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Moçambique
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Geografia

País da África Austral. Moçambique situa-se na costa sudeste de África e faz fronteira com a África do Sul e a Suazilândia a sul e a sudoeste, o Zimbabwe a oeste, a Zâmbia e o Malawi a noroeste, e a Tanzânia a norte, sendo a costa leste banhada pelo oceano Índico que, através do canal de Moçambique, o separa da ilha de Madagáscar. Tem uma área de 801 590 km2. As principais cidades são o Maputo (ex-Lourenço Marques), a capital, a Beira e Nampula.
Rapaz de Moçambique
Barragem de Cahora Bassa, Moçambique
Ilha de Moçambique
Forte de S. Lourenço, século XVII, Ilha de Moçambique
Bandeira de Moçambique
Capela abandonada em Goba, Moçambique
Rio Buzi, em Manica, Moçambique
Mercado em Chimoio, Manica, Moçambique
Barragem dos Pequenos Libombos, em Maputo, Moçambique
Catedral de Nossa Senhora de Fátima, em Nampula, Moçambique
Forte de S. Sebastião, 1620, Ilha de Moçambique
Estátua de Vasco da Gama no Largo do Palácio de S. Paulo, Ilha de Moçambique
Travessia do rio Limpopo, em Xai-Xai, Gaza, Moçambique
Porto de Nacala, em Nampula, Moçambique
Ilha de Bazaruto, em Inhambane, Moçambique
Estação de caminhos de ferro em Xai-Xai, Gaza, Moçambique
Um aspeto de Xai-Xai, em Gaza, Moçambique
Catedral da Nossa Senhora da Conceição, em Inhambane, Moçambique
Barco à vela utilizado na pesca artesanal da Beira, Moçambique
Catedral de Nossa Senhora do Rosário, na Beira, Moçambique, construída com pedra do Forte português em Sofala e concluída em 1915
As praias são um dos pontos turísticos mais atrativos na cidade da Beira, Moçambique
Estátua de Samora Machel, Maputo
Artesanato moçambicano
Ilha de Bazaruto, Moçambique
População do litoral de Moçambique
Arquitetura colonial na cidade da Beira, Moçambique
Pesca artesanal em Xai-Xai, Gaza, Moçambique
Escola Primária Eduardo Mondlane, Beira, Moçambique
A cidade da Beira, Moçambique
Rio Save entre as províncias de Sofala e Inhambane, Moçambique
Barcos de transporte entre Maxixe e Inhambane, Moçambique
Forte de Maputo
Peças de olaria, Inhambane

O rio Zambeze, o maior rio do país, divide Moçambique ao meio, constituindo uma autêntica fronteira natural entre as duas regiões geográficas distintas que existem no país: a região norte, de terras altas, com solos férteis e onde há maior concentração florestal; e a região sul, de terras baixas e com solos mais pobres, com uma paisagem caracterizada pela existência de savanas.

Clima

O clima de Moçambique é tropical de monções, havendo a registar a existência de uma estação das chuvas sob a ação da monção marítima de nordeste (que decorre entre novembro e março) e de uma estação seca sob a influência da monção terrestre de sudoeste (de abril a outubro). É de salientar que a região norte é mais húmida que a do sul, facto ao qual não está alheia a influência das monções vindas do oceano Índico e que atingem com maior incidência a costa norte, já que a costa sul está de certa forma protegida pela barreira geográfica constituída pela ilha de Madagáscar. As zonas de altitude superior a 1000 metros têm um clima tropical de altitude que se aproxima, pelas suas características, dos climas temperados.

Economia

O principal setor económico é a agricultura, que tem como principais produções o milho, a mandioca, o feijão e o arroz, sendo a atividade complementada pela criação de gado. Por outro lado, a produção agrícola para exportação assenta no açúcar, no chá e nos citrinos, produtos incrementados na era colonial e que continuaram a ser produzidos. Também a exploração florestal decresceu após a independência, apesar do interesse já revelado por investidores internacionais. A atividade piscatória tem progredido, já que os rendimentos provenientes da captura e venda de cavala, sardinha, atum e, sobretudo, camarão e lagosta, têm vindo a aumentar gradualmente desde o início da década de 70.

O setor industrial engloba pequenas indústrias ligadas quer à exploração mineira quer à manufaturação de matérias-primas para exportação. Ambas as vertentes se encontram pouco exploradas, principalmente a ligada à exploração mineira, uma vez que os recursos minerais são consideráveis, pois, para além de possuir a maior reserva de tantalite (minério raro e muito importante para a indústria eletrónica), encontram-se facilmente outros minérios com elevados níveis de qualidade, como o ferro, bauxite, cobre, grafite, mármore, granada (pedra preciosa) e pedra de cal.

Os principais parceiros comerciais de Moçambique são a África do Sul, a Espanha, o Japão e Portugal.


População

Possui uma população que, em 2015, se estimava em 25 313 113 habitantes. As taxas de natalidade e de mortalidade são, respetivamente, de 38,58%o e 12,1%o. A esperança média de vida é de 52,94 anos.

Em termos de composição etnolinguística, o grupo mais numeroso é o dos macuas (47%), seguido dos tsonga (23%), dos malawi (12%) e dos shonas (11%). As crenças tradicionais são seguidas por 48% da população, correspondendo os católicos a 28% e os muçulmanos a 18%. A língua oficial é o português.

História

Quando a armada de Vasco da Gama atingiu a costa moçambicana, encontrou um território com um complexo sistema político, económico e social, estruturado por povos que, não só habitavam aquela zona desde o século III d. C., como também tinham contactos comerciais com árabes e asiáticos desde os finais do primeiro milénio, contactos esses que assentavam na bem-sucedida exploração do ouro, ferro e cobre.

Tendo como pontos de partida Sofala e a Ilha de Moçambique, os exploradores portugueses foram penetrando no interior do território, estabelecendo os primeiros entrepostos comerciais e fazendo as primeiras concessões de terras aos colonos ao longo do rio Zambeze, como medida para obter o controlo das rotas comerciais, ao mesmo tempo que se assegurava o povoamento do território pelos portugueses. Todo este processo teve, desde o início, de lutar contra as movimentações árabes na região, conseguindo Portugal controlar praticamente toda a costa moçambicana até ao início do século XVIII, situação que se inverteu a partir do momento em que os portugueses perderam, em 1698, o Forte Jesus em Mombaça (Quénia) para os árabes.

Durante o século XVIII, outro comércio floresceu no território - o comércio escravista. De facto, devido à necessidade de mão de obra existente no Brasil, os naturais das regiões do interior começaram a ser capturados para serem vendidos como escravos. E, apesar dos acordos feitos, em meados do século XIX, entre Portugal e a Inglaterra com vista à cessação deste comércio, a verdade é que o tráfico clandestino de escravos se manteve até aos primeiros anos do século XX.

Ainda no século XIX, Portugal deparou com outra contrariedade no território moçambicano: o desencadear de conflitos tribais no sudoeste de Moçambique, com origem em ataques perpetrados, quer pelo emergente reino dos Zulos, quer pelos povos Zwangendaba e Soshangane (que recusavam subjugarem-se aos portugueses). Este último foi responsável pela fundação do estado de Gaza, no Sul de Moçambique, que apenas em 1897 foi desmantelado pelos portugueses, passando, assim, todo o território a ser controlado por Portugal.

Com as fronteiras definidas através de acordos diplomáticos com a Inglaterra (em que Portugal foi obrigado a ceder aos interesses ingleses devido às elevadas dívidas que tinha para com a Inglaterra), Moçambique desenvolveu-se através da implantação de grandes companhias privadas que se dedicavam à agricultura, à exploração mineira ou mesmo à construção de vias rodoviárias e ferroviárias. Estas companhias cresciam à custa da utilização de trabalho forçado, da imposição de elevados impostos e do estabelecimento de baixos salários.

Este quadro não se alterou quando em Portugal o golpe de Estado de 1926 instituiu uma ditadura (batizada depois de Estado Novo) que passou a controlar diretamente as colónias, e entre elas Moçambique. O governo português terminou neste caso com as concessões a empresas privadas, e instituiu políticas protecionistas por altura da Grande Depressão de 1930. Estas medidas viriam a resultar na acumulação de capital que só seria investido na década de 50, em grandes projetos para o desenvolvimento de infraestruturas de comunicações. Este investimento coincidiu com a chegada de milhares de colonos portugueses que pretendiam aproveitar as várias oportunidades que o Estado Novo lhes oferecia e que eram recusadas aos moçambicanos.

Este aspeto da política ultramarina portuguesa proporcionou o aparecimento de ideais independentistas. Estes ideais foram consolidados, em 1962, com o nascimento da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) que, após alguns desentendimentos internos, iniciou uma política de guerrilha armada em 1964, uma guerra que, para Portugal, representava mais um conflito a juntar aos que ocorriam nas outras colónias portuguesas em África.

O golpe de Estado de 25 de abril de 1974, ocorrido em Portugal, derrubou a ditadura e implantou a democracia, abrindo as portas ao processo de descolonização. A FRELIMO, aproveitando as suas posições militares no Norte e Centro de Moçambique, liderou o processo de independência, declarando, a 25 de junho de 1975, a República Popular de Moçambique como estado independente com uma Constituição que permitia apenas a existência de um partido - a FRELIMO.

Contudo, pouco tempo depois da independência, Moçambique mergulhou numa guerra civil que opunha a FRELIMO à Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Este movimento contava com o apoio dos governos da Rodésia e da África do Sul (como resposta ao apoio dado pela FRELIMO quer à guerrilha oposicionista, quer ao movimento do ANC), para além do apoio de antigos colonos portugueses e de algumas camadas da população moçambicana.

Este conflito teve consequências extremamente negativas na vida do país, e nem o acordo de Nkomati, assinado em 1984, e que previa o fim do apoio sul-africano à RENAMO, conseguiu alterar o quadro belicoso que caracterizava Moçambique. A situação só foi ultrapassada com o acordo de paz assinado entre a FRELIMO e a RENAMO a 4 de outubro de 1992, após uma alteração constitucional que previa a abertura da vida política a outras forças que não a FRELIMO.

A 27 e 28 de outubro de 1994 tiveram lugar as primeiras eleições multipartidárias para a legislatura e a presidência da República, cujos resultados deram a vitória à FRELIMO (44,3%) e a Joaquim Chissano (53,3%), líder daquele partido. Por outro lado, a RENAMO, pela voz do seu líder Afonso Dhlakama (que obtiveram, respetivamente, 33,7% e 37,7% dos votos), reconheceu e aceitou a vitória da FRELIMO, ao mesmo tempo que assegurava o empenho em desmobilizar as suas forças militares, compromisso esse assumido, também, pelo governo.

Esta estabilidade política e social veio encorajar o investimento estrangeiro no território, destacando-se a Inglaterra pelas medidas tomadas no que tocava não só à redução drástica da enorme dívida que Moçambique tinha para com aquele país, como também à enorme doação de capital efetuada por aquele país. Estas iniciativas tiveram o condão de fortalecer os laços entre os dois países, levando mesmo a que, em 1995, Moçambique entrasse para a Commonwealth, embora sem alteração, por exemplo, na língua oficial, que continua a ser o português.

Em 1999 Joaquim Chissano foi reeleito presidente, confirmando a maioria de votos para a FRELIMO.

Entre fevereiro e março de 2000, Moçambique sofreu grandes inundações provocadas por chuvas torrenciais que fizeram aumentar os caudais dos rios, principalmente o Limpopo e o Zambeze. Foi a maior inundação na História de Moçambique, tendo provocado um elevado números de vítimas, graves problemas económicos para um país em desenvolvimento (como o arruinar de culturas e armazenamento de bens essenciais à economia do país), além de graves problemas de realojamento e alimentação das populações afetadas. Moçambique recebeu ajuda internacional na tentativa de minorar os efeitos provocados pelo desastre natural.
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Porto Editora – Moçambique na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-03 11:37:27]. Disponível em
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