Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac

O segredo de Tomar

Rui Miguel Pinto

5 min

Namíbia
favoritos

Geografia
País da África Austral. Situada na costa sudoeste de África, a Namíbia possui uma área de 825 418 km2. É banhada pelo oceano Atlântico, a oeste, e faz fronteira com Angola, a norte, a Zâmbia, a nordeste, o Botswana, a leste, e a África do Sul, a sudeste e a sul. As principais cidades são Windhoek, a capital, com 228 500 habitantes (2004), Swakopmund (27 100 hab.), Rundu (31 700 hab.), Rehoboth (37 500 hab.) e Keetmanshoop (21 000 hab.).
A Namíbia divide-se em três áreas, se tivermos em atenção critérios relativos ao clima e ao relevo. Assim, podemos individualizar o deserto costeiro da Namíbia, o planalto central e a região do Kalahari, com clima desértico quente.
Bandeira da Namíbia
As dunas gigantes na orla costeira namibiana constituem um ex-líbris daquele país
Alguns grandes rios atravessam o território da Namíbia, servindo de fronteira com os países vizinhos. É o caso, por exemplo, dos rios Cunene e Orange.
Clima
A maior parte do território apresenta um clima desértico ou semidesértico. A grande secura, o pequeno número de dias com chuva e o elevado número de horas do sol contribuem para a ocorrência de enormes amplitudes térmicas diurnas, que têm tendência para aumentar nas regiões mais afastadas do mar. De pluviosidade irregular, a Namíbia tem nas montanhas Otavi, no norte do planalto central, a região de maior ocorrência de chuvas.
Economia
A indústria mineira é a mais importante atividade da economia, assentando a sua exploração em minérios como o diamante e o óxido de urânio, embora sejam reconhecidas as potencialidades na exploração de ouro, gás natural e petróleo. As diferentes explorações agrícolas encontram na criação de gado o sustentáculo dos seus projetos, já que a indústria que se dedica ao processamento alimentar constitui um bom escoamento de produtos. Aliás, esta indústria é também fundamental para o setor piscatório, que se encontra num estado de franco desenvolvimento. Depois da independência (1990), a Namíbia fechou as suas águas territoriais, limitando o acesso a embarcações de pesca estrangeiras. Os principais parceiros comerciais da Namíbia são a África do Sul, o Reino Unido, o Japão e a Espanha.
Indicador ambiental: o valor das emissões de dióxido de carbono, per capita (toneladas métricas, 1999), é de 0,1.
População
A população era, em 2006, de 1 797 677 habitantes, a que correspondia uma densidade populacional muito baixa, pois a maior parte do país é constituída por um deserto. Estima-se, contudo, que a população ultrapasse os 3 milhões de habitantes em 2025, duplicando a população atual em 2019, se as atuais características demográficas se mantiverem. O valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,627 e o valor do Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) é de 0,922 (2001).
As principais etnias da Namíbia são os Ovambos (51%), os Namas (13%), os Kavangos (10%), os Hereros (8%) e os Bosquímanos (2%). As principais religiões são o luteranismo (51%), o catolicismo (20%), a Igreja Reformada Holandesa (5%) e o anglicanismo (5%). A língua oficial é o inglês.
História
O quadro étnico reflete a história do país, caracterizada, até ao século XIX, pela vigência do reino de Nama-Damara no Sul e Centro da Namíbia, e do reino Herero (onde se integrava o povo Ovambo), estabelecido no Norte do país. Embora os primeiros contactos com europeus remontem aos anos de 1486 e 1488, datas em que Diogo Cão e Bartolomeu Dias abordaram a costa namibiana, só no século XIX a presença europeia se fez notar, quando, em 1870, se tornava iminente a anexação da Namíbia pela Inglaterra, que encarava aquele território como uma potencial extensão da colónia do Cabo. Contudo, e como a Namíbia não representava qualquer valor económico, a Inglaterra deu um passo atrás nas suas pretensões, deixando o caminho livre à Alemanha para anexar aquele território, o que aconteceu no início dos anos 1880 sob o nome África do Sudoeste. Contudo, a Alemanha deparou com uma enorme resistência armada. Foi o reino de Herero o primeiro a abrir as hostilidades, em 1885, forçando os alemães a recuar para a cidade costeira de Walvis Bay. Mas foi entre 1904 e 1907 que se travou a grande guerra de resistência, primeiro através das forças do reino Herero, mais tarde pelas forças do reino Nama. Quando o conflito acabou, aqueles povos nativos tinham perdido, respetivamente, 90% e 67% da sua população. Apenas as áreas de Ovambo e Kavango, que conseguiram manter a região norte do país sob controlo, escaparam à mortandade imposta pelos alemães, quer no campo de batalha, quer através de execuções sumárias e campos de concentração onde os prisioneiros morriam de fome ou de doença.
Em 1914-15, tropas sul-africanas invadiram a África do Sudoeste na sequência da Primeira Guerra Mundial, sendo concedido pela Sociedade das Nações à coroa britânica um mandato sobre aquele país e que seria exercido pela União da África do Sul, que daí deduziu o direito de transformar aquele território na sua quinta província. Pode dividir-se em duas fases a presença sul-africana no território. A primeira decorreu entre a Primeira Guerra Mundial e o ano de 1945, em que a resistência armada andou de braço dado com os boicotes económicos, políticos e comerciais. A segunda delimita-se pelos anos de 1945 e 1989. Nesta fase, para além de um desenvolvimento económico que favoreceu, quase exclusivamente, os colonos (como se constata atualmente pela situação dos namibianos), surgiu, em 1947, o movimento pró-independência da Namíbia. Mas este movimento demorou muito tempo a organizar-se, apesar da criação de duas forças partidárias independentistas (a SWAPO - Organização Popular da África do Sudoeste -, em 1960, e a SWANU - União Nacional da África do Sudoeste -, em 1959). Só com as greves de 1971-72 é que aquelas organizações conseguiram congregar apoios a nível nacional; e de tal modo este facto preocupou a África do Sul que, como resposta, foram imediatamente tomadas medidas repressivas, tais como prisões arbitrárias, julgamentos sumários e tortura. Ainda assim, só a partir da independência de Angola (que apoiou os ideais independentistas namibianos) é que passou a existir uma guerrilha armada devidamente organizada, que afetou duramente a economia colonial. No entanto, o ponto de viragem ocorreu em 1988, quando a tentativa de invasão de Angola pela África do Sul foi aniquilada pelas forças angolanas que, de imediato, organizaram o Exército Popular para a Libertação da Namíbia (PLAN), da SWAPO, conseguindo empurrar as tropas sul-africanas para a fronteira entre a Namíbia e a África do Sul. Consequentemente, a UNTAG (Grupo das Nações Unidas de Assistência à Transição) estabeleceu-se no território para supervisionar as futuras eleições, a nova Constituição e a independência da Namíbia. As eleições, que decorreram em 1989, deram a vitória à SWAPO, embora este partido tenha adotado uma política de reconciliação nacional de modo a assegurar a adoção da nova Constituição de cariz democrático e humanista.
O sucesso do novo ciclo histórico da Namíbia tem-se revelado difícil de atingir, tal a situação catastrófica herdada do tempo colonial. Ainda assim, a paz mantém-se naquele país, permitindo que medidas de política económica sejam tomadas com o objetivo de desenvolver o mais rapidamente possível a Namíbia, ao mesmo tempo que alguma ajuda externa lhe é dada, como ocorreu durante a visita de Nelson Mandela em agosto de 1994, que, para além de confirmar a cedência de Walvis Bay à Namíbia, perdoou a enorme dívida que este país tinha para com a África do Sul. Em dezembro do mesmo ano realizaram-se novas eleições nacionais, sendo Sam Nujoma, líder da SWAPO, reeleito para a presidência da República.
Internacionalmente, a Namíbia faz parte da Commonwealth.
Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – Namíbia na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-21 08:54:48]. Disponível em
Outros artigos
ver+
Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – Namíbia na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-21 08:54:48]. Disponível em

Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac

O segredo de Tomar

Rui Miguel Pinto