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Távola Redonda
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Távola Redonda, uma das revistas literárias portuguesas mais marcantes dos anos 50, vinda à luz em 1950 e publicada durante quatro anos em 20 fascículos, nasceu do convívio de um grupo de jovens poetas, entre os quais António Manuel Couto Viana, David Mourão-Ferreira, Luís de Macedo, Alberto Lacerda, que, desde o final do ano de 1949, unidos pela comunhão de ideais estéticos, pensavam que, num momento em que a literatura empenhada e social imperava no panorama poético português, se podia oferecer algo de novo à poesia portuguesa.
O título da publicação, retomado num poema de António Manuel Couto Viana, datado de 1949, e publicado no fascículo 7, explica o sentido de fraternidade dos poetas que, à volta de uma távola redonda - a poesia -, fixam como caminho a busca de uma voz "pura e verdadeira". Sem apresentar programa ou manifesto, as propostas desta alternativa em poesia orientam-se para a "revalorização do lirismo", exigindo ao poeta "autenticidade e um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também, a diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950. Sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética" (VIANA, António Manuel Couto - "Breve Historial" in As Folhas Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural da F. C. G., VI série, n.° 11, outubro de 1988).

Abrindo a experiência poética às influências estrangeiras de Eliot, Neruda, Supervielle ou Rilke, a originalidade da publicação consistia em procurar dar voz a uma poesia que entronca na tradição lírica portuguesa, desde os cancioneiros medievais à poesia de Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Camões, Rodrigues Lobo e até aos repositórios românticos, continuidade conseguida essencialmente contra a "imediatez da inspiração e contra o impuro aproveitamento da poesia para fins sociais", através do equilíbrio "entre os motivos e a técnica, entre os temas e as formas" (cf. Mourão-Ferreira, David - "Notícia sobre a Távola Redonda" in Estrada Larga 3, p. 392).

A revista incluía poemas de autores contemporâneos, inéditos de poetas de outras gerações, poemas de autores estrangeiros, textos sobre poetas portugueses e brasileiros (Bernardim Ribeiro, Teixeira de Pascoaes, António Patrício, Fernando Pessoa, Cabral do Nascimento, Jorge de Lima, António de Sousa, Cecília Meireles, José Régio, Vitorino Nemésio, Saul Dias, Pedro Homem de Mello, Armindo Rodrigues, Alberto de Serpa, Tomás Kim, Sophia de Mello Breyner Andresen, Sebastião da Gama, José Aurélio).
Entre os seus colaboradores, além dos diretores António Manuel Couto Viana, David Mourão-Ferreira e Luís de Macedo, contam-se os nomes de Alberto Lacerda, Sebastião da Gama, Fernanda Botelho, Fernando de Paços, Daniel Filipe, Maria Manuela Couto Viana, Carlos de Macedo, Goulart Nogueira, Fernando Guedes, Marcos Leal, Henrique Jorge e José António Ribeiro. No final de 1950, a revista apoiou a Coleção de Poesia Távola Redonda que publicou obras, na sua maioria, de colaboradores da revista.

Folhas de Poesia da Távola Redonda. Boletim Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, outubro de 1988
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Como referenciar
Távola Redonda na Infopédia [em linha]. Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/artigos/$tavola-redonda [visualizado em 2025-06-16 02:31:46].
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