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Santa Ana
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As únicas informações a seu respeito fazem parte do Protoevangelho de Tiago, o Evangelho do Pseudo-Mateus, o evangelho da Natividade de Maria e outros apócrifos posteriores. Estas narrativas atestam que Ana, filha de Nathan, sacerdote de Belém, casou com Joaquim e foi estéril durante muitos anos. Quando, num dia de festa, Joaquim se apresentou no templo para oferecer um sacrifício, foi recusado pelo facto de não ter descendência. Desgostoso, não voltou a casa e dirigiu-se às montanhas para se lamentar e orar a Deus. Quando Ana soube da razão da ausência do marido rezou a Deus para que lhe desse uma criança, prometendo-a ao Seu serviço. As suas orações foram ouvidas e recebeu a visita de um anjo que lhe disse que o fruto do seu ventre seria adorado por todo o mundo. O anjo fez a mesma promessa a Joaquim que voltou para casa. Já em idade avançada, Santa Ana deu à luz uma menina, a quem deu o nome de Maria. Quando esta fez 3 anos, Ana e Joaquim levaram-na ao templo de Jerusalém (Festa de 21 de novembro), de acordo com a promessa que tinham feito de a consagrar ao Senhor.
Num sermão sobre Santa Ana, publicado em Paris em 1579, o padre John de Eck, de Ingolstadt, pretendia saber que os nomes dos pais de Santa Ana seriam Stollanus e Emerentia e que São Joaquim teria morrido logo após a apresentação de Maria ao templo. Santa Ana teria então casado com Cleofas e teria sido mãe de Maria Cleophae, que viria a ser a mãe dos apóstolos Tiago, o Menor, Simão, Judas e José, o Justo. Depois da morte de Cleofas, Santa Ana terá casado com Salomas, cuja filha de ambos, Maria Salomé, teria sido mãe dos apóstolos João e Tiago, o Grande. Esta mesma lenda, encontrada nas narrativas de Gerson e de muitos outros, gerou uma controvérsia no século XVI, na qual Baronius e Bellarmine defenderam a monogamia de Santa Ana. O grego Menaea defende que os pais de Santa Ana seriam Nathan e Maria e que Salomé e Isabel, mãe de S. João Batista, eram filhas de duas irmãs de Santa Ana. De acordo ainda com Epifânio, seguido no século IV por alguns entusiastas, Santa Ana teria concebido sem a intervenção do marido. Este erro da virgindade de Santa Ana, após a conceção e nascimento de Maria, que ressurgiu no Ocidente no século XV, foi condenado pela Santa Sé em 1677.
No Oriente, o culto de Santa Ana é muito antigo, remontando ao século IV, tendo Justiniano dedicado à santa uma igreja no século VI, altura em que se erigiu uma outra em Jerusalém, no suposto local do seu túmulo. O seu culto é, neste rito, celebrado em 25 de julho, data provável da chegada das suas relíquias a Constantinopla, no século VIII, e consta do mais antigo documento litúrgico da Igreja Grega, o Calendário de Constantinopla do século VIII, onde o dia 9 de setembro é dedicado a Santa Ana e a São Joaquim. Na Igreja Latina, Santa Ana só começou a ser venerada a partir do século XIII, embora anteriormente o seu culto já se verificasse no Sul de França. A partir desta altura foram construídos muitos santuários que se tornaram centros de peregrinação. A tradição da igreja de Apt, no sul de França, diz que o corpo de Santa Ana foi trazido por S. Lázaro, escondido por São Auspício e de novo encontrado durante o reino de Carlos Magno. A cabeça de Santa Ana esteve na Mogúncia, até 1510, data em que foi roubada e trazida para Düren, na Renânia. Santa Ana é a protetora da Bretanha, França, onde a sua imagem miraculosa é venerada na igreja de Nossa Senhora de Auray, na diocese de Vannes, e também é patrona principal da província do Quebec, no Canadá, onde se encontra o conhecido templo de Santa Ana de Beaupré. A sua representação mais antiga, uma pintura de influência bizantina do século VIII, foi encontrada mais tarde na igreja de Santa Maria Antiga, em Roma. A iconografia representa Santa Ana ensinando a ler a Virgem Maria e também junto a Nossa Senhora com o Menino Jesus.
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Como referenciar
Porto Editora – Santa Ana na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-24 23:09:58]. Disponível em
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