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Sampaio Bruno
Jornalista, escritor e político, José Pereira de Sampaio Bruno nasceu em 1857, no Porto, e aí morreu em 1915. Foi um autor extremamente versátil, produzindo uma vastíssima obra de cariz político, religioso e filosófico, e versando temas como o problema da evolução das sociedades humanas, a teoria da ciência e do conhecimento e a ideia de Deus.
Oriundo de uma família da pequena burguesia, filho de pai mação, iniciou a sua atividade jornalística aos 14 anos, adotando nessa altura o pseudónimo Bruno (em homenagem ao renascentista Giordano Bruno), ao qual permaneceria fiel durante toda a vida. Aos 17 anos publicou o seu primeiro livro, intitulado Análise da Crença Cristã, que suscitou uma onda de revolta e polémica no seio da conservadora sociedade portuguesa de então, devido às ideias polémicas nele expressas, colhidas em Voltaire, Amorim Viana, Feuerbach e Büchner.
Fez os estudos preparatórios para Medicina no Instituto Politécnico do Porto, mas não prosseguiu os estudos oficiais, sendo, todavia, um notabilíssimo autodidata e erudito.
Foi um acérrimo propagandista da República e toda a sua obra teve na cultura portuguesa uma forte influência. Com José de Alpoim, Júlio de Matos, Basílio Teles, Manuel Teixeira Gomes, compartilha os problemas da conjuntura política do seu tempo. Em conjunto constituem e frequentam tertúlias onde os seus espíritos de republicanos ficam cada vez mais enaltecidos.
Em 1886, coligiu uma série de ensaios sobre os modernos novelistas portugueses no volume A Geração Nova. Após o malogro do movimento revolucionário do 31 de janeiro de 1891, em que esteve implicado, foi obrigado a exilar-se no estrangeiro, viajando pela Espanha, França e Holanda. Esta experiência do exílio (escrita em Notas do Exílio, 1893) viria a acentuar as suas inquietações, conduzindo-o a uma crise pessoal e religiosa, no decurso da qual se lhe revelaria Deus (A Ideia de Deus, 1902).
A obra bruniana apresenta-se como uma ilustração do lema "liberdade, igualdade e fraternidade", desde sempre professado pelo autor, que este fazia corresponder, no plano político, à ideia da República, mas que extrapola esse nível, revestindo-se, sobretudo a partir da crise do exílio, como bem salientou Joel Serrão, de "um significado recôndito, místico, esotérico" ("Introdução" in Os Cavaleiros do Amor), que encontra no messianismo e no sebastianismo uma possibilidade de revelação (O Encoberto, 1904). Bruno aspirou a fundar uma teoria do conhecimento total, que operasse a síntese entre a filosofia racional e o conhecimento místico e fosse subjacente a todas as correntes místicas, filosóficas e científicas, num processo dialético e contínuo: "Não mutilar, mercê do erro simétrico, a nossa alma, não a truncar - a título de a depurar. Avançar lentamente nessa estrada humana e clara, provisoriamente, em conflito de afirmação contra negação, até que acordos, provisórios igualmente, se sucedem. Quer dizer, desta arte firmar a filosofia ao mesmo tempo na natureza e na razão." (in O Brasil Mental, 1898).
Oriundo de uma família da pequena burguesia, filho de pai mação, iniciou a sua atividade jornalística aos 14 anos, adotando nessa altura o pseudónimo Bruno (em homenagem ao renascentista Giordano Bruno), ao qual permaneceria fiel durante toda a vida. Aos 17 anos publicou o seu primeiro livro, intitulado Análise da Crença Cristã, que suscitou uma onda de revolta e polémica no seio da conservadora sociedade portuguesa de então, devido às ideias polémicas nele expressas, colhidas em Voltaire, Amorim Viana, Feuerbach e Büchner.
Fez os estudos preparatórios para Medicina no Instituto Politécnico do Porto, mas não prosseguiu os estudos oficiais, sendo, todavia, um notabilíssimo autodidata e erudito.
Em 1886, coligiu uma série de ensaios sobre os modernos novelistas portugueses no volume A Geração Nova. Após o malogro do movimento revolucionário do 31 de janeiro de 1891, em que esteve implicado, foi obrigado a exilar-se no estrangeiro, viajando pela Espanha, França e Holanda. Esta experiência do exílio (escrita em Notas do Exílio, 1893) viria a acentuar as suas inquietações, conduzindo-o a uma crise pessoal e religiosa, no decurso da qual se lhe revelaria Deus (A Ideia de Deus, 1902).
A obra bruniana apresenta-se como uma ilustração do lema "liberdade, igualdade e fraternidade", desde sempre professado pelo autor, que este fazia corresponder, no plano político, à ideia da República, mas que extrapola esse nível, revestindo-se, sobretudo a partir da crise do exílio, como bem salientou Joel Serrão, de "um significado recôndito, místico, esotérico" ("Introdução" in Os Cavaleiros do Amor), que encontra no messianismo e no sebastianismo uma possibilidade de revelação (O Encoberto, 1904). Bruno aspirou a fundar uma teoria do conhecimento total, que operasse a síntese entre a filosofia racional e o conhecimento místico e fosse subjacente a todas as correntes místicas, filosóficas e científicas, num processo dialético e contínuo: "Não mutilar, mercê do erro simétrico, a nossa alma, não a truncar - a título de a depurar. Avançar lentamente nessa estrada humana e clara, provisoriamente, em conflito de afirmação contra negação, até que acordos, provisórios igualmente, se sucedem. Quer dizer, desta arte firmar a filosofia ao mesmo tempo na natureza e na razão." (in O Brasil Mental, 1898).
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Como referenciar
Porto Editora – Sampaio Bruno na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-26 14:46:47]. Disponível em
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