social que é um sistema de órgãos diferentes, com funções individualizadas [...]. As pessoas agrupam-se não a partir de laços de descendência, mas segundo as funções sociais que desempenham" (Barata). "A sociedade de solidariedade orgânica é, como a sociedade industrial, uma sociedade mais avançada, devido à divisão do trabalho" (Rocher). A ela corresponde um direito dito restitutivo, cuja finalidade não é punir mas repor as coisas no estado em que estavam quando foram alteradas.
Por seu lado, Ferdinand Tönnies empreende "a análise dos fundamentos psíquicos das relações sociais (rapports sociaux), que constituem o tecido de toda a coletividade. Estas relações sociais são, para Tönnies, relações entre "vontades" humanas [...] conjunto de mecanismos que motivam e orientam a conduta dos homens em relação uns aos outros" (Rocher). Esta vontade apresenta-se sob duas formas: por um lado, a vontade orgânica, que é do domínio do concreto orgânico e afetivo, traduz os impulsos do coração; por outro, a vontade refletida, que é do domínio puramente intelectual e abstrato, é dominada pelo pensamento. Os dois tipos de vontade opõem também, respetivamente, dois tipos de relações sociais entre os homens: a "comunidade" e a "sociedade". A primeira é formada por pessoas unidas por laços naturais e espontâneos e por objetivos comuns que ultrapassam os interesses particulares dos indivíduos. Na "sociedade", as relações entre as pessoas estabelecem-se na base dos interesses individuais, são relações de competição, de concorrência, com um cunho de indiferença relativamente aos outros.
Para Émile Durkheim, as relações sociais constituem o tema central do seu livro De la division du travail social (1893) e surgem com o nome de "formas de solidariedade". Durkheim nota que as pessoas podem sentir-se atraídas umas pelas outras pelas suas semelhanças ou pelas suas diferenças. "A atração e a interdependência entre as pessoas pode estabelecer-se por forma a que estas se movam em bloco, como um só corpo, e a esse tipo de solidariedade chama Durkheim mecânica. Esta solidariedade assenta no predomínio das crenças e dos sentimentos comuns a todos os membros do grupo sobre o individual" (Barata). A solidariedade mecânica corresponde, necessariamente, a um estado forte da consciência coletiva.
E "é o progresso da divisão do trabalho que conduzirá a sociedade de solidariedade mecânica a transformar-se. O próprio princípio de divisão do trabalho está na diversidade das pessoas e dos grupos e é diretamente contrário ao da solidariedade por semelhança [...]. A divisão do trabalho engendra afinal um novo tipo de solidariedade baseado na complementaridade das partes diversificadas [...]. E porque esta solidariedade já não é baseada na semelhança das pessoas e dos grupos, mas na sua independência, Durkheim dá-lhe o nome de solidariedade orgânica". Esta é consequente ao progresso da divisão do trabalho (Rocher).
"Durkheim constrói assim o que ele chama "dois tipos sociais" [...]. A sociedade de solidariedade mecânica é uma sociedade primitiva, como a sociedade militar" (Rocher) (em que os elementos componentes não estão dispostos ou organizados de nenhuma maneira definida); "nela a divisão do trabalho é apenas elementar ou está fracamente desenvolvida. A forte pressão que nela se observa provém [...] de uma consciência coletiva forte resultante da semelhança das partes constituintes e que se reflete num direito com predominância repressiva ou penal" (Rocher). "Pelo contrário, a solidariedade orgânica exprime-se numa estrutura social que é um sistema de órgãos diferentes, com funções individualizadas [...]. As pessoas agrupam-se não a partir de laços de descendência, mas segundo as funções sociais que desempenham" (Barata). "A sociedade de solidariedade orgânica é, como a sociedade industrial, uma sociedade mais avançada, devido à divisão do trabalho" (Rocher). A ela corresponde um direito dito restitutivo, cuja finalidade não é punir mas repor as coisas no estado em que estavam quando foram alteradas.
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Como referenciar
Porto Editora – relações sociais na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-17 05:26:30]. Disponível em
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